『Assim é a vida』

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  Nicole Davis;
 13 de fevereiro, sexta-feira.

A semana vinha correndo de forma rápida, assim como as coisas pareciam enfim estar se restabelecendo ao lugar de onde nunca deveriam ter saído. Talvez fosse coisa da minha cabeça, mas depois do péssimo encontro no último fim de semana, conseguia enxergar uma boa mudança nas ações e atitudes da minha mãe. Ela parecia menos agressiva, mesmo que ainda distante. E depois do que vínhamos enfrentando, acho que posso considerar esse como um grande passo para nossa reconciliação. Era bom poder viva essa esperança que tanto luta para se apagar.

Com Ayla saindo junto dos Valentim logo pela manhã, cuidei de fazer a minha refeição do meio do dia e também me direcionei para a saída do apartamento. Sendo início de fim de semana, a lanchonete onde eu trabalhava precisaria de mim perto das dezoito horas. Havia combinado de chegar um pouco mais cedo hoje, pois fui clara ao dizer que precisava conversar com o dono. Estava saindo, era o meu último fim de semana fazendo entregas até altas horas da noite. Não gostava de perder, tão pouco de estar errada, mas o fato é que dona Alicia não mentiu ao dizer que era desperdício de tempo manter engavetado um currículo tão bom. E mesmo que ainda não me sentisse pronta para sentar em uma mesa de escritório, também não queria me desgastar tanto nos dias das melhores curtições. Tinha tudo o que era necessário, minha poupança fornecida durante quase toda a minha infância me permitia isso. Podia só aproveitar os bons momentos sem muita preocupação com os dias ruins.

— Cara, você deve viver seguindo os meus passos. Está sempre no meu encalço, inferno. – me recuperando do susto levado ao ter o idiota do meu melhor amigo surgindo em minhas costas quando destravava o carro de Ayla, disse firme tentando ignorar o divertido sorriso que nascia no canto dos seus lábios. – O que você quer, Leon? Não devia estar enfornado dentro de um quarto com a atenção presa no computador uma hora dessas?

— Engole o drama, Davis. Sabe que desde que chegou eu ando bem mais social. Os Valentim são uma prova irrefutável disso, foram eles que me falaram sobre você estar sozinha durante a tarde. – não era uma surpresa, era bem a cara deles se meterem em assuntos que não lhe diziam respeito. Não atoa eram grandes amigos da minha namorada. Responsabilidade com coisas grandes? Duvidava que soubesse o que é isso.

— Ainda não me respondeu, o que quer aqui? – deixando as chaves na ignição, o encarando de frente cruzei os braços e me encostei na lataria. Não era algo que a marrenta gostava muito, mas ela não estava aqui agora.

— É assim que recebe o seu melhor amigo? Quanta ingratidão com quem pularia de uma ponte por você. – levando a mão até o peito, fingiu algum tipo de dor e engoliu em seco como se estivesse segurando o choro. Foi inevitável não sorrir da situação.

— Quem estava fazendo drama, mesmo? – causando a virada de jogo, sorri ainda mais ao receber um sutil tapa no alto da cabeça. Então, negando mais essa sua atitude, abri a porta e me joguei dentro do carro. Estava na hora de ir, e não estranhei quando o filho da mãe correu para cair no banco do carona. – Estou ouvindo, Leon.

— Que tal uma tarde só nossa, nos conhecendo um pouco mais, desvendando mistérios que saberíamos se estivéssemos juntos desde a infância? – ainda não havia virado a chave, esperava por mais vindo da sua parte. – Somos amigos há quanto tempo mesmo? Anos?

— Não faço idéia, a internet nunca foi tão confiável. E a prova pra isso foi ter te conhecido. – tirando uma com a cara dele, o vi apenas negar enquanto colocava o cinto – E aonde vamos?

— Não sou eu quem está dirigindo, mas já que perguntou. O que acha de algumas horas no clube aquático? – o fuzilando com o olhar, não disse nada a respeito da afronta feita. Em silêncio, virei a chave e dei partida para deixarmos o prédio.

𝗠𝗶𝗻𝗵𝗮 𝗜𝗿𝗺𝗮̃ 𝗠𝗮𝗶𝘀 𝗩𝗲𝗹𝗵𝗮 - 𝒻𝒾𝓁𝒽𝒶 𝒹𝒶 𝓂𝒾𝓃𝒽𝒶 𝓂𝒶̃𝑒Onde histórias criam vida. Descubra agora