『Então, Ayla...』

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  Ayla Rivera;
  7 de janeiro, quarta-feira.

As horas pareciam correr de forma rápida, quando finalmente senti a claridade solar contra os meus olhos já passavam do meio dia. Era quase um milagre não ter sido desperta por um dos caprichos da mamãe, mas hoje era o meu dia, ela me daria esse desconto até o badalar da meia noite no relógio, estava certa disso.

Mesmo tendo para mim que poderia passar todo o meu dia dentro daquelas quatro paredes, havia chegado a conclusão de que queria aproveitar o dia na companhia de mais pessoas, me divertindo como em todas as vezes passadas. Não estava cogitando a ideia de me limitar apenas ao meu próprio espaço, queria mais, queria a atenção de alguém. E dentre tantos quereres, não demorou para que um fosse atendido de forma inusitada.

Quando a vi adentrar o meu ambiente particular, estava quase pronta, faltava pouco para enfim estar cruzando aquela porta em busca de ar fresco. Mas o que foi encontrado dentro do amplo espaço que podia ser chamado de meu me trouxe um agrado diferente, o qual não poderia ser possível do lado de fora.

Entre tantas trocas de beijos e carícias durante um longo momento de prazer, passei a desejar que nossas mães saíssem mais vezes. Fazia um tempo que buscávamos por liberdade, estávamos mesmo precisando daquelas aventuras profundas.

Sentir cada um dos seus toques estava se tornando algo mais do que essencial, tê-la por perto daquela maneira já havia se tornado quase uma necessidade. Ter que nos manter em uma tentativa de relação sempre nos escondendo para que nada chegue aos ouvidos de nossas mães já estava se tornando cansativo, mas se fosse para manter o reinado da paz com a qual todos estávamos acostumados, ainda havia um motivo para fazer tudo valer a pena.

O temor da descoberta era existente e iminente, nos mantinhamos sempre cientes de que em algum momento tudo viria as claras. Quando menos estamos esperando, é onde tudo quase sempre se revela. Sabíamos disso, acreditávamos nisso. E diante tantas consequências, a que mais nos causa medo é a não aceitação do que tentamos firmar e levar adiante.

Com base nos conselhos que recebemos, esperamos e torcemos para que tudo seja o mais tranquilo possível, mas em momento algum deixamos de pensar no pior. Sabemos de como a reação exposta pode nos machucar, entendemos que tudo pode causar mudanças irreparáveis. Mas independente de tudo, prometemos estar unidas até o final. Frente ao vendável, seríamos implacáveis em nossa própria decisão. Ao menos havia sido isso o combinado em vários instantes de assuntos aleatórios ao longo dos dias desde que abandonamos a infantilidade para agirmos como duas pessoas adultas. Havíamos firmado algo, prometido algo em silêncio para nós mesmas.

O sentimento recíproco e verdadeiro era o que alimentava ainda mais a coragem que insistia em tentar abandonar o barco.

— Onde você vai? – a vendo se levantar de maneira calma e paciente, questionei me acomodando sem a sua presença. Havia perdido parte do meu conforto.

— Já viu as horas? – me jogando o seu celular, indagou com um pequeno sorriso no canto dos lábios – Elas já devem estar chegando, e nós estamos nessa "bagunça" a mais horas do que quero relatar. Preciso de um banho antes de as encarar mais uma vez no dia – me fazendo rir da expressão usada para se referir ao esticado momento de prazer, lembrou o principal ao se perder dentro do banheiro.

Ainda negando o que havia ouvido, me virei para poder encarar o teto enquanto esperava por sua volta. Estava pensando, tentando entender como podia ser possível gostar tanto de alguém assim. Afinal, tecnicamente a gente mal se conhecia, e ainda tinha o pequeno inconveniente dela ser a filha da mamãe, minha irmã mesmo que não fosse pelo sangue. Era mesmo tudo uma confusão, mas no coração não havia como mandar, era impossível trazer novos ares para o órgão que sentia tudo. Havia sido ela a escolha feita. Nicole Davis Rivera, uma grande dor de cabeça, mas também alguém cativante capaz de trazer redenção aos meus caprichos. Era mesmo ela, tinha que ser.

𝗠𝗶𝗻𝗵𝗮 𝗜𝗿𝗺𝗮̃ 𝗠𝗮𝗶𝘀 𝗩𝗲𝗹𝗵𝗮 - 𝒻𝒾𝓁𝒽𝒶 𝒹𝒶 𝓂𝒾𝓃𝒽𝒶 𝓂𝒶̃𝑒Onde histórias criam vida. Descubra agora