『Seu semelhante』

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Ayla Rivera,
20 de março, sexta-feira.

Com a chegada do fim de semana, tudo no que eu podia pensar era na semente do mal plantada há poucos dias atrás. Pois mesmo estando certa de que essa uma ação aprovada pelas pessoas que mais no mundo, ainda desejava do fundo do meu coração ver até onde tudo poderia ir.

A caminhada oferecida a Nicole era apenas uma busca por oportunidade, queria apenas poder tirá-la daquele quarto por alguns poucos minutos. Ela não diria, mas sua feição deixava clara a sua insatisfação por passar todo o seu tempo entre aquelas quatro paredes. Apesar de ser aquilo que mais desejava para si, ela não estava disposta a ir contra os dizeres do médico que cuidava de sua recuperação, assim como também jamais iria passar por cima das palavras de mamãe. Para sua sorte ou para o seu azar, agindo como o demônio em seu ombro esquerdo, eu estava aqui.

Diálogo em momentos fora do comum nunca foram o meu forte, mas sendo ela do outro lado da mesa, me esforçar era o mínimo o que podia ser feito. Leves brincadeiras não demoraram para se estabelecer, começando sempre por uma breve crítica, nunca sendo nada mais do que deveria ser. No fim, como em todas as vezes em que estávamos juntas, o clima era sempre o mais leve possível. Estávamos bem, voltando a nossa rotina aos poucos. Mas suas estranhas decisões ainda me causava enorme dor de cabeça, isso jamais mudaria.

- Ainda não acredito que me deixei convencer diante uma ideia tão idiota - nunca deixando de reclamar, seguia os seus passos enquanto buscava pelo número de dona Alícia para formalizar o que Nicole chamava de visita rápida. Tal afazer não me trazia boas sensações, e acreditava não ser diferente com ela.

- Não é idiota Ayla, apenas incomum - deixando se formar um meio sorriso no canto dos seus lábios, disse simples, fazendo parecer que era aquilo mesmo. Porém, era Régis Alone naquele quarto, o homem responsável por nos colocar nesse hospital. Não dava para manter boas caras diante o acontecimento.

- Pode dizer o que quiser, pra mim é sim uma ideia mais do que apenas idiota. Você não deve estar pensando, pode ser isso - virando a esquina no corredor, ignorei sua forte respiração e deixei de tentar acionar a delegada quando a vi caminhando em nossa direção. Ela parecia ter acabado de deixar o quarto daquele cara, e ao tê-la tao perto, apenas cai dentro do seu abraço - Será que a sra consegue convencer a mamãe a nos deixar sair por algumas horas? - diante sua sobrancelha erguida, cruzei os braços tomando uma pequena distância - Ela não quer mais me ouvir, disse que sou insistente demais.

- Se ela chegou a esse ponto, motivos devem existir, e não sou eu quem vou colocar ideias na mente dela - para o meu desagrado e zero surpresa, sorriu bagunçando meus fios - Gosto de dormir ao lado dela, o sofá me parece um pouco desconfortável - diante tal dizer, foi inevitável não sorrir abertamente para ela. Acabou sendo algo muito engraçado, mas isso não significava que não pudesse se tornar realidade se houvesse o desafio. Ela não era idiota de duvidar, conhecia a esposa melhor do que qualquer outra pessoa no mundo.

- Eu sei mãe, só estou brincando. Não cheguei a insistir muito no assunto, ela foi firme e sábia ao me cortar antes que alguma chance pudesse se estabelecer - apresentando a realidade sobre o falho pedido, a vi negar sem deixar de nos observar de cima a baixo. Não estava satisfeita, pude notar isso em seu olhar. Afinal, da mesma forma que conhecia a esposa, também conhecia ambas as filhas. Principalmente a mim.

- Tudo bem, mas o que vocês querem? Não estão aqui apenas por causa de uma leve caminhada - seu olhar logo se fixou sobre Nicole - Algo que você sequer deveria estar fazendo - Nic nada lhe disse, apenas sorriu amarelo e abaixou a cabeça. Não teria coragem de fazer o pedido que tanto desejava, estava claro que sobraria pra mim - A mãe de vocês sabe que estão cortando o hospital como simples visitantes chatos e inoportunos, ou preciso dizer isso a ela?

𝗠𝗶𝗻𝗵𝗮 𝗜𝗿𝗺𝗮̃ 𝗠𝗮𝗶𝘀 𝗩𝗲𝗹𝗵𝗮 - 𝒻𝒾𝓁𝒽𝒶 𝒹𝒶 𝓂𝒾𝓃𝒽𝒶 𝓂𝒶̃𝑒Onde histórias criam vida. Descubra agora