『Mudança de planos』

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   » Nicole Davis;
   - 23 de dezembro, terça-feira.

Ao abrir os olhos naquela manhã, me xinguei internamente por ter esquecido de fechar as cortinas quando cheguei na noite passada. Os raios solares faltavam pouco me cegar devido a sensibilidade que sentia em minhas órbitas oculares. 

Havia dormido muito bem, meu corpo parecia tão descansada quanto nunca esteve antes. Era bom estar de volta, ser abrigada por elas outra vez em minha vida. Sentia muita falta dos momentos divididos com as duas, e o ocorrido com Ayla não deveria ser o suficiente para destruir essa expectativa. Ao menos não enquanto tudo se mantiver na escuridão do esquecimento.

Não sabia o que esperar do clima durante as refeições, mas entendia o quanto mamãe as prezava como um importante momento em família. Por isso, tendo assuntos a serem resolvidos pelo restante do dia, achei que abandonar a cama para as acompanhar no café da manhã não era uma ideia ruim. Na verdade, ainda não havia pensado em nada tão simples em sua importância até o momento. Era interessante vagar com tamanha liberdade pelos meus próprios pensamentos sem precisar me preocupar com os resultados das minhas ações atuais.

Com o celular em mãos e de banho tomado, neguei com um leve sorriso o meu reflexo frente ao espelho que não estava ali quando havia partido, e deixei o quarto com a mensagem já enviada para Leon. Faria dele o meu motorista particular enquanto não fosse possível me organizar para recuperar ao menos metade do que foi deixado para trás quando abandonei a vida na Inglaterra. Precisa dos meus automóveis de volta, mas o tio Marcelo foi claro ao explicar que isso podia demorar mais do que o esperado devido a enorme burocracia. Então não havia nada que eu pudesse fazer, a não ser esperar a situação ser resolvida dentro do seu tempo.

— Bom dia – me fazendo presente ao avistá-las em uma diálogo responsável por fazê-las esboçar divertidos sorrisos, expus a saudação.

— Bom dia filha, não pensei que fosse acordar tão cedo – diante o comentário de mamãe, de modo remoto o meu olhar caiu sobre o relógio que cobria o meu pulso para encarar a marcação de apenas seis e meia da manhã.

Para elas, era muito comum estarem sempre de pé naquele horário, afinal, a profissão de cada uma exigia isso. As vezes, mamãe nem mesmo dormia em casa. Eram as desvantagens de se arriscar na área da medicina, as intensas e cansativas noites de plantões. Enquanto do outro lado, a dra Rivera se mantinha presa aos seus horários sem se perder do cargo que exercicia dentro da polícia federal. Eram mesmo mulheres para se espelhar.

— Queria ter esse momento com vocês – a verdade fluía com facilidade, não era necessário buscar por desculpas quando existia o apoio delas. Mas considerando a simplicidade do assunto, não havia motivos para buscar uma resposta alternativa, e quando isso se fizesse, teria de agir como muita tranquilidade para não ser pega pela delegada posicionada a minha frente. Em momento algum ela deixava de me analisar, então sorriu em negação ao me passar a pasta de amendoim – O que houve? – me sentindo completamente perdida em tais ocorrências, a questão escapou por entre os meus lábios sem o meu consentimento. A curiosidade presente falou mais alto do que a lógica, não havia mais como engolir as palavras.

— Nada com o que se preocupar, estava apenas me lembrando de uma coisa – sem permitir que o sorriso desaparecesse, ela disse virando o restante do suco que preenchia o seu copo. Havia encerrado o seu café – Mas ainda sim é uma surpresa lhe ter aqui a essa hora da manhã, afinal, a noite foi longa. Imaginamos que fosse querer um descanso mais longo.

— Eu tenho sorte de me recuperar rápido, mãe – retribuindo o seu sorriso, comentei a minha verdade. Mas não iria me aprofundar no assunto, pois havia certas coisas sobre mim que se encontrava dentro dos saberes de nenhuma delas, e gostaria muito que continuasse assim – Mas o motivo mais profundo, é que não estarei para o almoço. Então achei que deveria aproveitar este momento.

𝗠𝗶𝗻𝗵𝗮 𝗜𝗿𝗺𝗮̃ 𝗠𝗮𝗶𝘀 𝗩𝗲𝗹𝗵𝗮 - 𝒻𝒾𝓁𝒽𝒶 𝒹𝒶 𝓂𝒾𝓃𝒽𝒶 𝓂𝒶̃𝑒Onde histórias criam vida. Descubra agora