『Mas que merda』

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  » Ayla Rivera;

Com as dezoito horas estando tão próximas de bater no relógio, observei o resultado obtido em toda uma preparação frente ao espelho. Estava satisfeita, havia chegado a uma performance que me agradava bastante. Faltava apenas sair de casa e aproveitar a noite da melhor forma possível.

Não havia sido nada fácil convencer dona Alícia a me ajudar a convencer mamãe de que não era um risco me deixar curtir esse momento com meus amigos, mas no fim pude obter essa vitória. Expondo todas as vezes que demonstrei ser responsável e conhecedora das consequências dos meus atos, tudo ficou um mais simples. Mamãe não havia como me contradizer, então respirou fundo antes de finalmente me ceder o tão esperado sim.

Tendo em minha posse aquilo que sempre me acompanhava durante as minhas saídas, me certifiquei de que estava com tudo em ordem e desci as escadas já me encaminhando para o lado de fora, onde Alisson e Felipe deveriam estar a minha espera, uma vez que ambos eram pontuais até demais para o meu gosto. No entanto, antes que pudesse levar a mão até a maçaneta, senti meu corpo gelar com o seu inesperado chamado.

— Avisou a mamãe que iria sair perto do horário do jantar? – as vezes eu achava que os percursos da minha vida eram repletos de pegadinhas, sempre fazendo de tudo para me testar. E mesmo sabendo que isso não poderia ser evitado na mesa de jantar, passei todo o dia tentando evitar um encontro entre a gente. Mas ao que parece, as cartas não eram minhas, então respirei fundo e me virei para encará-la.

— Quer me matar? Avisa antes, merda! – em reação ao susto que levei, as palavras agiram como se possuíssem vida própria. Achei que estava sozinha em casa, pois pensei ter ouvido alguém sair há poucos minutos. Porém, devo estar ouvindo coisas, desejando mais do que imaginei a nossa distância.

— Não vou me desculpar por você estar parecendo sair escondida, muito menos por estar com alguma dívida – levando ambas as mãos aos bolsos de sua calça, disse sem importar com o peso das suas palavras. Aquilo era o cúmulo.

— Você é uma idiota – diante as minhas palavras, ela se limitou a dar de ombros. Estava deixando evidente toda a sua arrogância, algo que não estava me agradando em nada. Como fui gostar de uma pessoa assim? Era mesmo tudo culpa das circunstâncias – Dentro dessa casa, nada acontece sem o saber de pelo menos uma das duas. Nem se eu realmente quisesse, conseguiria sair sem correr o risco de ser arrastada de volta pra casa de onde eu possa estar. Então sim, elas sabem que estou saindo a essa hora – com tais dizeres, neguei a minha própria postura e abri a porta – Nem sei porque estou te dizendo isso, não te devo satisfação alguma da minha vida – sem me importar se ela teria mais alguma coisa para me dizer, simplesmente fechei a porta ao direcionar os meus passos até a minha dupla preferida. Eles pareciam cansados de esperar.

— Não tínhamos marcado um horário? – Alisson parecia estar mesmo em dúvida, e eu a entendia bem.

— Como se não bastasse ter que me explicar para as minhas mães, parece que agora preciso me reportar a Nicole também – frustrada com o ocorrido, disse me jogando sobre o banco do carro como se não houvesse um amanhã. E dependendo das ocorrências futuras, seria esse o meu pedido escondido do mundo.

— Talvez ela estivesse preocupada de alguma forma, afinal, é a irmã mais velha – não podia negar que existia alguma verdade em sua frase, mas ter aquela atenção sobre mim, era tudo o que eu não precisava.

Irmã mais velha. Esse termo ainda me parecia uma grande e notória piada, sem nenhuma graça, um teatro muito bem elaborado como uma forma de teste, nada que fosse realmente real. Era muita imposição para uma verdade de tamanha força, não conseguia engolir o resultado da forma que era obrigada.

𝗠𝗶𝗻𝗵𝗮 𝗜𝗿𝗺𝗮̃ 𝗠𝗮𝗶𝘀 𝗩𝗲𝗹𝗵𝗮 - 𝒻𝒾𝓁𝒽𝒶 𝒹𝒶 𝓂𝒾𝓃𝒽𝒶 𝓂𝒶̃𝑒Onde histórias criam vida. Descubra agora