𝗠𝗶𝗻𝗵𝗮 𝗜𝗿𝗺𝗮̃ 𝗠𝗮𝗶𝘀 𝗩𝗲𝗹𝗵𝗮 - 𝒻𝒾𝓁𝒽𝒶 𝒹𝒶 𝓂𝒾𝓃𝒽𝒶 𝓂𝒶̃𝑒

『Você não é sonâmbula』

Nicole Davis;
24 de fevereiro, terça-feira.

O novo dia marcado pela data no calendário passava de forma rápida e consciente. Mal havia desperto para o início de mais uma manhã, e já via o relógio marcar quase dezesseis horas das vinte quatro disponíveis. A tranquilidade depositada sobre toda a sequência do dia fez parecer que o tempo havia passado feito vento. Só fui perceber como havia me desligado do passar de horário quando os irmãos Valentin se despediram para finalmente provar que estavam mesmo estudando.

Para evitar problemas como aqueles vividos em minha casa na semana passada, todos concordamos quando anunciei o almoço no restaurante, dessa vez por conta do Leon. Não que ele tenha gostado muito, mas não tinha nada que pudesse ser feito por sua parte, ele estava me devendo e não podia dizer não para o meu ultimato. Tudo bem que era esse o seu maior desejo, mas não iria aliviar nada dessa vez. Meu bolso precisava de descanso, assim como a sua dívida precisava ser paga.

A refeição havia sido muito agradável, todos fazendo parecer que eram pessoas civilizadas diante tantos olhares desconhecidos. Mas o bom da convivência que dividiamos, era o saber da podridão que acompanhava cada um, principalmente o meu melhor amigo. Seus segredos eram muitos, alguns que sequer deveriam ter sido entregues a mim, mas o álcool havia lhe passado uma grande rasteira e depositado tudo sobre as minhas mãos, estava sempre um passo à sua frente por essa questão. Porém, duvido que exista algum momento capaz de me fazer usar qualquer coisa do tipo contra ele. Afinal, tinha nele aquilo que se chama mesmo de melhor amigo, não podia cometer um vacilo tão grande assim. O babaca era como um irmão pra mim.

- Quer que que eu te deixe em casa Órtegas? - aceitando a sua despedida pouco depois da saída dos irmãos Valentin, ofereci devido ao fato de o mesmo ter se juntado a nós sem a presença de seu carro. Um táxi havia sido o seu meio de locomoção durante todo o dia até nos encontrarmos no restaurante, quando o banco de trás do nosso veículo recebeu a sua presença.

- Depois de me fazer pagar toda aquela conta sozinho, é o mínimo que pode fazer por mim Davis - fingindo estar ressentido com o acontecimento, disse ao levar seu celular ao bolso quando se pôs de pé. Sorri com sua ação.

- Devia reclamar com o seu ficante - fazendo menção a Felipe, o vi revirar os olhos e me dar as costas para começar a andar em direção a saída. Estávamos na sorverteria de todas as vezes passadas, um lugar que era do agrado de todos, onde independente da situação, o clima se tornava sempre leve.

- Não fica pegando no pé dele assim, vai fazer o casal demorar para se assumir ao público - deixando claro a que público se referia, saiu em uma falsa defesa para meu amigo. Ele então respirou fundo e negou tudo o que ouvia com os braços cruzados e uma leve pressão em sua testa. Devia estar se perguntando o que fez para nos merecer, mas duvidava ser capaz de encontrar alguma resposta pra isso.

- Juro ter pensado que você era diferente pequena Rivera - fazendo pouco de mim, comentou ao abrir a porta para que Ayla pudesse adentrar o veículo.

Ele havia mesmo gostado muito dela, o que me fazia questionar como não se aproximaram antes. Principalmente por saber que estavam quase sempre nos mesmo lugares devido ao leve interesse que Leon escondia sentir por Felipe, algo que deve se "revelar" em breve, pois duas pessoas não desaparecem como nuvem no céu do nada. Eu não acredito nisso, as meninas não acreditavam nisso.

- Não me entenda mal, Leon. Só acho que deviam para com tanta graça e assumir logo o que andam tendo às escondidas, pois vocês não sabem disfarçar muito bem - sendo sincera até demais, tirou do Órtegas um longo suspiro. Ele estava pensando - Se serve de apoio, eu super shippo vocês dois - se pendurando no banco para conseguir algum contato visual com Leon, sorriu divertida durante todo o seu dizer. Ele então sorriu tímido pra ela, algo que me aqueceu o peito.