Alícia Rivera;
17 de fevereiro, terça-feira.Desde o amanhecer até o momento das horas que eram marcadas pelo relógio, meu dia se seguia de maneira arrastada. Nada estava realmente bom, nada conseguia me tirar a estranha sensação de que alguma coisa ruim estava para acontecer.
Quando deixei minha casa pela manhã, havia tentado a todo custo me livrar dos intensos pensamentos que me atrapalhavam durante o trabalho, mas infelizmente não havia sido possível, não conseguia deixar de pensar, de tentar descobrir o que tudo podia significar. Afinal, uma forte sensação dessas sempre vem acompanhada de saberes ainda mais fortes. No entanto, meus esforços estavam sendo em vão até o atual momento vivido. Estava perto do meu limite e, minhas horas longe de chegarem ao seu fim. Havia pego o primeiro plantão da semana, mas não estava em condições de o cumprir sempre na delegacia. Se precisassem de mim, teriam de me localizar primeiro, ou se fosse mais simples, deveriam correr para o segundo no comando em minha ausência.
Tudo podia ser esperado, mas pouco conseguia fazer sentido em minha mente. Talvez não fosse um assunto que de fato buscasse por preocupação, talvez aquilo estivesse acontecendo apenas para me deixar mais alerta, apenas isso. Não devia ser nada, mas supondo que realmente fosse assim, como era capaz de me causar tamanha dor de cabeça durante todo o correr do dia?
Por mais que estivesse tentando, não conseguia uma resposta para a minha própria questão, e isso me perturbava. Mas minha atenção logo foi focada em um ponto específico quando senti meus passos serem cessados ao ter a nítida observação de Ayla se divertindo junto dos amigos ao longe dentro da sorveteria. Então respirei fundo com o peso que tudo aplicava sobre os meus ombros.
Queria poder me aproximar, participar da diversão exposta para todos os presentes, mas não podia fazer, não conseguia o fazer. Minhas mãos estavam atadas, da mesma forma em que a redenção diante dos últimos ocorridos encaminhada. Muito havia mudado desde o dia em que deixaram a residência da família, e mais de uma vez me vi sozinha, presa com os meus próprio pensamentos dentro do escritório que pouco conseguia me encher de trabalho desde então, estava sempre voltando a cada palavra que pesava mais do que deveria dentro de determinadas frases.
Não perdendo nenhum movimento seu ao lado dos irmãos Valentin, não percebi o sorriso se apossar do meu rosto quando Nicole chegou para se juntar ao grupo acompanhado do garoto Órtegas. A interação entre elas era diferenciada, me fazia lembrar vagamente de quando éramos Mellissa e eu naquela posição. Seu pai não estava muito de acordo, e nós não sabíamos como disfarçar a relação que tínhamos. Era tudo muito igual ao que enxergo hoje, e isso me faz questionar a mim mesma como não consegui perceber nada disso antes. Pior do que a reação que esbocei ao saber de tudo, era ter o "filme" escancarado em minha frente e não conseguir decifrar o seu final. Era mesmo o cúmulo dos cúmulos, além de ser também uma ofensa ao meu lado investigador e extremamente observador. Mas não havia como ter notado nada, afinal, tudo o que se passava para mim era apenas a relação entre irmãs fluindo cada vez mais ao longo dos dias que iam se encerrando. Havia sido inocente, e ainda impus culpa sobre ombros que não precisavam lidar com tal carga. Havia optado pelo caminho, e hoje consigo enxergar isso toda vez que as tenho como visão.
Não tinha mais nada que fizesse a minha postura se opor ao sentimento que nutriam entre si, e no momento em que finalmente consegui aceitar este ponto, havia tomado a decisão de as procurar para deixar as novas cartas estendidas sobre a mesa. Estava perto de me redimir e pedir mil desculpas pelo modo como acabei regredindo para adolescência, mas tudo se esvaiu por água abaixo quando encontramos o corpo do Deniel.
Na mesa daquele restaurante, havia sentido meu peito se apertar quando tive minha visão ocupada pelos seus corpos enquanto recebia as poucas informações que tiveram sobre todo o lamentável ocorrido. Por breves segundos me pus em seu lugar e fui obrigada a engolir em seco, aquilo não devia estar acontecendo, tão pouco deveria ser mesmo uma grande verdade. Mas infelizmente a concretização era tão forte quanto a minha vontade de desaparecer naquele mesmo momento. Por falsos ideais um bom amigo havia partido para não mais retornar, e isso doía, da mesma forma que clareava ainda mais a minha mente para me resolver com as minhas garotas. Porém, uma rígida mudança se fez presente no momento em que tivemos o sucesso de encontrar o seu corpo já sem vida.
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𝗠𝗶𝗻𝗵𝗮 𝗜𝗿𝗺𝗮̃ 𝗠𝗮𝗶𝘀 𝗩𝗲𝗹𝗵𝗮 - 𝒻𝒾𝓁𝒽𝒶 𝒹𝒶 𝓂𝒾𝓃𝒽𝒶 𝓂𝒶̃𝑒
Aléatoire🔞 𝐀𝐲𝐥𝐚 𝐯𝐢𝐯𝐢𝐚 𝐮𝐦𝐚 𝐯𝐢𝐝𝐚 𝐭𝐫𝐚𝐧𝐪𝐮𝐢𝐥𝐚 𝐞 𝐜𝐨𝐦 𝐚 𝐧𝐨𝐫𝐦𝐚𝐥𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞 𝐝𝐞 𝐬𝐞𝐦𝐩𝐫𝐞. 𝐌𝐚𝐬 𝐭𝐮𝐝𝐨 𝐜𝐨𝐦𝐞𝐜̧𝐚 𝐚 𝐬𝐨𝐟𝐫𝐞𝐫 𝐮𝐦𝐚 𝐢𝐧𝐞𝐬𝐩𝐞𝐫𝐚𝐝𝐚 𝐫𝐞𝐯𝐢𝐫𝐚𝐯𝐨𝐥𝐭𝐚 𝐪𝐮𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐚 𝐟𝐢𝐥𝐡𝐚 𝐦𝐚𝐢𝐬 𝐯�...