61. Um Garoto com Problemas

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Música recomendada: The Perfect Girl, Mareux

3 de Janeiro, 1990

Lá está a garota, de frente à sua escola. Um lugar que já conta os dias para sair.

Menos um dia. É assim que ela tenta interpretar as coisas.

O prédio está vazio e ela deve ser a primeira aluna a chegar tão cedo. As ruas ainda estão escuras, agora que o sol está começando a aparecer e tudo indica que aquele dia será curto.

Há neve para todo lado e ela já se convence de que aquele inverno será mais frio que os anos anteriores.

Em apenas alguns passos antes de entrar na escola, ela se distrai com o barulho de carro atrás de si. Ela se vira em curiosidade é reconhece quem está lá dentro.

O automóvel preto carrega Erik e outra pessoa, que ela não identifica.

Ela para por alguns instantes para esperar o amigo, mas o rapaz sai do carro junto de outro homem.

Um homem alto que está coberto de roupas pretas de couro, um estilo parecido com o de Per Yngve. Mas a semelhança com Ohlin para por aí.

O homem que acompanha Erik tem feições grosseiras, seus olhos são julgadores por baixo de uma cabeleira escura e bagunçada.

É impossível imaginá-lo sorrindo.

E daí Lúthien o reconhece do dia da Queda do Muro de Berlim.

Um homem que, de acordo com Erik, é um calouro da faculdade. Mas o rosto tão rústico e olhos frios aparentam que é um homem bem mais velho.

A garota se aproxima rapidamente de Erik, que ainda conversa com o homem.

— Bom dia, Erik. Vamos entrar, preciso te contar algo. — ela diz, puxando o amigo para longe do homem.

— Lúthien, que susto! — ele sorri sem graça enquanto tenta recuar dos puxões da amiga — O que tá fazendo?

Enquanto a cena ocorre, o homem fuzila Lúthien com o olhar que parece cruel.

— É aquele cara do bar alemão, não é? — ela cochicha. — Afaste-se dele.

Erik revira os olhos e já ia protestar pela ousadia da garota, mas é interrompido pela voz grave do homem:

— Algum problema, Erik? — ele se aproxima.

Sim, você! Ela pensa em dizer, reconhecendo que se assustou com aquela voz tão grosseira e grave.

— Nenhum... e-essa é a minha amiga, Lúthien. E esse aqui é um colega de faculdade, Kristoffer.

A garota olha para o homem e percebe o rosto tão ossudo e sério que não permite imaginações positivas.

— Lúthien? Como em O Senhor dos Anéis? — ele reconhece o nome da personagem.

— Kristoffer? Como na Bíblia? — Lúthien escolhe ser sarcástica em sua resposta, e continua puxando Erik, que se vê obrigado a despedir-se.

O homem se despede, ainda desconfiado e incomodado com a presença de Lúthien.

— Que falta de educação! — Erik reclama, mas não é respondido.

— O que faz com aquele homem? Ele não parece confiável.

O rapaz revira os olhos pequenos.

— Ele é calouro da faculdade, meu vizinho e me deu uma carona. — diz simplesmente e Lúthien resolve esquecer o assunto.

O Violinista no JardimOnde histórias criam vida. Descubra agora