Música recomendada: The Perfect Girl, Mareux
3 de Janeiro, 1990
Lá está a garota, de frente à sua escola. Um lugar que já conta os dias para sair.
Menos um dia. É assim que ela tenta interpretar as coisas.
O prédio está vazio e ela deve ser a primeira aluna a chegar tão cedo. As ruas ainda estão escuras, agora que o sol está começando a aparecer e tudo indica que aquele dia será curto.
Há neve para todo lado e ela já se convence de que aquele inverno será mais frio que os anos anteriores.
Em apenas alguns passos antes de entrar na escola, ela se distrai com o barulho de carro atrás de si. Ela se vira em curiosidade é reconhece quem está lá dentro.
O automóvel preto carrega Erik e outra pessoa, que ela não identifica.
Ela para por alguns instantes para esperar o amigo, mas o rapaz sai do carro junto de outro homem.
Um homem alto que está coberto de roupas pretas de couro, um estilo parecido com o de Per Yngve. Mas a semelhança com Ohlin para por aí.
O homem que acompanha Erik tem feições grosseiras, seus olhos são julgadores por baixo de uma cabeleira escura e bagunçada.
É impossível imaginá-lo sorrindo.
E daí Lúthien o reconhece do dia da Queda do Muro de Berlim.
Um homem que, de acordo com Erik, é um calouro da faculdade. Mas o rosto tão rústico e olhos frios aparentam que é um homem bem mais velho.
A garota se aproxima rapidamente de Erik, que ainda conversa com o homem.
— Bom dia, Erik. Vamos entrar, preciso te contar algo. — ela diz, puxando o amigo para longe do homem.
— Lúthien, que susto! — ele sorri sem graça enquanto tenta recuar dos puxões da amiga — O que tá fazendo?
Enquanto a cena ocorre, o homem fuzila Lúthien com o olhar que parece cruel.
— É aquele cara do bar alemão, não é? — ela cochicha. — Afaste-se dele.
Erik revira os olhos e já ia protestar pela ousadia da garota, mas é interrompido pela voz grave do homem:
— Algum problema, Erik? — ele se aproxima.
Sim, você! Ela pensa em dizer, reconhecendo que se assustou com aquela voz tão grosseira e grave.
— Nenhum... e-essa é a minha amiga, Lúthien. E esse aqui é um colega de faculdade, Kristoffer.
A garota olha para o homem e percebe o rosto tão ossudo e sério que não permite imaginações positivas.
— Lúthien? Como em O Senhor dos Anéis? — ele reconhece o nome da personagem.
— Kristoffer? Como na Bíblia? — Lúthien escolhe ser sarcástica em sua resposta, e continua puxando Erik, que se vê obrigado a despedir-se.
O homem se despede, ainda desconfiado e incomodado com a presença de Lúthien.
— Que falta de educação! — Erik reclama, mas não é respondido.
— O que faz com aquele homem? Ele não parece confiável.
O rapaz revira os olhos pequenos.
— Ele é calouro da faculdade, meu vizinho e me deu uma carona. — diz simplesmente e Lúthien resolve esquecer o assunto.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Violinista no Jardim
Любовные романы"É preciso ter caos dentro de si para dar à luz uma estrela dançante." Nietzsche. Per Yngve Ohlin tem alguns fascínios. Desde que foi considerado morto por 5 minutos e voltou à vida, ele é obcecado pela morte e todo aquele cenário gótico. Imerso na...