13. Desculpas?

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Música recomendada: Always Somewhere, Scorpions

Mesmo não admitindo para si mesmo, a Escandinávia se torna o lugar mais lindo do mundo na primavera. Os campos, as montanhas; tudo. O dia se torna mais quente e brilhoso. Ele nunca percebeu o quanto tudo é tão lindo numa época de calor. Sempre preferiu o inverno e sua sombriedade.

Ele pensa em como Lúthien ficaria sob as luzes atravessadas pelas frestas das árvores do bosque, em como seu cabelo ficaria mais dourado e vibrante durante o dia e como sua pele brilharia. Talvez isso seja um incentivo a gostar cada vez mais dessa estação.

Para o sueco, Lúthien não combina com o frio, não combina com uma noite de inverno.

Não, não e não, pensa ele num diálogo interno, Lúthien pode combinar até com o dia mais escuro e triste de todos, pois ela é a própria Luz.

― Se importa em tirar essa música? ‒ diz Øystein, interrompendo os pensamentos de Per.

Arrive at seven the place feels good...

Jan havia colocado uma fita do Scorpions na rádio da caminhonete sem que os outros percebessem.

― Pare de enrolar e joga logo a porra da carta ‒ ordena Jørn. ― Quando terminarmos, você entra. ‒ continua, apontando o dedo para Per, que revira os olhos na hora.

No time to call you today...

― Eu vou jogar, assim que eu puder me concentrar ‒ diz Aarseth.

― Você já perdeu, cusão. ‒ Jan se intromete após pisar no acelerador para ultrapassar um caminhão.

O moreno estava certo, Øystein perde a partida e bufa algumas vezes.

Enquanto Jørn junta as cartas e começa a embaralhar, Per ainda observa as paisagens passando rapidamente através da janela. Se pergunta mais de uma vez se está enlouquecendo. Sim, ele está.

Ele não queria pensar em Lúthien, não queria pensar em como a primavera é bonita e também não queria pensar no quanto estava gostando daquela música do Scorpions.

Afastando todos esses diálogos internos, ele decide focar no tal jogo de baralho. O amigo distribui as cartas igualmente para os três.

Quando estica o braço para pegá-las, sente uma leve dor no ombro. Ele ainda sentia algumas dores nas costas, mesmo após uma semana depois do ocorrido e de ter sido levado ao hospital. Lúthien e Giorgos se ofereceram para levá-lo, por obrigação e como um pedido de desculpas.

Jørn só pode estar com a mão pôdre, pensa Per quando analisa suas cartas.

― Eu tô com a mão pôdre, só pode ‒ Jørn Stubberud diz.

Per sorri disfarçadamente, mas Øystein solta uma risada alta ao olhar para suas cartas. Está blefando.

Ele é péssimo em blefar: simplesmente sorri à toa, acreditando que todos pensariam que está com cartas boas. Sempre usa essa técnica e falha miseravelmente.

― O que vai valer? ‒ diz Øystein.

― Uma cerveja ‒ responde Jørn, pegando um maço de cigarro da jaqueta. Ele abre a janela da caminhonete para o odor da fumaça não impregnar no automóvel. Alguns fios de cabelo de sua franja entram no olho, incomodando-o.

― Já tem muita cerveja aí. Apostem outra coisa. ‒ sugere Jan.

Os três pensam por alguns segundos e Per resolve falar:

O Violinista no JardimOnde histórias criam vida. Descubra agora