32. As Pernas Curtas

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Os rapazes garantiram que comeriam os legumes cozidos, mas Lúthien duvida muito dessa afirmação. Agora ela não sente tanta raiva quanto sentia há alguns minutos, quando soube que Per não gosta dela e que eles comeram pizza estragada.

Com o peito dolorido e o estômago estranho, ela caminha de volta para casa, segurando sua cesta. Daqui a pouco terá de ir para a sua congregação, então tem que se arrumar e estudar para a reunião.

Minha mãe vai me matar se eu perguntar novamente o que iremos discutir na congregação hoje. Ela se lamenta.

Na varanda dorme Pandora. A labrador está de barriga para cima e os olhos estão levemente abertos e revirados. É uma cena um pouco macabra e engraçada.

A menina entra na casa e vê Bilbo deitado sobre a poltrona de seu pai. O olhar do gato carrega aquele ar de superioridade que todo felino carrega.

Ela caminha em passos leves e silenciosos, o suficiente para não ser percebida. Mas seus planos são frustrados quando ela já está abrindo a porta do quarto, perto da cozinha:

― Lúthien! ― a voz alta e firme de Melina soa.

Lúthien faz uma careta e caminha em direção à cozinha. ― Senhora?

― Menina! Onde é que estava? Te chamo há horas. ― é claro que ela não chama-a há horas. Mães têm esse costume de exagerar.

A mulher se encontra a bancada da cozinha, preparando algo numa tigela grande e amarela.

― Eu estava na casa dos meninos ― ela se aproxima da mãe ― Jørn e Per estão passando muito mal.

― Ah, o que eles têm?

― Intoxicação alimentar.

― Não me admira!, ― Melina joga um pouco de leite a mistura ― aqueles rapazes vivem comendo besteiras.

― Então, por que me chamou?

― Me ajude a terminar esta receita. ― diz com certa arrogância, mas a menina ignora e começa a pegar os ingredientes que a mãe dizia. ― Vá terminando a massa enquanto eu termino de temperar o recheio. Ponha a farinha de trigo aos poucos e mexa.

Melina se afasta da bancada e caminha ao fogão. Ela joga tomate, alho, salsa e outras coisas na panela onde está o frango. O cheiro maravilhoso logo preenche a cozinha, fazendo a barriga de Lúthien roncar.

A menina segue as instruções da mãe e começa e a mexer o projeto de massa que se forma na tigela.

― Não, Lúthien! Jogue mais farinha. Assim não terminará essa massa hoje. ― Melina se aproxima da filha e arranca, com certa brutalidade, a colher de madeira da mão dela. ― Deixe-me cuidar disso.

Lúthien apenas observa a mãe e se afasta um pouco.

― Pegue um pouco de manteiga ― ordena Melina.

A garota anda calmamente pela cozinha e procura da lata, mas sua mãe a apressa:

― Vamos, Lúthien! A massa logo ficará fora do ponto.

A menina pega com velocidade e põe o ingrediente ao lado da mulher.

― Joga um pouco de manteiga para mim, querida... isto! Está bom. ― ela sorri quando Lúthien termina de fechar a lata de manteiga ― Essa panqueca ficará uma delícia.

Lúthien fica calada durante todo o processo, apenas segue as instruções da mãe e faz algumas perguntas acerca da receita.

― Querida, você vai ficar com dor nos ombros se continuar tão retraída assim. ― sua mãe comenta e finalmente Lúthien percebe o quanto sua coluna estava curvada e os ombros tensos.

O Violinista no JardimOnde histórias criam vida. Descubra agora