Música recomendada: Like Gods of The Sun, My Dying Bride
O sol machuca um pouco a sua visão. Calor é ótimo, mas detesta a parte de ter que lidar com a claridade da estação.
Mas procurar por Lúthien naquela ocasião é ótimo. Durante a noite, jamais a teria encontrado pelos becos de Bergen.
Todos no bar acharam estranho a garota ter saído repentinamente... e logo em seguida, Per largar sua refeição para ir atrás dela.
Depois de alguns minutos, e longas pernas caminhando velozmente, ele não tinha esperanças de encontrá-la. Até que viu de longe um cabelo louro e vestido dourado por aí.
Lúthien está nitidamente desconfortável. Puxando o vestido para baixo como se ele fosse crescer alguns centímetros com os seus puxões.
Per acelera o passo até conseguir se aproximar mais. Só que ele não ensaiou muito bem o que diria.
— Lúthien?
A garota se vira imediatamente. Os olhos arregalados, os punhos fechados de forma tão bruta que é possível ver as veias se estufando.
— Tem que parar de me assustar, Pelle. Um dia eu acabo te esmurrando.
Ele não duvida disso, óbvio. Mas não via outro jeito de se aproximar.
— Desculpe — os dois param no meio da rua, ninguém passa por lá no momento, e Per não tem ideia de onde está — Tudo bem? Saiu de repente do bar.
— Só estava cansada — ela suspira.
— Quer trocar de roupa e tirar toda essa maquiagem, não é?
Ela sorri e assente.
— Sou tão previsível.
Pelle não sabe exatamente onde está, mas sabe o caminho que deve tomar para ir à casa em que está hospedado.
Nessas horas, danem-se os bons modos:
— Vem, eu posso te ajudar. — repentinamente, ele pega na mão sardenta de Lúthien, que se surpreende com sua atitude.
Per Yngve Ohlin não é do tipo que toma iniciativa quando se trata da sua amada/odiada.
Os dois caminham juntos pelas ruas de Bergen. A mão de Per queimando a pele da jovem. Pela primeira vez, ele se sentiu grande (mesmo que sua mão seja menor), sentiu que oferecia proteção a garota encolhida e envergonhada pela própria aparência.
Ele a conhece tão bem.
Sente por todos os poros de seu corpo que ela está desconfortável naquela roupa, naquele sapato, naquela maquiagem...
Sente tão intensamente que poderia sangrar.
— Pelle... — a voz de soprano brinca com seus sentidos.
— Confia em mim.
É difícil confiar em alguém que não confia em si mesmo. Mas mesmo assim, ele tenta.
Chegando a uma parte mais residencial do bairro, ele procura pelo prédio em que está hospedado, não tendo muita certeza para onde está indo. Porém, sua mão cobre a de Lúthien. E isso não o permite fraquejar.
É como se ele tivesse pego a missão para si e sua honra dependesse disso.
O rapaz não tem coragem de olhar na cara de Lúthien agora. Não enquanto estiver como uma barata tonta.
Foi quando finalmente avistou o prédio velho.
Os dois entram no pequeno apartamento, desarrumado e fedorento.
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O Violinista no Jardim
Romansa"É preciso ter caos dentro de si para dar à luz uma estrela dançante." Nietzsche. Per Yngve Ohlin tem alguns fascínios. Desde que foi considerado morto por 5 minutos e voltou à vida, ele é obcecado pela morte e todo aquele cenário gótico. Imerso na...