51. O Violinista no Jardim

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1983

Ela não sabe se realmente existe ou se existiu ou se existirá. Tudo é confusão e nada ao mesmo tempo.

Ela sente dor, mas duvida se realmente existe essa dor. A luz... será que ela existe? A escuridão... será que ela existirá?

― Luffie... ― aquele chamado... será que é direcionado à ela?

― Eu existo? ― sua voz sai tão fraca que nem mesmo ela percebe que falou.

Neste momento está se perguntando se sua voz existe.

― Pai, ela bateu a cabeça! ― ela reconhece aquela voz, mas ao mesmo tempo se questiona se suas lembranças são reais.

Lúthien sente seu corpo elevar-se com uma pressão incômoda nas costas. Finalmente, ela lembra que tem olhos e que pode ver as coisas ao seu redor se abri-los.

O que não sabia era que podia ver além.

Ela levanta os braços, ao se lembrar que pode apontar para qualquer coisa em seu campo de visão.

A pequena Luffie está me vendo. Está vendo sua irmã e está vendo seu falecido amigo, Yngve. Ela me vê de uma forma diferente: a maioria das pessoas me enxergam com uma grande foice, mas Luffie me vê segurando um violino, trajado no tradicional sobretudo preto.

― O violinista... ― desta vez ela consegue falar mais alto e, aos poucos, começa a lembrar de sua própria existência.

― Que violinista? ― a voz apressada de Giorgos não é capaz de tirá-la daquele estado de pura tranquilidade. Nem mesmo a movimentação dos vizinhos, dos paramédicos e da ambulância.

― O violinista... no jardim.

Ela ficará bem? ― Angeliki me observa com olhos apreensivos. Apesar do reencontro com seu melhor amigo, ela ainda se preocupa com o fato de que está abandonando o mundo dos vivos, deixando tudo o que ama.

Os vivos sempre dão um jeito de superar algo inevitável.

Angeliki olha novamente para a irmã com o olhar triste.

― Por que... está levando... ela? ― Lúthien fala baixo, apenas para o seu irmão ouvir. Mas eu consigo entendê-la.

Cometi um grande erro, criança. Que grande vergonha!

― Angeliki... ― Lúthien continua a choramingar.

Eu o peguei cedo demais ― olho para Yngve, que tem a mesma expressão de Angeliki ― Tenho que levá-la para fazer companhia.

Lúthien não aguentará mais tempo naquele estado. Logo irá desmaiar ao perceber que sua irmã se foi.

Pobre criança.

Já vi alguns casos como o dela. A culpa.

Tomara que ela não deixe a culpa dominá-la e acabar com sua vida.

― Perdoe-se, Lúthien. 


Oi gentiii

Então, vocês viram que o cap 50 ficou enorme (quase 20 páginas), por isso que resolvi pôr esse trecho aqui no cap 51, pra não ficar maçante. Espero que entendam, meus morceguinhos :) 

É só isso mermo.

O Violinista no JardimOnde histórias criam vida. Descubra agora