1983
Ela não sabe se realmente existe ou se existiu ou se existirá. Tudo é confusão e nada ao mesmo tempo.
Ela sente dor, mas duvida se realmente existe essa dor. A luz... será que ela existe? A escuridão... será que ela existirá?
― Luffie... ― aquele chamado... será que é direcionado à ela?
― Eu existo? ― sua voz sai tão fraca que nem mesmo ela percebe que falou.
Neste momento está se perguntando se sua voz existe.
― Pai, ela bateu a cabeça! ― ela reconhece aquela voz, mas ao mesmo tempo se questiona se suas lembranças são reais.
Lúthien sente seu corpo elevar-se com uma pressão incômoda nas costas. Finalmente, ela lembra que tem olhos e que pode ver as coisas ao seu redor se abri-los.
O que não sabia era que podia ver além.
Ela levanta os braços, ao se lembrar que pode apontar para qualquer coisa em seu campo de visão.
A pequena Luffie está me vendo. Está vendo sua irmã e está vendo seu falecido amigo, Yngve. Ela me vê de uma forma diferente: a maioria das pessoas me enxergam com uma grande foice, mas Luffie me vê segurando um violino, trajado no tradicional sobretudo preto.
― O violinista... ― desta vez ela consegue falar mais alto e, aos poucos, começa a lembrar de sua própria existência.
― Que violinista? ― a voz apressada de Giorgos não é capaz de tirá-la daquele estado de pura tranquilidade. Nem mesmo a movimentação dos vizinhos, dos paramédicos e da ambulância.
― O violinista... no jardim.
― Ela ficará bem? ― Angeliki me observa com olhos apreensivos. Apesar do reencontro com seu melhor amigo, ela ainda se preocupa com o fato de que está abandonando o mundo dos vivos, deixando tudo o que ama.
― Os vivos sempre dão um jeito de superar algo inevitável.
Angeliki olha novamente para a irmã com o olhar triste.
― Por que... está levando... ela? ― Lúthien fala baixo, apenas para o seu irmão ouvir. Mas eu consigo entendê-la.
― Cometi um grande erro, criança. Que grande vergonha!
― Angeliki... ― Lúthien continua a choramingar.
― Eu o peguei cedo demais ― olho para Yngve, que tem a mesma expressão de Angeliki ― Tenho que levá-la para fazer companhia.
Lúthien não aguentará mais tempo naquele estado. Logo irá desmaiar ao perceber que sua irmã se foi.
Pobre criança.
Já vi alguns casos como o dela. A culpa.
Tomara que ela não deixe a culpa dominá-la e acabar com sua vida.
― Perdoe-se, Lúthien.
Oi gentiii
Então, vocês viram que o cap 50 ficou enorme (quase 20 páginas), por isso que resolvi pôr esse trecho aqui no cap 51, pra não ficar maçante. Espero que entendam, meus morceguinhos :)
É só isso mermo.

VOCÊ ESTÁ LENDO
O Violinista no Jardim
Romance"É preciso ter caos dentro de si para dar à luz uma estrela dançante." Nietzsche. Per Yngve Ohlin tem alguns fascínios. Desde que foi considerado morto por 5 minutos e voltou à vida, ele é obcecado pela morte e todo aquele cenário gótico. Imerso na...