78. Caindo do Pedestal

161 12 16
                                    

Música recomendada: White Room, Demons and Wizards

A Bolívia é um lugar exótico para os desconhecidos nórdicos. Animais diferentes, costumes estranhos, lugares que não parecem ser desse planeta e até a atmosfera é completamente diferente.

Uma coisa que Lúthien adorou lá é que na época de dezembro está no Verão. Um fim de ano quente e bem claro. E mesmo com a estação mais quente e clara do ano, as noites eram escuras e com estrelas bem visíveis. Diferente da Noruega, onde as noites de verão são tão claras quanto um meio dia.

Dormir numa noite escura e quente é bem melhor do que uma noite clara e abafada.

Eu odeio a Escandinávia.

Ela está louca para se mudar para a Grécia, onde o clima é quente, lindas praias e pessoas calorosas. Mas esse sonho parece estar mais longe agora.

Estão chegando as provas finais do seu colégio, ela não pôde estudar o tanto que precisava, seu histórico escolar era uma bagunça e pontuado por recuperações, atrasos e confusões com direito a agressão. Qual Universidade aceitaria tal estudante?

As instituições da Grécia costumam ser bem rigorosas quanto a isso. Então, estudar por lá pode ser um pouco mais difícil para Lúthien.

Håvard tinha dinheiro e poder o suficiente para subornar a entrada da filha em forma de doações gordas. Mas isso vai contra o que eles acreditam.

Sem falar que Giorgos passou para Engenharia Elétrica na Universidade de Oslo com bolsa estudantil, fruto das suas notas altas e um exemplar histórico escolar.

Lúthien não poderia ficar pra trás.

Mas agora, ela está presa em outra condição: o diagnóstico estampado num papel carimbado pelo psiquiatra, mais alguns remédios receitados.

Ela teve alta e no dia seguinte, precisou ir ao psiquiatra e logo depois passou na farmácia com uma longa lista.

Ela agora volta para casa, no banco do passageiro. Seu pai não deu uma palavra depois de comprarem os remédios, os olhos gélidos se focam na estrada iluminada pelo sol às 7 da noite.

A moça também não quer conversar, mesmo que esteja incomodada com tudo o que ocorreu. Ainda sente vontade de se estapear ao lembrar do episódio no aeroporto, dor ao se lembrar do rosto assustado e decepcionado de Per.

Sua cabeça é uma confusão. Quer resolver sua vida escolar, sua vida religiosa, sua vida familiar, quer ir pra Grécia, quer Per junto dela, quer que Per morra.

Ela quer sair dali. Fugir.

Menina idiota. A única coisa que não quer é ter que lidar consigo mesma.

O único problema de ir pra Grécia, é que ela mesma continuará lá.

Esses remédios idiotas têm que funcionar.

Ela aperta a alça da sacolinha que carrega antibióticos, ansiolíticos e hipnóticos.

Seu médico também mandou mascar raízes de valeriana.

— Eu espero que você fique bem — seu pai diz, repentinamente. O carro passa lentamente pelo lago de entrada a Kråkstad — Oro todas as noites à Jeová. Ele vai cuidar de você. Logo Ele te tira disso, eu sei.

Aquilo faz Lúthien querer chorar.

Como? Como eu vou sair disso? COMO!?

— Eu não te contei, mas antes da sua alta a médica que cuidou de você me explicou sua situação — Håvard continua atento a estrada, que se aproximava de casa — Tudo foi muito rápido. Em 1 semana, você foi de um resfriado para uma pneumonia.

O Violinista no JardimOnde histórias criam vida. Descubra agora