10. Cordas pt.1

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Música recomendada: Vermillion pt.2, Slipknot

Seus ouvidos não sangram. Talvez por um milagre, talvez porque seu sangue está congelado. Mas aquela música está tirando-o do sério. Não só por conta do alto volume, mas também por conta do estilo: eletrônica/experimental.

Merda.

A banda de jovens passou a semana inteira viajando pela região ao redor de Oslo, fazendo concertos e dando entrevistas a mídias independentes dali. Isso tudo depois do concerto em que Per perdeu sangue.

Naquela sexta-feira, eles haviam acabado de chegar de Lillehammer. Jan saiu para uma festa com Jørn, deixando apenas Øystein e Per na casa.

O sueco se trancou em seu quarto, enquanto que Aarseth resolveu beber, provavelmente por causa de uma briga que teve com Thea. Ele passou a tarde inteira bebendo, e agora, de noite, também está trancado em seu quarto, só que ouvindo música ruim (aos ouvidos de Per) e alta.

O loiro respira fundo e tenta se concentrar em seu sono, que não vinha.

O barulho da caminhonete de Jørn é ouvido e um alívio o preenche. Jan havia chegado!

O moreno é, na maioria das vezes, tranquilo e indiferente a muita coisa. Mas com 1 ano de convivência, Per aprendera que não é muito inteligente testar a paciência dele.

― Caralho!

Per escuta-o entrar em casa. O ruído de algo caindo no chão denuncia a embriaguês de Jan.

Merda.

Logo, a esperança de que ele resolveria o caso foi-se embora.

O barulho de risadas e xingamentos preenche a casa. Per escuta-o cair no chão e mais xingamentos são proferidos.

― Aarseth!, seu viadinho de merda – as palavras saem com dificuldade ― desliga... a porra... dessa música.

As palavras são interrompidas a cada arrotada.

Øystein não se pronuncia, deixando Jan gritar sozinho.

― Ótimo!, era só o que me faltava. – sussurra Per.

Todo aquele barulho contribui para a sua falta de sono, para sua ansiedade e para sua raiva.

― Porra! – grita, na tentativa de se acalmar.

Desistindo de esperar por um pouco de silêncio, ele pega seu cobertor e um travesseiro, e sai de seu quarto rapidamente.

― Øystein, seu grande filho da puta – Jan xinga. O loiro pára para observá-lo. O moreno está suado e seu cabelo cacheado está bagunçado e sujo com folhas e um líquido que ele deduzira ser vômito. O rapaz está deitado e uma das mãos segura uma lata de cerveja e bate na porta do quarto de Aarseth. A outra mão segura um cigarro recém aceso.

Per vira de costas o mais rápido possível e anda em direção à porta de entrada da casa.

Ar puro e silêncio! É isso que ele quer.

Seu pulmão se delicia com o ar frio da noite já escura e seus ouvidos são abençoados com o som das árvores sendo atingidas pelo vento.

Ele caminha calmamente ao bosque sombrio, levemente iluminado pelas estrelas. Como elas ficam magníficas durante a primavera! O céu pontilhado pelo azul brilhante delas enchiam seus olhos, também azuis.

Na parte da direita do bosque, ele arruma os cobertores sobre a terra e prepara o travesseiro. Porém, seu corpo se paralisa ao ouvir barulhos de passos sobre as folhas. Por um momento, torceu para que fosse o vento, uma assombração ou até mesmo um animal. Qualquer coisa faria seu coração bater menos do que ela faz.

O Violinista no JardimOnde histórias criam vida. Descubra agora