Música recomendada: Vermillion pt.2, Slipknot
Seus ouvidos não sangram. Talvez por um milagre, talvez porque seu sangue está congelado. Mas aquela música está tirando-o do sério. Não só por conta do alto volume, mas também por conta do estilo: eletrônica/experimental.
Merda.
A banda de jovens passou a semana inteira viajando pela região ao redor de Oslo, fazendo concertos e dando entrevistas a mídias independentes dali. Isso tudo depois do concerto em que Per perdeu sangue.
Naquela sexta-feira, eles haviam acabado de chegar de Lillehammer. Jan saiu para uma festa com Jørn, deixando apenas Øystein e Per na casa.
O sueco se trancou em seu quarto, enquanto que Aarseth resolveu beber, provavelmente por causa de uma briga que teve com Thea. Ele passou a tarde inteira bebendo, e agora, de noite, também está trancado em seu quarto, só que ouvindo música ruim (aos ouvidos de Per) e alta.
O loiro respira fundo e tenta se concentrar em seu sono, que não vinha.
O barulho da caminhonete de Jørn é ouvido e um alívio o preenche. Jan havia chegado!
O moreno é, na maioria das vezes, tranquilo e indiferente a muita coisa. Mas com 1 ano de convivência, Per aprendera que não é muito inteligente testar a paciência dele.
― Caralho!
Per escuta-o entrar em casa. O ruído de algo caindo no chão denuncia a embriaguês de Jan.
Merda.
Logo, a esperança de que ele resolveria o caso foi-se embora.
O barulho de risadas e xingamentos preenche a casa. Per escuta-o cair no chão e mais xingamentos são proferidos.
― Aarseth!, seu viadinho de merda – as palavras saem com dificuldade ― desliga... a porra... dessa música.
As palavras são interrompidas a cada arrotada.
Øystein não se pronuncia, deixando Jan gritar sozinho.
― Ótimo!, era só o que me faltava. – sussurra Per.
Todo aquele barulho contribui para a sua falta de sono, para sua ansiedade e para sua raiva.
― Porra! – grita, na tentativa de se acalmar.
Desistindo de esperar por um pouco de silêncio, ele pega seu cobertor e um travesseiro, e sai de seu quarto rapidamente.
― Øystein, seu grande filho da puta – Jan xinga. O loiro pára para observá-lo. O moreno está suado e seu cabelo cacheado está bagunçado e sujo com folhas e um líquido que ele deduzira ser vômito. O rapaz está deitado e uma das mãos segura uma lata de cerveja e bate na porta do quarto de Aarseth. A outra mão segura um cigarro recém aceso.
Per vira de costas o mais rápido possível e anda em direção à porta de entrada da casa.
Ar puro e silêncio! É isso que ele quer.
Seu pulmão se delicia com o ar frio da noite já escura e seus ouvidos são abençoados com o som das árvores sendo atingidas pelo vento.
Ele caminha calmamente ao bosque sombrio, levemente iluminado pelas estrelas. Como elas ficam magníficas durante a primavera! O céu pontilhado pelo azul brilhante delas enchiam seus olhos, também azuis.
Na parte da direita do bosque, ele arruma os cobertores sobre a terra e prepara o travesseiro. Porém, seu corpo se paralisa ao ouvir barulhos de passos sobre as folhas. Por um momento, torceu para que fosse o vento, uma assombração ou até mesmo um animal. Qualquer coisa faria seu coração bater menos do que ela faz.
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O Violinista no Jardim
Romance"É preciso ter caos dentro de si para dar à luz uma estrela dançante." Nietzsche. Per Yngve Ohlin tem alguns fascínios. Desde que foi considerado morto por 5 minutos e voltou à vida, ele é obcecado pela morte e todo aquele cenário gótico. Imerso na...