4. Se Esconde Como Um Rato Num Esgoto

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Música recomendada: Enjoy the Silence, Depeche Mode

― Ele é estranho – diz Kjetil, pela... quinta vez só naquela tarde.

Jørn o observa pegar o isqueiro e ir em sua direção para acender seu cigarro.

― Ele não é estranho. Você que é normal demais. – diz antes de tragar o cigarro entre seus dedos.

Kjetil limpa uma fina camada de neve e senta-se no banco de madeira entre duas píceas.

― Estou dizendo. Ele tem problemas, mas parece ser legal.

Jørn revira os olhos e apoia o corpo numa das árvores.

― Você não pensava assim ontem.

― É o que dizem: os tímidos são as melhores pessoas quando estão à vontade.

Dalí, fora possível ouvir alguns copos quebrando e o som da música aumentando. No momento, Jørn agradeceu por não ter concordado que a festa de boas-vinda fosse em sua casa.

Stubberud observa Kjetil por um momento. Inconscientemente, ele relaciona pessoas a cores. Por exemplo, o amigo a sua frente representa uma luz branca e aconchegante; o que o difere de Per, que representa uma cor mais escura e... profunda.

― Acho melhor entrarmos antes que congelemos aqui.

Os dois saem do quintal e entram na casa do amigo. Assim que abrem a porta, são recebidos pelo barulho de conversas e pelo calor.

A voz grave de Øystein é ouvida enquanto eles passam por um dos corredores da casa:

― Estou dizendo, os princípios maoístas dominarão o mundo em pouco tempo.

E lá vamos nós, resmunga mentalmente.

Jørn Stubberud observa o sueco de longe enquanto bebe sua cerveja. O garoto não parece nada confortável com os outros, apenas com Metalion, um amigo que eles têm em comum.

Ele se arrepende em diversos aspectos: primeiro, levou para a sua casa os amigos mais loucos que tem; segundo, deu-lhe uma droga que, evidentemente, ele odiou; terceiro, deixou-o só na maior parte da noite.

Melhor anfitrião do mundo, parabéns.

Øystein conversa com um rapaz moreno ao seu lado. Ele já havia comentado que se trata de um baterista, mas ainda não tinha ouvido-o tocar. Pelo seu sotaque, deve ter vindo do Norte.

Stubberud aproveita a distração de todos e vai para a cozinha.

Ele coloca o whiskey no copo quando olha para a porta da sala. Adentra a garota desengonçada e desarrumada.

― Essa não... – choraminga.

O cabelo loiro e volumoso bagunçado, as roupas curtas e um olho roxo, que ela tentou esconder com uma maquiagem forte, mas falhou miseravelmente. Jørn dá meia volta e iria dar um passo, mas é impedido pela voz irritante da menina.

― Necrobutcher! – ele olha por cima do ombro e vê a menina sorridente. ― Que bom vê-lo.

Ela se aproxima com passos largos, e Stubberud dá seu melhor sorriso e cumprimenta-a.

― Thora!, achei que não viria. Bom te encontrar.

A garota sorri maliciosamente e aproxima-se mais. Ela tenta pegar o maço de cigarro que está na mão de Jørn, mas ele o afasta da menina.

― Você não vai fumar. – diz, a voz saindo mais alta do que pretendia.

― E por que não? – protesta a menina.

O Violinista no JardimOnde histórias criam vida. Descubra agora