16. A Calmaria É Apenas Uma Ilusão

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Música recomendada: Anger Rising, Jerry Cantrell

Senti-la daquele jeito é quase que inacreditável. Quase uma utopia. Nunca poderia imaginar que estaria assim com Lúthien, nunca poderia imaginar que seria tão bom.

Ele age de forma instintiva ao apertá-la mais contra os seus braços. É como se não tivesse nenhum controle.

O vento frio ainda sopra, misturando-se ao som dos soluços da menina. Como pode? Seu choro é tão adorável, doce.

Eles ficam abraçados por cerca de dez minutos. Dez maravilhosos minutos.

Lúthien funga e sai lentamente dos braços de Per. Sua cabeça baixa não revela o nariz ranhoso, os olhos vermelhos e as bochechas mais rosadas do que já estavam.

Ohlin não sabe ao certo o que fazer. O que falar. Para onde olhar. Ele engole o seco enquanto mexe em suas unhas.

― O... o q-que houve? ‒ gagueja.

Lúthien coça os olhos e funga mais.

― Ah... é que... eu... estava com saudade. ‒ ela morde o lábio inferior.

As suas íris azuis definitivamente não combinam com toda aquela vermelhidão. Ele pensa.

― Eu... ‒ Per começa, mas não sabe como terminar sua frase, mas sente-se grato por Lúthien não incentivá-lo a continuar.

Ela continua a coçar seus olhos e sorri.

― Eu senti saudades de ti. Que bom que está aqui agora. ‒ diz ela.

Per abre seu sorriso mais sincero, mesmo que contra a sua vontade. Ouvir aquilo é bem melhor que ouvir Metallica, ou Sarcófago, ou Sodom, ou Bathory ou qualquer outra banda.

Lúthien levanta a cabeça e olha nos olhos do garoto na sua frente.

Que sorriso lindo.

Per tem o sorriso mais lindo que ela já viu. Mesmo que seus dentes não sejam os mais brancos ou alinhados. Não é o sorriso lindo de galã de capa de revista. É algo inocente, sincero. Verdadeiro. Quase infantil.

― E-eu estou aqui... agora. – gagueja.

Ela ri fraco.

― Eu sei.

Ambos olham para o chão, mas Lúthien logo interrompe o silêncio:

― Está parecendo que eu... chorei? – ela diz a última palavra com temor e voz baixa; como se aquilo fosse um segredo sujo.

Per toma coragem para olhá-la nos olhos. A verdade é que a menina tem muita sensibilidade. Algumas lágrimas e seu olho logo fica ruborizado. É engraçado a forma que aquele azul tão claro se contrasta com a vermelhidão.

Ele passa a língua pelos lábios rapidamente e responde:

― A não ser que fume maconha, sim: está nítido que chorou. – diz, mas logo se arrepende ao ver as sobrancelhas franzidas da menina.

― Ora, os olhos ficam vermelhos se fumar maconha?

― Sim. Mais ou menos.

Ela pisca algumas vezes e arregala os olhos lentamente.

― Então você já fumou? – a pergunta soou mais como uma afirmação precipitada.

― O que? Claro que não! Eu odeio drogas. – diz ele sobressaltado.

― Então, como sabe disso? – ela insiste.

― Eu tinha amigos que já fizeram isso. – abaixa a cabeça. Per sente-se mal até hoje depois de ter tragado aquele haxixe de boas-vindas. Sente-se mais mal ainda pois nunca contou aos seus pais e está mentindo para Lúthien.

O Violinista no JardimOnde histórias criam vida. Descubra agora