Música recomendada: Anger Rising, Jerry Cantrell
Senti-la daquele jeito é quase que inacreditável. Quase uma utopia. Nunca poderia imaginar que estaria assim com Lúthien, nunca poderia imaginar que seria tão bom.
Ele age de forma instintiva ao apertá-la mais contra os seus braços. É como se não tivesse nenhum controle.
O vento frio ainda sopra, misturando-se ao som dos soluços da menina. Como pode? Seu choro é tão adorável, doce.
Eles ficam abraçados por cerca de dez minutos. Dez maravilhosos minutos.
Lúthien funga e sai lentamente dos braços de Per. Sua cabeça baixa não revela o nariz ranhoso, os olhos vermelhos e as bochechas mais rosadas do que já estavam.
Ohlin não sabe ao certo o que fazer. O que falar. Para onde olhar. Ele engole o seco enquanto mexe em suas unhas.
― O... o q-que houve? ‒ gagueja.
Lúthien coça os olhos e funga mais.
― Ah... é que... eu... estava com saudade. ‒ ela morde o lábio inferior.
As suas íris azuis definitivamente não combinam com toda aquela vermelhidão. Ele pensa.
― Eu... ‒ Per começa, mas não sabe como terminar sua frase, mas sente-se grato por Lúthien não incentivá-lo a continuar.
Ela continua a coçar seus olhos e sorri.
― Eu senti saudades de ti. Que bom que está aqui agora. ‒ diz ela.
Per abre seu sorriso mais sincero, mesmo que contra a sua vontade. Ouvir aquilo é bem melhor que ouvir Metallica, ou Sarcófago, ou Sodom, ou Bathory ou qualquer outra banda.
Lúthien levanta a cabeça e olha nos olhos do garoto na sua frente.
Que sorriso lindo.
Per tem o sorriso mais lindo que ela já viu. Mesmo que seus dentes não sejam os mais brancos ou alinhados. Não é o sorriso lindo de galã de capa de revista. É algo inocente, sincero. Verdadeiro. Quase infantil.
― E-eu estou aqui... agora. – gagueja.
Ela ri fraco.
― Eu sei.
Ambos olham para o chão, mas Lúthien logo interrompe o silêncio:
― Está parecendo que eu... chorei? – ela diz a última palavra com temor e voz baixa; como se aquilo fosse um segredo sujo.
Per toma coragem para olhá-la nos olhos. A verdade é que a menina tem muita sensibilidade. Algumas lágrimas e seu olho logo fica ruborizado. É engraçado a forma que aquele azul tão claro se contrasta com a vermelhidão.
Ele passa a língua pelos lábios rapidamente e responde:
― A não ser que fume maconha, sim: está nítido que chorou. – diz, mas logo se arrepende ao ver as sobrancelhas franzidas da menina.
― Ora, os olhos ficam vermelhos se fumar maconha?
― Sim. Mais ou menos.
Ela pisca algumas vezes e arregala os olhos lentamente.
― Então você já fumou? – a pergunta soou mais como uma afirmação precipitada.
― O que? Claro que não! Eu odeio drogas. – diz ele sobressaltado.
― Então, como sabe disso? – ela insiste.
― Eu tinha amigos que já fizeram isso. – abaixa a cabeça. Per sente-se mal até hoje depois de ter tragado aquele haxixe de boas-vindas. Sente-se mais mal ainda pois nunca contou aos seus pais e está mentindo para Lúthien.
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O Violinista no Jardim
Romantik"É preciso ter caos dentro de si para dar à luz uma estrela dançante." Nietzsche. Per Yngve Ohlin tem alguns fascínios. Desde que foi considerado morto por 5 minutos e voltou à vida, ele é obcecado pela morte e todo aquele cenário gótico. Imerso na...