Música recomendada: Imaginations From The Other Side, Blind Guardian
― Não precisa continuar se não quiser. ― disse Kristian pela... quinta vez.
Lúthien queria continuar. Afinal ela tinha apenas batido a testa numa árvore, não amputado as pernas.
― Estou bem.
Apesar da adrenalina esconder um pouco sua dor de cabeça, Lúthien estava levemente tonta e mal conseguia segurar a espada de madeira firmemente. Vários amigos se aproveitaram de sua fraqueza para atacá-la.
Tal atitude passa longe de ser honrada, mas eles não levavam isso tão a sério.
O grupo de amigos aproveitou que estava chovendo e combinaram de jogar "RPG real" numa floresta decídua. O jogo consiste em encenar batalhas e missões que o mestre determinar. Nada de dados, nada de mapas, nada de mesas. Tudo real.
Lúthien estava escondida por lá, sua mãe jamais deixaria a sua tão preciosa princesinha empunhar espadas de madeira, bater em outras pessoas, ou outras pessoas baterem nela.
― Kris, acho que está nascendo um galo. ― disse ao tocar na saliência em sua testa.
― Você bateu a cabeça, é totalmente normal.
O lugar estava escuro e frio. Assustador até.
Os jogadores mal podiam enxergar o oponente com clareza, e a chuva só aumentava a névoa.
― Estão chegando! ― grita um amigo atrás dela.
A menina não consegue vê-los, mas pôde ouvir os passos apressados se distanciando. Logo percebera que todos corriam e a deixavam para trás.
― Ei, esperem por mim! Esperem por mim! ― grita ela quase desesperada.
O som dos passos se distanciam cada vez mais. E como ela ainda está tonta, corre desengonçadamente pela floresta. Seu vestido na altura das canelas também não ajuda muito.
― Me esperem! ― grita novamente. A criança sente a lama sob seus pés e os galhos caídos arranhando suas pernas e enganchando em seu vestido verde.
Ela escuta algumas vozes, mas nada compreende além de algumas palavrinhas. Deuses, magos, torta de ameixa, meleca.
Mesmo correndo com o maior cuidado possível, ela acaba tropeçando em algo. No quê ela tropeçou? Bom, não deu tempo de pensar direito nisso, pois percebeu no momento que começara a cair.
Apenas o ar sob e sobre ela.
Seria sua morte?
Tudo durou alguns segundos, mas em sua mente, a queda ocorreu por horas.
Na verdade, não deu muito tempo para calcular o tempo de queda, pois quando sentiu o solo sob suas costas, a pancada violenta, as pedras e raízes incomodando sua coluna, tudo transformou-se num breu cruel.
Ela tinha consciência de que não existia mais. Naquele momento, ela virara pó. Talvez menos que isso.
Tudo era escuridão, frio e vazio.
Mesmo não existindo mais, ela podia sentir as gordas gotas de chuva caindo sobre seu rosto. O balanço das árvores, o sol cegante...
Sol cegante?
Estava noite.
Logo ela abriu os olhos. Ou melhor, arregalou os olhos.
Seu cabelo voava diante dela, a visão que tinha estava totalmente embaçada e confusa. E ondulante.
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O Violinista no Jardim
Romance"É preciso ter caos dentro de si para dar à luz uma estrela dançante." Nietzsche. Per Yngve Ohlin tem alguns fascínios. Desde que foi considerado morto por 5 minutos e voltou à vida, ele é obcecado pela morte e todo aquele cenário gótico. Imerso na...