24. Não Seja Um Semideus... Nem Um Trouxa

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Música recomendada: Christian Woman, Type O Negative

Stonehenge é um mistério para a humanidade. Assim como as Pirâmides. É isso que excita Lúthien. É isso que a faz ler e ler cada vez mais sobre esses mistérios.

A menina costuma acreditar que as pessoas eram mais sábias em tempos Antigos, mais conectadas com a natureza, mais interessadas, mais místicas. Ela quase ignora os avanços da ciência do século XX.

Ela acredita em outros mundos, em outros seres. O universo infinito habita em sua mente. O universo é mental.

Lúthien se dedicava muito aos seus estudos sobre ciência. Tudo começou com uma viagem no verão de 1982. Ela e sua família acamparam na pequena cidade de Steinburg, Alemanha. No casebre em que se hospedaram, a garota encontrou um livro com as profecias de Nostradamus. O livro estava escrito em grego, e com a ajuda de seu tio, ela conseguiu lê-lo. Se impressionou com os acertos do vidente e dedicou mais de seu tempo a descobrir novos escritores alquimistas.

Gastou meses de economia em livros de Cornelius Agrippa, Conde de St. Germain, Paracelso, Basilius Valentinus e outros. Seu irmão mais velho a avisou para não perder tempo lendo tais besteiras, mas Lúthien é uma criatura deveras teimosa.

Seus pais e seu tio que cuidavam de seus estudos. Eles a instruíam quanto à Matemática, Química, Física, História e outras disciplinas. Mas a menina sempre dava um jeito de mesclar a ciência moderna com a alquimia.

Lia maravilhada as fantasias daqueles escritores, sonhava com o dia em que conseguiria executar todos os feitiços ensinados nas escrituras. Seu principal objetivo era descobrir a pedra filosofal. Tinha planos em consegui-la, transformar qualquer metal em ouro e doar todo o dinheiro que conseguira para crianças famintas de terras esquecidas.

Apesar de seu empenho em entender os feitiços, eles nunca eram bem-sucedidos. Mas a garota insistia em dizer que não executava da forma correta, nunca questionava seus mestres. Ficava, muitas vezes, frustrada com misturas e teorias aleatórias que nunca tinham sucesso. O que fiz de errado? Era a pergunta que se fez por muito tempo.

Sua cabeça era um verdadeiro mar de ideias soltas e teorias mescladas e confusas. Até que em 1987, ela finalmente decidiu estudar numa escola. Fora um ano de muitas descobertas para ela. Social e intelectualmente. Lá estudara as leis da eletricidade, gravidade e outras importantes para a formação da Física moderna.

No início se sentira uma completa estúpida, e seus professores ouviam seu relato das teorias de alquimistas como se fosse uma boa piada. Era impressionante como uma pessoa do século XX podia acreditar em teorias tão fantasiosas. Suas crenças caíram por terra, a menina se sentira tão desanimada para continuar seus estudos.

Depois de algum tempo, ela ganhou um livro chamado A Teoria da Relatividade Especial e Geral, de Einstein. Todo seu empenho em descobrir os mistérios do mundo voltara. Às vezes sentia que a ciência moderna a limitava, mas seu coração aprendeu a sempre sonhar alto com as teorias mirabolantes da alquimia, então ela nunca deixava de acreditar.

Talvez seu coração fosse um bastardo que ainda a incentiva a sonhar com elfos, fadas, sereias, diferentes deuses, silfos, salamandras e outros seres.

Talvez aqueles mistérios também alimentam seus sonhos.

Um ruído forte das folhas a tira de sua leitura sobre os Celtas e a faz erguer a cabeça. Lá está o garoto de roupas cinzas e o tênis velho da Adidas. Ela sorri e ameaça a levantar-se, mas Per a impede.

― Fique aí, não quero atrapalhá-la.

Lúthien dá de ombros e permanece de bruços com os cotovelos apoiados ao gramado da clareira do bosque e com o queixo apoiado nas mãos.

O Violinista no JardimOnde histórias criam vida. Descubra agora