30. Com O Outono Chega...

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Música recomendada: Die Alone, The Pale Horse Named Death

SEI QUE JÁ AVISEI ISSO NO COMEÇO DO LIVRO, MAS: ESSE CAPÍTULO TEM ABUSO DE DROGAS. SE É SENSÍVEL AO ASSUNTO, NÃO LEIA!

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Por que sempre me refiro a Per Yngve Ohlin como criança tola? Bom, este é um questionamento simples de responder: pois ele é tolo e, adivinha só, é um pirralho.

Se eu te perguntasse o que é felicidade, o que diria?

Per acha que está feliz agora. Claro!, os dias vem se tornando mais escuros e frios com a chegada tímida do outono. As folhas estão se amarelando e... bem, morrendo. Os troncos das árvores ficam mais escuros e podres. As chuvas de fim de tarde tornam-se frequentes e revigorantes.

O rapaz passou os últimos dias observando as mudanças de tempo e refletindo sobre suas músicas, livros, paranóias, sonhos, lembranças.

Ele está isolado, furioso, iludido, completamente desgraçado... mas está bem assim. Está pleno.

Vê por que ele é uma criança tola?

Per saíra poucas vezes de seu quarto, e quando o fazia era apenas para comer e beber água.

Ainda bem que há um banheiro em seu quarto.

Brigas e mais brigas acontecem na casa do Mayhem. Øystein continua a implicar com Per, e Per continua a implicar com Øystein; Jan continua a ligar o foda-se para tudo; e Jørn continua a ficar no meio de todas as discussões.

É engraçada as discussões. É inusitado ver dois rapazes brigando sobre pintar ou não uma cabeça de bode para os enfeites do palco.

Depois do episódio estranho com Lúthien e a série de confrontos, Per está arrasado. Ele nunca brigara tanto em sua vida e claro que planejava nunca brigar.

Mas sabe o que ele acha de tudo isso? Eu vos digo: que sua vida está perfeita. Ele está feliz e completo.

Não, não, não.

Dead está completo. Dead está feliz.

O caos, o niilismo, o completo Nada é perfeito.

― Você vai limpar isso aqui! ― grita Jan após Jørn derrubar vodca com suco de laranja num amontoado de roupas na sala.

― Calma, foi sem querer! ― diz Stubberud. Ele não está bêbado... apenas é um pouco desastrado.

O rapaz se senta sobre o sofá rasgado e dá mais um gole da bebida no copo de vidro.

― Não importa! Você vai lavar! ― Jan insiste.

Faen ― murmura ― eu vou levar à lavanderia. Satisfeito?

O moreno cruza os braços e pega um maço de cigarro de seu bolso e se encaminha para fora da casa.

Jørn ainda está enjoado por conta do forte cheiro de química que vem do cabelo de Øystein. Os dois foram à cidade para o rapaz retocar a cor preta do cabelo.

― Já está bêbado, Stubberud? ― Aarseth aparece na porta segurando a sua guitarra Les Paul.

― Ainda não. Mas espero que não demore. ― revira os olhos.

O amigo balança a cabeça negativamente e improvisa alguns acordes por algum tempo. Ele está tão concentrado que não nota quando Jørn tira algo do bolso e o espalha sobre a pequena mesa de centro.

O Violinista no JardimOnde histórias criam vida. Descubra agora