66. Pele com pele

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Música Recomendada: After Dark, Mr. Kitty

— O que ele faz aqui? — foi a primeira frase que Per ouviu de Lúthien.

A garota questionou ao irmão mais velho na mesma hora em que viu Per Yngve pondo sua pequena mochila no porta-malas do Volvo de Giorgos. Claro que a frase fora sussurrada, mas isso não o impediu de ser atingido por aquelas palavras, ficando com mais vergonha com o passar dos minutos.

— O que você vê. — Giorgos responde de forma seca e continua a arrumar suas coisas. — Já coloquei suas coisas no carro, não precisa se preocupar.

Lúthien havia acabado de chegar da escola. São apenas 16 horas da tarde mas já está escuro como se fosse noite. Ela se deparou com o carro do irmão no jardim de sua casa.

Giorgos fazia alguns reparos nos pneus do Volvo, enquanto Per conversa baixo com Jørn e uma moça que acompanha o brutamonte grego espera no banco do carona.

— Não ligue pra ela. — Jørn sussurra para Per. — Bergen é um lugar muito bom, pode encontrar algumas moças lindas por lá.

— Acho que você está exagerando. — ele sorri disfarçadamente.

— Que nada! As saunas de lá são unissex, sabia? Você tem que ser mais desenrolado.

Enquanto Jørn o incentiva a paquerar moças na sauna, Per observa Lúthien entrar em sua casa. Ela expressa uma carranca ao olhar para a moça que está sentada no banco do carona.

Minutos depois, Giorgos termina os reparos e buzina para que Lúthien saia logo de casa.

— Lúthien, já são quase 17 horas! Vamos logo.

Per se despede do amigo e entra no carro. Ele leva O Caibalion para ler durante a viagem de 7 horas para Bergen, assim o tempo passaria mais rápido e ele não teria que lidar com o constrangimento de ter aquele clima tenso com a moça que há dias lhe dá um gelo cruel.

— Credo, Giorgos, que pressa. Não são nem 16:30 e você já enche o saco. — ela reclama enquanto entra no carro e se senta, na outra extremidade. Ela queria ficar longe de Per.

— Eu ainda tenho que buscar o Luka, esqueceu? — Giorgos vocifera e é possível escutar uma risadinha fraca da moça ao seu lado. Talvez ela fez isso para amenizar o clima de briga entre os irmãos.

Lúthien carrega um walkman e algumas fitas. Por um momento, Per sente inveja ao ver o aparelho e não poder ouvir boas músicas enquanto pega estrada.

Alguns minutos depois o carro estaciona para buscar Luka, que esperava no jardim de sua casa. Ele põe sua bagagem pequena no porta-malas e entra no carro, do lado de Lúthien, obrigando-a a se aproximar se Per.

O sueco logo percebe o quanto a garota está tensa e decidida a não se enconstar com ele.

— Ah, oi, Pelle! — Luka o cumprimenta com um sorriso sincero, que é correspondido na mesma hora.

O rapaz não pode negar que se sente intimidado por tudo o que Luka representa: um testemunha de Jeová que sem sombra de dúvidas é aprovado por Lúthien e tem um bom futuro. Não como um garota metido a satanista que sonha em formar uma espécie de segundo Slayer.

Per abaixa seus olhos para o livro e começa a se aprofundar naquele mundo estranho do Ocultismo.

Ele nem percebe que Giorgos para seu carro para abastecer e comprar rosquinhas. Só se toca quando Lúthien começa a resmungar.

— Depois ele reclama que eu demoro... — murmura, mas é surpreendida ao ver o amigo — Olha o Erik ali com aquele idiota. Não acredito que Giorgos permitiu que o babaca fosse com a gente.

O Violinista no JardimOnde histórias criam vida. Descubra agora