60. Vita Post Mortem

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Música recomendada: At the Gates, At the Gates

Os olhos pressionantes de Lúthien Quisling o assustam. Ela sorri um pouco, mas está ansiosa por uma explicação.

― Como assim, vida pós morte?

Per começou, e agora terá que ir até o fim em sua explicação. Ou apenas mentir, como já o fez diversas vezes.

― Você... teve aquelas experiências? Como aquelas pessoas que conseguem ver Deus, o Paraíso?

O rapaz quase gargalhou diante da animação e curiosidade de Lúthien.

― Não. Nada disso. ― ele esperava ver uma careta de decepção da garota, mas ela permaneceu de olhos arregalados e curiosa ― Eu vi...

― Espere, espere! ― ela o interrompe e bate palmas rapidamente ― Como você conseguiu ver a vida pós morte? Você está aqui, vivo.

Você está aqui, vivo. Ohlin jamais admitiria a si mesmo o sentimento que aquela frase causa.

Ele está aqui, e está vivo. Transbordando vida ao lado da garota que é a definição mais pura dessa palavra tão abstrata.

― Bom, eu... ― ele tenta encontrar a palavra certa, mas não havia embelezamento para aquele fato. ― morri.

Os olhos inquietos de Lúthien o incentivam a continuar em sua explicação.

— Eu fui considerado clinicamente morto por alguns minutos. Os médicos conseguiram fazer ressuscitação e eu voltei.

— Puxa... e isso foi quando?

— Eu tinha uns 10 anos. — essa experiência sempre faz parte de sua mente. Mas às vezes ele esquece das circunstâncias e foca apenas no sobrenatural.

Lúthien continua em sua inquietação, alguns cachos loiros voam, mesmo com o uso da touca.

Ela se levanta de seu balanço e anda de um lado para o outro. Uma mão sob o queixo e a outra mão está inquieta.

De repente, ela para e olha intensamente para Per.

— E o que você viu?

Per conta tudo, nos mínimos detalhes, do que viu. Ele cita os túneis, a chuva, a terra fértil e infértil, a Lua... ele cita as luzes que viu e cita que me ouviu.

— Espere! — a garota o interrompe. Sua expressão, antes ansiosa e divertida, agora está apreensiva e assustada — um Violinista? Você viu um Violinista?

— Eu não o vi. Eu apenas ouvi.

Como se as pernas de Lúthien tivessem perdido toda a força, ela cai sobre o gramado sujo de neve semi derretida. Algumas lágrimas descem sobre as bochechas sardentas, mas ela as limpa imediatamente.

— Luften, o que aconteceu? — completamente confuso com a reação bipolar da garota, ele se levanta e se ajoelha à sua frente.

— Você... lembra da melodia do violino? — aquela pergunta o pega de surpresa.

Ele perdeu a conta de quantas vezes contou a história de sua experiência de pós morte, mas ninguém perguntou a melodia daquele violino.

Mas a verdade é que ele lembra claramente daquela melodia do meu violino.

Várias pessoas me imaginam com uma foice. Mas Per e Lúthien me viram de um jeito diferente.

Per começa a cantarolar de acordo com o que lembra da experiência, enquanto que Lúthien arregala os olhos azuis cada vez mais.

O Violinista no JardimOnde histórias criam vida. Descubra agora