3| Lucas

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→ parte final
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Wong Yuk-Hei

O dia da formatura chegou e confesso que estou bem chateado e confuso. Recentemente eu descobri que a Anônima é a (s/n), ela do nada me chamou para sair e nós dissemos acessórios característicos para fácil reconhecimento, marcamos um lugar e hora, mas antes mesmo que eu pudesse ficar cara a cara com ela, vi a (s/n) sentada no banco do local que eu ia me encontrar com a Anônima e ela usava um acessório no qual a Anônima havia mencionado que usaria no nosso encontro. Não tinha dúvidas de que a (s/n) era a Anônima, desde o início ela esteve na minha frente e eu não havia percebido, me senti um tolo. Eu saí sem nem me aproximar dela e dar uma desculpa esfarrapada de que nós havíamos nos encontrado por acaso, eu não queria chegar perto dela, eu estava com raiva. Ela me enganou sem ter noção disso! Sei que não era a intenção dela fazer isso comigo, caso contrário ela não iria conseguir disfarçar tão bem que não me conhecesse profundamente. Nós sabemos de coisas um do outro, éramos nós mesmos um com o outro e tudo foi estragado por esse fato. Me sinto traído.

Passei dias ignorando as mensagens da Anônima, ou melhor dizendo, da (s/n). Fiquei tão envergonhado que nem contei ao Hendery sobre a minha chateação. Foram dias de pura reflexão que nem me dei conta de que o baile de formatura havia chegado; Hendery estava empolgado com esse dia, queria estar o mais elegante possível para encantar sua amada, mas todos sabem que ele queria receber atenção de olhares invejosos sob a sua beleza. Eu disse a ele que não iria a festa, ele tentou me convencer a ir mas viu que seria em vão, então ele apenas se despediu e foi para a casa da (s/n) pois sua namorada estava lá o esperando, ele avisou que se eu mudasse de ideia era para mandar mensagem.

Não a nada para fazer agora, ficar deitado em minha cama olhando para o teto é a melhor opção. Como eu pude ser cego? Eu estava tão confuso sobre meus sentimentos, não sabia se estava gostando da (s/n) ou da Anônima, mas descobrir que elas são a mesma pessoa me deixou sem chão. Meus sentimentos por "elas" não eram iguais, eu tinha um carinho diferente por cada uma, a Anônima entendia esse meu lado de não se encaixar no mundo, eu podia ser aberto para quem eu quisesse ser com ela. Já com a (s/n) eu me sentia bem com a companhia dela, a conversa que nós tínhamos era profunda, mas não chegava a ser igual com a Anônima, dava para perceber a emoção que tínhamos e a sintonia que criavamos quando conversávamos. É complicado...

Meu celular vibrou com uma mensagem da Anônima e pelo incrível que pareça era uma mensagem de voz. Tratei de ouvir mesmo sabendo que era a (s/n), mas queria ouvir o que ela tinha a dizer.

[Mensagem de voz] : oi... Essa é a minha voz. Eu sei que estou quebrando uma das regras, só queria saber do porque de você não ter ido naquele dia. E também lembra que uma vez você me disse sobre encontrar alguém especial, eu o encontrei e ele se chama Lucas. Bem, adeus.

— Ela... Ela gosta de mim?

Me sentei na cama, por um momento toda a chateação que eu sentia foi embora com essa informação. A garota que eu amo, me ama. Não é todo dia que temos esse sentimento correspondido.

Estou indo ai!!!

Mando a mensagem sem me importar se isso irá deixá-la assustada, quando eu chegasse lá eu iria explicar tudo.

[…]

Num piscar de olhos eu me arrumei na velocidade da luz e pude chegar na escola quando a festa ainda estava no auge. Corri para a quadra, olhando para todos os cantos em busca da (s/n). Eu estava eufórico, enquanto relembrava dos momentos que tive com a (s/n) e as conversas com a Anônima, não me dei conta de que havia desejado que a Anônima fosse a (s/n) e que por sorte do destino esse desejo foi atendido. Hendery sempre me falava sobre essas coisas do destino, a essa altura ele já deve ter ligado os pontos e estaria comemorando pelo casal dele ser real.

— Pode ir parando por ai.

Ah, não aquele cara de novo...

— Eu não quero brigar.

— Você acha que é melhor que eu?

— Ten, você é meu cunhado mas se fizer algo com o Lucas, você vai se arrepender.

Queria saber da onde veio essa coragem do Hendery, geralmente ele foge de brigas. Deixa pra lá, esse não é o meu objetivo. Só que do nada um grupo veio me afastar do Ten e quando busquei saber o que havia acontecido, vi Hendery segurando Ten pelo pescoço, o imobilizando. É, ele não estava brincando.

Me afastei das pessoas que estavam assistindo a briga, pude ver a (s/n) se afastando também e pelo visto ela estava me procurando assim como eu também estava a procurando. Como em cena de filme fomos caminhando na direção um do outro quase que em câmera lenta e quando próximos, não soubemos o que dizer, era tão confuso.

— Me desculpa, eu... - comecei.

— Não você não tem culpa de nada, eu que peço desculpas...

— Não importa. Anônimo. - estendi minha mão.

— Anônima. - ela segurou a minha e nos cumprimentamos. — Queria tanto que fosse você.

— Eu também.

Sorri antes de puxá-la para um beijo, que dessa vez estava sendo válido por ambos estarem sóbrios. Um sentimento ótimo ver a Anônima se conectando com a (s/n), dando a entender que agora esta tudo completo, de que todas as peças se encaixaram no lugar certo. Este momento único e mágico ficaria gravado em mim pelo resto de minha vida, ver duas pessoas importantes para mim se encaixando em uma só. Sempre foi ela, desde o início sempre foi ela.

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