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Carmem;

Tião: Tu devia tá feliz por ter ganhado alta antecipada, porra. - Balancei os ombros sentada, observando um grande movimento na rua. - Isso é pro teu bem, Carmem.

Carmem: Tá bom, pai. Eu já entendi, que saco! Tô no meu direito de estar revoltada caralho. - Rebati querendo chorar. - Não consigo parar em pé e tenho que ficar nessa merda, até sabe se lá Deus quando, então chega né? Eu já entendi.

Eu tô muito puta, por estar nessa merda de situação.. Não é nem pelo fato de estar usando a cadeira de rodas, mas sim por saber que agora eu dependo de alguém pra tudo por um bom tempo. Meu corpo não tá colaborando tanto comigo, não o tanto que eu achei que ele estava. Minha recuperação em geral tá sendo rápida, pelo o que os médicos disseram, mas a minha perna é o problema.

Eu levei um tiro na panturrilha e depois fui jogada da escada, além do ferimento da bala que ficou alojada e tiveram que tirar, teve a questão da fratura exposta. Dos dois ossos da perna, o que quebrou foi aquele que sustenta o peso do corpo ou algo assim, Tíbia é o nome dele. A questão é que agora, meu corpo tá se readaptando a queda e a fratura, não consigo nem ficar em pé sozinha.

Tião: Tô indo embora, que é pra não me estressar contigo de novo. - Avisou beijando minha cabeça. - E mantém esse celular carregado pra falar comigo.

Concordei vendo ele se afastar e suspirei virando a cabeça, bati o olhar nos caras da contenção conversando. Tô longe de casa.. e pior, na casa do Pedaço.

Eu tô na Caixa d'água, famosa comunidade aqui da Penha, é uma das comunidades onde o Pedaço mais fica. Antigamente ele morava aqui, até conhecer a Giane e ir lá pra Kelsons, onde meu pai é o de frente. Foi escolha do Pedaço colocar meu pai como frente, porque além de ser da confiança dele, o meu pai também sempre foi muito querido pela comunidade. Tanto que ele também comanda outras duas comunidades vizinhas.

O meu tio é frente da Vila Cruzeiro, lugar que o Pedaço costumava mandar antes de assumir a Penha. É uma longa história mas resumidamente, o antigo dono foi morto em uma invasão e uma outra facção tomou o comando aqui da Penha. No dia seguinte, o Pedaço organizou uma tropa de quinze soldados e subiu a Vila Cruzeiro, matou o cara e assumiu tudo. Tem alguns anos já que isso rolou e ele continua por aqui, ninguém nunca conseguiu matar ele e o Comando vermelho quis que ele ficasse.

Gateu: Tudo bem, Carminha? - Falou alto por estar longe, encarei o moreno de olhos verdes e assenti. - Qualquer coisa pode gritar, ou mandar mensagem. Pedaço disse que adicionou nós num grupo contigo, pra ser mais fácil a comunicação.

Olhei pro celular na minha coxa e concordei, depois vejo isso. O Pedaço tá começando a parecer um doido com essa coisa toda de proteção, agora além do Gateu que eu já conhecia por estar sempre com ele, e o Sabiá que sempre esteve fazendo a minha contenção, tem mais três caras. Um parece ter minha idade.

Carmem: Quem são esses aí? - Perguntei levantando minha cabeça.

Os cinco se olharam e se aproximaram, os três que nunca vi vieram atrás do Sabiá e do Gateu. Eles pararam na frente do portão aberto, já aproveitei pra gravar os rostos deles e ver se sentia algo estranho, mas aparentemente as vibes bateram com a minha. Não senti uma energia ruim.

Sabiá: Tu pode ficar tranquila que geral é de confiança nossa e do Pedaço. Esse é o Zulu. - Apontou para o da ponta direita, analisei o cara branco e tatuado que aparenta ser o mais novo deles. - Thor.. - Os outros riram da cara que eu fiz, mas o vulgo faz sentido, o tal Thor tem o cabelo levemente longo mas tá preso, e os olhos bem azuis. - E esse é o Vargas.

Fiéis Amantes - [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora