Maratona 5/5.
Carmem;Caralho.. A melhor sensação da vida é a sensação de se sentir amada. De ter alguém alí que te ame pelo o que você é, independente dos defeitos e problemas, das situações ou o que tiver entre vocês, ela sempre vai te amar. E o mais incrível é que a atenção, o amor e tudo, não é algo pelo qual a gente tenha que se humilhar ou pedir, porque é totalmente natural.
O Pedaço tá me proporcionando tantas coisas novas, estranhas e boas, e eu amo tudo isso. Amo o fato de eu amar ele e amar todos nossos momentos, até mesmo quando estamos deitados juntinhos em silêncio ou conversando.. na verdade essa é a minha parte preferida. É algo tão simples mas tão bom, eu simplesmente amo ficar com ele. Mas agora nós somos três, eu, ele e o Jorge.. Em poucos meses vai ter um recém-nascido entre nós dois e eu espero que não seja tão ruim, não o fato de ter um filho, falo mesmo sobre a maternidade. Ela em si é uma coisa muito difícil e complicada, principalmente a amamentação e a adaptação de uma nova vida.
Giane: Ocupada? - Ouvi a voz e olhei para o lado, neguei limpando minha mão no guardanapo e sorri. - Bom, é.. eu posso sentar?
Carmem: Pode, claro. Por favor, na verdade. - Pedi e ela passou para o lado, puxando a cadeira e sentando. Afastei meu prato de doces e foquei na presença dela. - Tudo bem?
É estranho estar falando com ela depois de tudo isso.. Muito estranho mesmo. Mas é uma coisa que eu preciso fazer para poder realmente me sentir minimamente "bem", ela e o Pedaço se resolveram mas eu não, então que seja agora.
Giane: Sim. Não vou perguntar pra você, porque eu sei que você tá. - Sorriu e desviou o olhar para a nossa volta. - Olha Carmem, eu não tenho o que falar, de verdade mesmo.. A única coisa que eu teria para falar é que fiquei magoada e disso tu sabe.. então acho que tu pode começar.
Passei as mãos abertas nas minhas pernas, um pouco nervosa e segurando o impulso de fechar as mãos e me machucar, simplesmente por estar nervosa.
Carmem: Eu queria te pedir perdão, desculpas seriam algo muito fraco para isso tudo. - Ela olhou para mim prestando atenção e eu respirei fundo, voltando a falar com ela. - Acho que o Pedaço te explicou tudo, sobre ele ter insistido muito e só no final eu ter ido na onda dele.. Eu sei que tu culpa ele até demais mas eu fui mais errada que ele, pelo menos no meu ponto de visão. Porque nós éramos amigas e eu te devia uma consideração afetiva e emocional, e aí eu fui lá e fiquei com o seu marido. Eu queria dizer que me arrependo sabe? Mas eu não posso, porque eu amo o Pedaço e a gente tá formando uma família, uma vida.. Infelizmente eu não me arrependo de ter me envolvido com ele, mas pode ter certeza de que eu me arrependo e vou me arrepender o resto da minha vida por ter traído a única amiga que eu tinha.. a única que me apoiava independente da situação.
Parei de falar engolindo o choro, tentando me acalmar e não chorar na frente dela. Abanei meu rosto com minhas próprias mãos e suspirei, tomando coragem para terminar de falar.
Carmem: Eu queria que tu me perdoasse por tudo o que causei, isso incluí até o atropelamento. O Brown fez tudo por minha culpa e isso é inegável. - Balancei minha cabeça apoiando o braço em cima da mesa.
Giane: Carminha, calma. - Deu uma risada sem graça e colocou a mão em cima do meu braço. - Eu tô bem, com tudo isso.. não tem o que eu perdoar, tá tudo bem mesmo. O que eu disse pro Pedaço eu tô te dizendo agora, eu fiquei muito magoada pelo o que vocês fizeram mas era mais em relação a ele do que a você. Além de tudo, eu amo o Pedaço do mesmo jeito que eu amo você, como um amigo e só isso. Sempre foi só isso, uma amizade entre nós dois e agora eu torço completamente por vocês dois, três na verdade. - Sorriu e olhou para a minha barriga. - É bom ver vocês dois felizes e eu mesma fico feliz por isso, de verdade eu tô bem com tudo o que rolou e seguindo em frente. Tanto que o convite..
Carmem: O convite, não tem como negar.. - Cortei a fala dela e ela riu mexendo na pulseira no próprio braço. - Não veio só do Pedaço, veio de nós dois. Simplesmente não tem outra pessoa em que eu confiaria pra ser madrinha do Jorge, a mesma coisa o Pedaço também disse. Tu é uma pessoa incrível e a gente conviveu contigo, a gente sabe como tu é e tudo mais. E por favor, não pensa que isso é uma forma de tentar fazer você esquecer o que nós dois fizemos tá? É um convite que vêm de algo muito maior entre nós.
Ela abaixou a cabeça e levantou olhando para o lado, acompanhei com o olhar e ela riu, se virando para me olhar.
Giane: Eu sei.. relaxa. E eu ia dizer que sim, é um pouco estranho e confuso mas eu aceito sim. - Senti meu corpo se aliviando aos poucos, relaxando sobre a cadeira. - Vou dizer mais uma vez que tá tudo bem, eu realmente tô bem com tudo e vida que segue. O Jorge vai ter a melhor madrinha possível, pode confiar!
Carmem: Posso te dar um abraço? - Perguntei e ela levantou da cadeira sorrindo. Me levantei também e abri os braços indo até ela, abracei ela com força e fechei os olhos tentando não chorar. - Obrigada.. obrigada mesmo.
Giane: Não tem o que agradecer, Carminha. - Balançou nossos corpos para os lados e me soltou rindo. - De verdade.. - Olhou para o lado e depois para mim. - Eu vou voltar para a mesa dos meninos e mais tarde a gente se fala, se der. Acho que o Anderson tá te procurando.
Virei um pouco de lado, olhando o Pedaço andando e procurando alguém pela quadra. A carinha de bolado e preocupado, bem a mostra. Giane bateu no ombro e deu um sorriso se afastando, observei ela dar um sinal pro Sabiá do outro lado e ele levantar um copo na direção dela.. franzi a testa curiosa, talvez seja só impressão minha mas eu acho que senti um clima no ar.
Balancei minha cabeça curiosa e desviei o olhar, o Pedaço me viu e veio andando cheio de postura, mesmo bêbado o homem consegue manter a pouca elegância que tem.
Pedaço: Tava te procurando, sabia que ia te achar comendo em algum lugar. - Apontou com a cabeça para os três pratinhos de doces fazendo uma cara de nojo. - Quero sair contigo, pô, daqui a pouquinho.. curtir um pouco só nós dois, de uma maneira diferente, tu vai curtir.
Carmem: Tão fofinho me chamando pra transar. - Gargalhei chegando perto e abraçando a cintura dele. - Tá bom.. desde que não seja longe, não quero tu dirigindo desse jeito.
Pedaço: Ainda bem que tu sabe. Ih, nem dirigir eu vou, a gente vai subir andando até a casa antiga do meu pai. - Apontou para fora da quadra e eu inclinei a cabeça pra trás, revirando os olhos. - Vai morrer andando dez minutos não, porra. E vai valer a pena, desenrolei uma parada maneira pra nós dois.
Carmem: Nós três, no caso. - Corrigi e ele concordou dando um sorriso e beijando minha bochecha.
Pedaço: Então, pô, na verdade quatro. - Franzi minha testa e ele riu. - Eu mandei um moleque ir atrás de um Royal Salute..
Carmem: Tava bom demais pra ser verdade. Porra, um Royal Salute?! Amor.. - Choraminguei deitando a cabeça no ombro dele. - Eu não posso beber, seu desgraçado.
Pedaço: Eu bebo por você, tá tranquilo. - Segurou meu queixo e ergueu minha cabeça, me fazendo olhar para ele. - Minha gravidinha gostosa! Vou te foder com carinho hoje, só porque tu tá merecendo.
Carmem: Como assim com carinho? Que tipo de sexo é esse? - Não consegui segurar a risada e ele bufou mas riu também. - Tá bom, mas aí tu vai realizar meu desejo de grávida.
Pedaço: Para de ser escrota, porra. E que desejo de grávida é esse? Só não me pede uma parada impossível.
Carmem: Hum, surpresa! - Roubei um selinho dele e me afastei um pouco. - Vou falar com meu pai e aí nós vamos, enquanto isso arruma um pote pra colocar meus docinhos..
Mandei um beijo para ele até ignorou, cruzando os braços e encarando os pratos de doces na mesa. Ele que se vire, tá achando que a vida é só traficar e beber, esse idiota.
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Fiéis Amantes - [M]
Romance"Lua cheia no morro, invictos no jogo não fugimos da guerra. Mais cedo ou mais tarde, exigindo liberdade, o olhar de maldade é o extinto selvagem". Uma alma quebrada, um coração partido e um corpo mutilado. Apenas o amor, é capaz de construir e reco...