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Carmem;

Lemos: Carmem! Oh! - Ouvi ele gritar atrás de mim mas ignorei pisando fundo e com raiva, que ódio, que ódio. - Carminha!

Continuei ignorando vendo o Thor e o Sabiá, passando pela porta de casa e arregalando os olhos ao me verem. Os dois aceleraram os passos em minha direção e eu passei pelo lado do Sabiá, ignorando. Minha respiração ofegante e meu rosto vermelho, de raiva e medo.

Eu não consigo entender como eu aguentei tanto tempo nas mãos daquele nojento, tanto tempo dividindo a cama com ele e fingindo estar tudo bem. Escondendo a verdade até do meu pai, vivendo um inferno e com medo de morrer, fora o tempo em que eu acreditei que eu podia mudar ele.. meu Deus, como eu fui burra! Se eu tivesse feito o que eu fiz hoje logo no começo, eu não teria passado por metade das coisas que aconteceram. Mas tá tudo bem.. agora eu tô muito bem acordada e com raiva, a menina descontrolada que ele dizia que tinha colocado coleira, tá de volta. E eu juro por Deus, que nem que eu tenha que fazer a porra de um pacto com o Diabo, mas eu mesma vou matar esse cara.

Passei pela porta de casa em passos rápidos, ouvindo o Lemos e os outros dois ainda me chamarem, além das vozes que vinham de dentro de casa. Eu vim direto pra casa do meu pai, minha casa, sabia que ele estaria aqui e eu preciso pegar uma coisa..

Em passos rápidos e pesados, entrei na sala de estar, as atenções das pessoas ali vieram até mim. Olhei para o meu pai e para meu tio, mas logo desviei o olhar para a escada e comecei a subir os degraus rapidamente. Por um momento lembrei que minha calça tá toda rasgada mas balancei minha cabeça, ouvindo eles me chamarem.

Tião: Carmem! - Meu pai gritou no pé da escada e eu ignorei também, correndo até o meu quarto. - Carmem, porra!

Fechei a porta e tranquei, olhei a minha volta.. o espelho novo intacto na porta do guarda roupas, tudo limpo e organizado. A última vez que entrei aqui foi naquele dia em que o filho da puta tentou me matar, mas ele é tão inútil que nem isso conseguiu fazer. E não me matar, foi a porra do maior erro da vida dele.

Caminhei até o guarda roupas e peguei o primeiro short que vi, tirei a maldita calça e vesti o short preto e justo. Então respirei fundo.. talvez o que eu faça agora sobre pra mim por ter ajudo ele na época, mas é uma das formas de foder a vida dele de vez. E eu simplesmente cansei dessa merda toda, o que tiver que ser feito pra ele morrer, eu vou fazer.

Me abaixei puxando a cadeira da minha penteadeira vazia, ajoelhei no chão e puxei o tapete que eu deixava ali em baixo. Joguei ele para trás e encarei o chão de madeira, passei a mão em cima e encaixei meu dedo no cantinho, puxando a parte falsa do piso e observei as coisas alí dentro. Dois celulares, algumas fotos, anotações e um saquinho com os cinco Chips.
Tirei a caixa com todas as coisas dali de dentro e me levantei segurando firme, eu preciso contar.. não importa as consequências, eu preciso.

Abri a porta do quarto depois de destrancar e saí pelo corredor, as vozes no andar de baixo estavam mais calmas. Desci os degraus da escada refletindo sobre tudo o que eu fiz e em como eu fui burra, porra! Logo na metade da escada, parei para reparar nos rostos alí na sala e meu coração disparou, não tô acreditando no que eu estou vendo. Caralho..

Passei o olho por cada um dos meus primos, meus tios, minhas tias.. caralho. Por último encarei minha vó e meu vô. Meu Deus.

Apertei as bordas da caixinha com força e nervoso, terminando de pisar nos últimos degraus. Engoli minha saliva e respirei fundo, olhei para o meu pai que tinha uma simples pergunta no olhar, assim como eu também tinha.. mas sabia a resposta.

Fiéis Amantes - [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora