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Pedaço;Enrolei a seda com a maconha dentro, sentindo o cheiro que eu curto pra caralho vindo do baseado do meu pai. Fui enrolando com cuidado e pensando um pouco, na minha situação.. e da Carmem. Grávida.. ri sozinho e meu pai me olhou curioso mas com o olhar sério, franzi a testa e mexi a cabeça vendo ele soltar a fumaça.
Pedaço: Qual foi? - Perguntei terminando de bolar meu baseado. Bati a mão no bolso da calça e coloquei dentro, pegando o isqueiro. - Fica me olhando aí, pô, esquisito.
Bacu: Tá rindo atoa aí, ficou maluco ou aconteceu alguma parada? - Balancei os ombros ignorando a pergunta, lembrando que não posso falar nada por enquanto e do que eu vim fazer.
Mandei aquela maluca que a Carmem conheceu, pra lá e fazer companhia pra ela. Deixei a contenção muito bem formada e de olho, se tiver vacilo, mato os cinco de uma vez só. Não tô mais confiando em deixar ela sozinha, só com a contenção.. tem uma coisa pô, que tá me deixando cheio das neuroses e batendo cabeça.
Confio no meu instinto, na minha intuição.. nunca tô errado em relação a nada mas dessa vez, porra, eu quero estar errado pra caralho mermo.
A Estrelinha, eu olho pra ela e consigo identificar que ela tá com vários problemas com ela merma. Ela tá traumatizada pra caralho e indo na psicóloga duas vezes no mês, porque aquela puta que atende ela no hospital, jura que ela tem problema de ansiedade. Eu tenho vontade de meter um fuzil na garganta dessa mulher e destravar um pente inteiro, sem dó! O que a minha Estrelinha tem, não é ansiedade não, porra, isso tá bem mais além e só eu tô percebendo, ela tá com uma depressão fodida. Em pouco tempo eu conheço ela pra caralho, sei quando ela tá bem e quando não tá. O foda é que na minha visão ela só fingi estar bem, às vezes eu nem percebo mas agora tá impossível.
O olhar cansado, triste e a falta de animação, ela não era assim e isso não é normal. Eu vejo como ela olha pro nada e fica um tempão brisando, fico imaginando que porra se passa na cabeça dela e nenhuma opção me agrada.. ela tem aquela mania de ficar apertando as mãos e se machucando com as unhas, mas na maioria das vezes ela nem percebe o que tá fazendo. Hoje mermo, ela chegou a cortar a palma da mão e só percebeu depois que se acalmou.
Ela tem essa compulsão de querer se machucar pra fugir das coisas e eu não gosto nem um pouco disso. Por isso não quero mais ela sozinha, a contenção não faz companhia e ela sem ninguém pra se distrair é um perigo. Não gosto nem de pensar, mas o que me vêm na cabeça, é a possibilidade dela acabar tentando se matar ou o pior..
Na moral, ela não tá nada bem psicologicamente. Tá precisando de ajuda urgente e mermo assim, só tem uma parada que vai fazer ela começar a melhorar.. a morte daquele filho da puta.
Pedaço: Aconteceu nada não. - Respondi e guardei o isqueiro desistindo de acender o baseado. - Mas queria falar contigo mermo. Tá lembrado daquela vez que o tio pediu pra tu dar uma olhada no histórico da família do Brown? Tu pegou um arquivo policial não pegou? Bateu com um irmão dele e a porra toda..
Bacu: Aham, o irmão mais velho.. foi militar no exército, policial federal e agora tá por aí. Só que era um lixo, pô, corrupto de merda, tu sabe. Várias vezes negociou a entrada fácil de drogas pra gente, armamento.. - Bateu o dedo no baseado fazendo as cinzas caírem no asfalto, perto do poste de luz. - Qual tua ideia?
Pedaço: Ideia não, tô com uma certeza. Arruma o endereço desse irmão do Brown, o quanto antes melhor. - Brinquei com o baseado apagado entre os meus dedos. - Já ameaçamos mãe, irmã, tio e tia, até um papagaio e ninguém soube dizer do paradeiro dele. O filho da puta tá bem escondido e sendo paciente, mais do que devia.. então, ele tá planejando algo. Agindo na calada e alguém tá escondendo e protegendo ele, esse alguém, é esse policial. Se nós acharmos ele, achamos o Brown.
Bacu: Garanto esse endereço em meia hora, tu sabe.. mas eu quero entender outra coisa. Acho foda pra caralho essa aproximação repentina de vocês dois, uma parada que eu sempre quis que acontecesse mas, eu ainda não consegui entender como isso rolou. - Apontou pra mim com o baseado na mão e sorriu com sarcasmo, filho da puta igual eu deve ter percebido alguma coisa. - Tu sabe que ela traiu o Brown, não sabe? O que é porra nenhuma, chifre trocado não dói. Mas eu não sou otário e tu sabe bem disso, nem eu e nem teu tio. Então você liga na tua responsa porra, se comeu ou não comeu, não me importa beleza? Mas para por aí.
Respirei fundo encarando ele, não demonstrei emoção nenhuma mas senti uma parada estranha, nervosismo.
Pedaço: Me avisa. - Falei e ele ficou quieto, ainda esperando pela minha resposta. - Ninguém aqui é otário, principalmente eu. Não sou nenhum moleque não pai, sei o que eu faço e sei as consequências dessas merdas, o que eu tenho ou não com a Estrelinha não te diz respeito, nem ao do meu tio.
Bacu: Estrelinha? - Deu uma risada debochada e negou com a cabeça. - Não tô curtindo isso, Anderson, não tô mermo.. tô te avisando pra parar por aí, porque essa porra vai dar problema! Se eu que sou eu, não tô curtindo a ideia de tu tá pegando minha sobrinha, quem não vai curtir mermo vai ser o pai dela. Tô te alertando, caralho, e se der merda não vou te defender.
Pedaço: O problema aqui é ela ter o mermo sangue que eu? - Ri com deboche mas também com raiva, papo errado do caralho. - Não era com isso que tu devia se preocupar, pai, tem coisa mais importante por aí. De qualquer forma, você e ele gostando ou não, não vai mudar porra nenhuma. Não adianta, pô, tu sabe bem.
Bacu: Tranquilo.. tu sabe o que faz, né não? Minha parte de pai, eu tô fazendo. Seu pau no cu. - Xingou e jogou o baseado aceso em mim, rindo do outro lado.
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Fiéis Amantes - [M]
Romance"Lua cheia no morro, invictos no jogo não fugimos da guerra. Mais cedo ou mais tarde, exigindo liberdade, o olhar de maldade é o extinto selvagem". Uma alma quebrada, um coração partido e um corpo mutilado. Apenas o amor, é capaz de construir e reco...