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Giane;

Caminheiro pela unidade de maternidade, observando os bebês pelo vidro. Pisei no lixo, na parte que faz ela abrir e joguei o pacote e meu copo de suco. Me afastei passando álcool em gel e empurrei a porta abrindo ela, fui até o elevador e desci por ele até o andar de baixo.

Comecei meu estágio tem poucos dias, já peguei o jeito de fazer as coisas e tô gostando muito, enfermeira é algo que eu sempre quis e achei legal ser. Agora eu tô aqui realizando meu sonho. O Pedaço foi quem me ajudou.. ele arrumou a vaga de estágio para mim aqui no hospital. Bom, não é bem um hospital direito por assim dizer, é meio que algo clandestino porque é usado pelos bandidos, resumindo um hospital feito pelo CV.

Izadora: Giane? - Me chamou balançando os papéis na mão. - Preciso que você ligue para essas pessoas da lista, confirmando os exames e consultas, ok? - Concordei pegando os papéis. - Mais uma coisa, fala pro Eduardo preparar uma maca. Urgente.

Giane: Beleza, eu vou lá falar com ele e aí volto para ligar para essas pessoas. - Avisei.

Me virei e saí dali, caminhando para o refeitório, normalmente nesse horário o Eduardo tá em pausa então provavelmente ele tá lá. Andei pelos corredores em direção ao refeitório, bati na porta e entrei, olhei para algumas pessoas e depois para ele mexendo no celular alí. Sentado na cadeira.

Ergui a mão fazendo sinal para ele que colocou o celular na mesa, me olhando e levantando.

Eduardo: Chora milady. - Veio vindo devagar.

Giane: Iza pediu pra você preparar uma maca, disse que é urgente. Tá sabendo de alguma operação? - Perguntei e ele negou. - Estranho.

Eduardo: Estranho mesmo, vou lá e já descubro o que rolou. Venho te contar. - Ajeitou o jaleco. - Vai tá aonde?

Giane: Na recepção, tenho que fazer algumas ligações. - Comentei e ele concordou saindo.

*****

Desliguei o telefone e respirei fundo olhando para o terceiro número de telefone, confirmar agendamento de cesária. Disquei o número marcado na folha e esperei, chamou e chamou várias vezes, ninguém atendeu. Tentei mais uma vez e nada, larguei o telefone e separei o papel da paciente dos demais, para tentar novamente depois.

Levantei minha cabeça ouvindo vozes altas e a porta ser aberta, Eduardo segurou ela e dois assistentes da Izadora passaram por ela empurrando a maca. Observei a gritaria alí e a Iza entrar logo atrás, junto com a mulher do Tião totalmente desesperada.. Desviei o olhar para a maca e a minha reação foi arregalar os olhos, vi a Carmem muito machucada e coberta de sangue.. Com uma máscara de oxigênio no rosto. Olhei de novo para a mulher do Tião e vi o sangue nas mãos e roupa dela, assim como no Gateu e no outro cara logo atrás.

Puta que pariu.

Izadora: Giane, preciso de Propofol! - Gritou e eu juro, observei tudo em estado de choque. - Anda! Um calmante forte também, rápido!

Saí de trás do balcão rápido e corri em direção a sala de remédios, sentindo uma sensação estranha por ter visto o estado da Carmem.. Jesus, ela tá horrível, tem muito sangue e muitos ferimentos, principalmente na perna.. A roupa dela tá encharcada de sangue.

Abri a porta e olhei a estante de remédios, fui direto na prateleiras de anestésicos, procurei o remédio e assim que achei, joguei dentro da cestinha um frasco. Separei algumas agulhas para a dose e outros remédios que são pedidos em casos de cirurgia, e dois calmantes que provavelmente são para a mulher do Tião. Saí da sala e corri pelos corredores, em direção a sala de cirurgia, no lado de fora encontrei os assistentes e a Carmem na maca.

De perto fica totalmente pior e angustiante..

Iara: Giane, preciso do Propofol, vamos aplicar a anestesia aqui mesmo. Direto na veia. - Falou e eu coloquei a cesta no pequeno espaço. - Everson, ajuda a Iza precisa de ajuda para preparar a sala cirúrgica. Vai.

Ele se afastou entrando na sala e eu peguei uma agulha, tirando do pacote e preparando o mais rápido possível. Entreguei para ela que tinha amarrado uma luva no braço da Carmem e observei enquanto ela puxava com a agulha o medicamento e logo aplicou.

Giane: O que aconteceu, com ela? - Perguntei com a voz falha, passando os olhos por cada ferimento, o rosto muito machucado.. parecendo uma morta..

Iara: Você conhece? - Assenti observando ela tirar a luva do braço da Carmem, depois conferir os batimentos. - Disseram que foi uma tentativa de assassinato vinda do ex, ela é filha do Tião, não é? A situação dela não tá nada bem.

Filho da puta! Balancei minha cabeça e olhando para trás para ver se a sala estava pronta e nada.. Porra.

Iara: Tu consegue preencher a ficha dela? A família ainda não chegou e a moça com ela não tá em condições. Volta e dá o calmante para ela, por favor. - Assenti respirando fundo e pegando a prancheta, a porta atrás de nós abriu e o Everson apareceu. - Nós constatamos três disparos, panturrilha direita, parte superior do braço esquerdo e um na clavícula, duas balas alojadas. Ferimento de nível grave na lateral esquerda da cabeça, possíveis coronhadas.. Duas costelas quebradas pelo inchaço não dá para saber o nível, possível fratura nos dedos da mão esquerda e uma fratura muito grave, tíbia exposta. Precisamos de um Raio-x urgente..

Everson: Puta merda.. A gente não pode fazer a cirurgia sem ter um raio-x. - Avisou colocando as luvas. - Leva ela para sala de Raio-x, rápido! Não temos tempo. Eu aviso a Iza, vai logo.

Iara: Ok, eu tô indo. - Foi para o outro lado e começou a empurra a cama enquanto falava comigo. - Espancamento e queda de escada, estado grave. Termina a ficha e corre acalmar a outra moça.

Balancei minha cabeça positivamente e comecei a anotar tudo o que eu ouvi, coloquei as poucas informações que sei sobre ela e voltei pegar outra calmante, esqueci a cesta em cima da maca.. Corri para a recepção onde encontrei a mulher do Tião, pouca coisa mais calma e se recusando a tomar o calmante.

Fiéis Amantes - [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora