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Pedaço;

Segurei a mão da Carmem e comecei a puxar ela devagar, em silêncio. Peguei firme na mão dela para não soltar em alguma urgência, coloquei o braço pra trás e ela parou atrás de mim, comecei a caminhar devagar pelo corredor livre.

Senti ela apertar meus dedos e ri baixo, ela tá nervosa pra caralho e eu entendo ela, pô, eu tô mais nervoso ainda! Tem filho da puta dentro da minha casa, há uns vinte minutos atrás eu não ia estar aqui e se ela tivesse sozinha.. porra, eu tenho certeza que a intenção era pegar ela sozinha.. mas eu vim pro almoço e ela não tá mais sozinha. E na moral, seja quem for ou pelo motivo que for, quem tiver aqui dentro me pegou em um dia maneiro, acordei doido pra descer a porrada em filho da puta. Vou descontar toda minha raiva no primeiro que eu pegar, sem dó!

Empurrei a porta da lavanderia sem fazer barulho e puxei a Carmem, já me virando e fechando a porta. Observei o rosto vermelho e respirei fundo me mantendo calmo, tentando.. caralho, eu odeio ver ela com medo ou assustada, preocupada e a porra toda. Ergui minha mão fazendo sinal de silêncio e segui apontando para a área aberta, diretamente no muro que dá no quintal no vizinho. Ela acompanhou com o olhar e foi andando devagar para fora, eu até podia dar a volta com ela mas é arriscado, prefiro que ela pule o muro e saia pelo quintal do vizinho mermo.

Carmem: Como eu vou subir? Eu não alcanço. - Sussurou parando em frente ao muro e encarando a lavanderia. - E se for o Brown?

Pedaço: Vem, vou te ajudar. - Ela negou e eu bufei, eu tenho que manter a calma com ela.. - Porra, não tem outra opção. Eu vou te levantar e tu vai subir, agora, Estrelinha.. não sei quem tá lá dentro e seja quem for, tá na maldade comigo e eu tô esperando que seja só comigo. Independente, pô, agora tu vai pular pro outro lado e nem vem discutir caralho.

Passei na frente dela e inclinei um pouco o corpo, coloquei a arma na cintura de qualquer jeito e juntei as mãos para ela pisar. Apontei com a cabeça e ela balançou a dela, o semblante preocupado se aproximou. Observei ela medir a altura que faltava do braço até o final do muro, ouvi ela respirando fundo e passei o olhar para a abertura na lavanderia, a porta lá de dentro ainda fechada.

Pedaço: Anda, Carmem, vai! Pisa aqui e se precisar pode pisar no meu ombro mas vai logo, caralho. - Mandei nervoso, ergui um pouco a cabeça ouvindo o barulho de porta de armário batendo, pra mim ter ouvido essa porra deve ter sido ali na cozinha mesmo. - Carmem, vai. Vai caralho, agora, anda!

Falei mais alto perdendo o controle com a demora dela, puta que pariu. Em segundos senti o peso do corpo dela se apoiando em mim e diminuindo conforme ela subia no muro, vi de relance a arma que ela pegou cair e assim que tive certeza de que ela tinha sumido, me abaixei e peguei. Conferi se a arma tava pronta pra ser usada e ergui o braço, ela pegou e me olhou por alguns segundos.

Carmem: Vai se foder! Nem pensa em fazer isso, Pedaço! - Sorri pra ela que ameaçou pular de volta e eu neguei, dando um passo pra trás e apontando com um dedo, fazendo sinal pra ela sair logo.. - Tá maluco?! Sobe nessa porra agora e desce comigo, seu filho da puta.

Pedaço: Desce, segue o caminho a direita depois da árvore de laranja e aí tu vai ver um portão de madeira. Puxa ele e assim que abrir, tu vai sair aqui na rua de trás.. então vai dar a volta e avisar o primeiro que tu ver. Ouviu bem? - Fiquei encarando ela, que me encarava de volta, depois olhou para a arma na minha mão e assentiu. - Vai, Estrelinha.

Carmem: No perigo, atira para avisar.. duas vezes. - Concordei e ela passou a perna para o outro lado, ficando de costas pra mim. Eu respirei fundo balançando a mão esquerda com a arma, só esperando ela pular pra mim agir.

Pedaço: Estrelinha? - Chamei e ela virou a cabeça e junto um pouco do corpo, engoli minha saliva e sorri. - Respondendo tua pergunta.. - Inclinei minha cabeça na direção de casa. - Se for ele, hoje ele vai morrer.

Carmem: Cuidado. - Disse e se virou pulando do muro, respirei fundo e me virei encarando a lavanderia.

Comecei a andar em direção a ela, passei pela entrada e encarei a porta fechada. Fui pro canto deixando a arma posicionada, preparado pra qualquer caô, segurei no trinco da porta e puxei abrindo ela devagar. Coloquei minha cabeça no espaço entre a porta e a parede, conferi se tava vazio e passei por ela. Entrando no corredor, já mirei a arma segurando ela na frente do meu corpo, parei ouvindo um sussuro vindo do quarto. Me aproximei devagar e com cuidado, parei no meio do corredor, olhei pro espelho pendurado ali e inclinei um pouco a cabeça.. vi o reflexo de dois caras, os dois de costas. Não pensei duas vezes antes de agir, entrei no quarto feito um maluco, atirando na cabeça do primeiro e antes mermo do segundo se virar, atirei nas costas dele três vezes. Saí do quarto em segundos, fechei a porta mais aliviado e me virei na intenção de dar uma olhada no resto da casa.

Brown: Pô, que homem é tu que vai pelas costas? - Parei no mermo instante, encarando o pau no cu parado no início do corredor. Já encarei direto a arma na mão dele, sem mirar. - Tu já foi melhor.

Pedaço: Um que tá cuidando da mulher, pô.. Agindo igual a um rato agora? Entrando escondido na minha casa, montando um ninho. - Ele sorriu mexendo a arma e levantando um pouco. - Qual foi? Tu vai querer resolver isso como? Homem pra homem?

Ele riu e abaixou um pouco a cabeça, depois me olhou e encostou o corpo na parede lateral.

Brown: Tu não vai atirar em mim e eu não vou atirar em tu.. mas eu tô curioso, pô, onde é que tá a Carmem? Ela saiu pra brincar com nós também? - Sorriu orgulhoso.. filho da puta. - Tu sabe que não foi tu quem ensinou o que ela sabe fazer, né não? E sabe o que é mais maneiro? É que eu tenho duas opções certeiras.. Ela tá ali fora escondida, ou saiu de alguma maneira pra pedir ajuda. - Estalou a língua, sorrindo. - Independente, eu cerquei a frente toda e o segurança dela saiu.. Então, alguém vai pegar ela pra mim e depois que eu me resolver com ela, aí nós dois resolvemos.

Pau no cu, filho da puta do caralho!

Pedaço: Tu vai morrer hoje. Fica ciente disso. - Avisei e ele sorriu de novo. Debochando..

Fiéis Amantes - [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora