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Pedaço;

Parei no meio da quadra observando o que fizeram, decoração tá maneirinha, pô. Olhei as bexigas brancas e as azuis e rosas, presas entre elas, formando um arco. Virei um pouco a cabeça encarando a mesa principal, alguns doces, umas plaquinhas e outras paradas de decoração. Quando vi o preço disso tudo, me arrependi pra caralho.

Mas eu falei pra geral que queria fazer a parada da revelação, é meu primeiro filho e quero que tudo seja foda pra caralho. Então eu gastei mermo, com dó mas gastei, e de qualquer jeito a Estrelinha também queria fazer isso aí, então não ia mudar em porra nenhuma eu querer ou não. Ram, ela ainda queria deixar tudo pro próximo mês pô, malucona, deixei meu tio digerir a situação por um dia e já no outro fui mandando organizar tudo.

Giane: Pedaço? - Olhei pra trás de mim e encarei a morena parada, cumprimentei ela com um aceno de cabeça. - Cadê a Carmem? Eu conversei com ela por mensagem e ela me chamou.. a gente marcou de conversar.

Pedaço: Eai, Giane, tudo bem? - Olhei em volta procurando o Thor. - Tô ligado nisso aí.. Ela ainda não chegou mas o Thor já foi buscar ela, senta aí pô, escolhe uma mesa e fica por aí.

Giane: Tudo.. e contigo? Imagino que bem né. - Balançou a mão e concordou comigo. - Beleza, eu vou sentar e esperar. Se der pede pra ela vir falar comigo antes da revelação, tenho um compromisso..

Olhei pra ela e ri de leve, mentira na certa. Mas eu entendo ela e o porque ela não querer ficar, tá tranquilo.

Pedaço: É, tô bem demais.. Graças a Deus. - Coloquei as mão no bolso e respirei fundo. - Coé, sei que essa parada toda é desconfortável e tals, mas eu queria tu ficasse aqui. Se quiser.

Giane: Desconfortável e estranho. Olha Anderson, tem muita coisa que aconteceu e a gente nem resolveu. Sem contar que esse povo vai fazer fofoca errada se eu ficar aqui, já tão olhando a gente conversar aqui e sei lá.. - Ergui a cabeça olhando em volta, alguns convidados olhando mermo e quem passava do lado de fora da quadra também. - Não tem motivos.

Pedaço: Eu sei, pô, eu sei. Só que a parada entre nós dois é diferente, fiquei contigo cinco anos, Giane, e nos mermos cincos anos tu foi minha amiga. Tu me apoiou e teve comigo, nosso lance acabou mas a parceria e amizade, pelo menos da minha parte, nunca mudou. - Levantei a mão puxando meu cordão pra arrumar o pingente. - Quero tu aqui, tu dividiu várias paradas comigo e sempre falou que quando eu conquistasse isso aqui.. tu ia tá do meu lado mermo se fosse só como amiga.

Giane: Eu sei mas é foda cara, nós dois sempre deixamos claro que o nosso lance não envolvia amor. A gente tava junto porque a companhia e o sexo eram bons, a gente se entendia, nunca passou disso. - Mexeu na alça da bolsa, um pouco nervosa. - E eu nunca deixei de te amar, tu sempre foi meu único amigo e essas coisas não mudam. Mas confesso que não é fácil, tá? Me senti bastante traída, pelos dois mas principalmente por você. Nosso relacionamento era aberto e a gente só tinha uma regra, eu tive várias oportunidades de fazer o que tu fez e não fiz. Já você, na primeira oportunidade foi lá e fez.

Pedaço: Errei contigo. Pra caralho mas e aí? O que eu posso fazer? Nada, pô. Já te pedi perdão e cabe a tu decidir o que fazer, não quero te forçar a nada não.. Mas eu queria pra caralho que minha amiga que eu conheci quando era moleque, tivesse aqui comigo. - Estendi a mão pra ela e sorri sem mostras os dentes. - Tu vai ser madrinha do meu filho, porra, tu tem que ficar aqui.

Ela me olhou surpresa, abriu a boca e não falou nada. E aí abaixou a cabeça e ficou encarando o chão da quadra, por um bom tempo, pô.

Giane: Tomara que seja uma menina e ela te faça parar por todos os seus pecados, seu filho da puta. - Segurou na minha mão e me puxou pra um abraço, falando mais baixo comigo: - Tô um pouquinho magoada ainda mas quero que tu seja feliz, especialmente com a Carmem, querendo ou não eu vejo como ela te faz bem e vice versa. E como uma pessoa que já foi amiga dela, eu espero que tu seja tão bom pra ela quanto foi pra mim. - Me soltou e ergueu a mão apontando com o dedo pra mim. - Juro por Deus, que se vacilar com ela eu mesma te mato. Porque ela..

Vi os olhos delas brilharem enchendo de lágrimas, porra.. essa parada balançou meu coração. A voz dela falhou com a vontade de chorar e eu desviei o olhar, sentindo uma parada esquisita. Eu acabei com a amizade das duas.

Giane: Ela já sofreu demais e ela não precisa de mais um problema, então seja a porra de uma solução. Tá me ouvindo? Eu ainda me preocupo com ela e com você também, mesmo com tudo isso. - Abaixou a mão e relaxou o dedo, respirando fundo e a vontade de chorar dela pareceu sumiu. - Só sejam felizes, faça ela feliz.

Pedaço: Teu pedido é uma ordem, pode deixar. - Ergui o braço puxando ela pra perto e abraçando com força. - Vai ser um moleque, tô sentindo.

Ela me empurrou e riu cambaleando em cima do salto. Puxando a calça um pouco pra cima e sorriu negando.

Giane: Eu sou do time.. - Olhou atrás de mim, observando a decoração. - Arco-íris?

Pedaço: Íris. - Ela me olhou curiosa e eu cruzei os braços rindo. - É um trocadilho, pô, coisa nossa.. mas a Íris ou o Jorge, tá trazendo muita alegria e coisa boa pra nós dois. Principalmente pra Carmem.

Giane: Ah, um bebê arco-íris.. - Sorriu orgulhosa e me olhou. - Uma família arco-íris se olhar bem.. É todo mundo tão unidos e felizes!

Dei risada com a piada dela e passei a mão no cavanhaque, é bom pra caralho ter a amizade da Giane. E é melhor ainda olhar e ver que só vejo ela como amiga, que resolvi o que eu sentia de verdade por ela, isso é bom pra caralho.

Pedaço: Vai começar com as piadinhas? Espera um pouco, pô, já tô me arrependendo. - Brinquei e ela riu debochando.

Fiéis Amantes - [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora