6 - Há males que vêm para o bem!

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GIZELLY

O primeiro mês da minha volta ao Brasil passou na velocidade da luz. Junto da correria no hospital entre adaptar-me aos setores e conhecer cada área, saí algumas vezes para ver um lugar onde eu pudesse alugar ou comprar uma casa. Achei um apartamento em frente a praia, bem ao lado do condomínio onde minha filha mora. Minha intenção era estar o mais próxima dela possível. No entanto, mesmo Rafaella sugerindo duas ou três vezes de eu alugar um apartamento em seu prédio, optei por não aceitar. Mesmo cogitando algumas vezes a possibilidade, não queria interferir de alguma forma em sua privacidade.

Quando me vi pronta para alugar o apartamento de meu gosto, completamente mobiliado, fechei contrato e me mudei. Claro que fiz algumas reformas pequenas para adapta-lo cem por cento ao meu gosto. Incluindo o quarto de Sofia. Também consegui pegar meu carro a qual estava sendo emplacado e passando por alguns teste de manutenção e lanternagem. Com isso, devolvi a chave do carro de Gustavo e passei a utilizar o meu próprio.

Há quatro semanas atrás, a qual comecei no hospital, minha mãe me ofereceu um brinde de boas vindas após o turno, e todos os representantes médicos de cada ala se juntaram a mim. Conversei com todos eles, inclusive doutora Victória. Essa que fez um tour comigo pelo edifício hospitalar e me presentou todos os setores. Pelo pouco que conversamos àquele dia, soube um pouco sobre ela. Tomamos um café na copa após o tour e nos despedimos. A partir dali, não perdemos o contato mais. Era sempre um esbarrão pelos corredores da pediatria em minhas rondas diárias, ou na copa. Ou até mesmo no refeitório, na hora de almoço (quando não era possível almoçar com Rafaella e Sofia). Contudo, construímos uma amizade legal nesses últimos dias.

Havia acabado de voltar do almoço, estava em minha sala elaborando alguns relatórios e planejamento financeiro do hospital, quando recebi uma ligação através do telefone em minha mesa. Era minha mãe avisando sobre a entrada de Sofia na pediatria. Ela havia sofrido um pequeno acidente no passeio da creche, e a professora a trouxe de imediato. Sem pestanejar, vesti meu jaleco e segui para fora do escritório, indo em direção ao elevador. Segundos depois o mesmo correu as portas e dei de cara com minha mãe.

- A Rafa está aí filha!- Foi o que ela disse, assim que dei os primeiros passos até o corredor.

- E por que ela não me ligou?-

- Eu liguei pra ela antes de te avisar, e disse que iria falar com você.-

Assenti em resposta quando chegamos ao consultório do doutor Vinícius, porém, quem estava atendendo minha filha era doutora Victória. Sofia chorava sentada na maca, abraçada em Rafaella que estava de pé ao seu lado. A professora, porém preocupada, próxima a janela.

- Pode deixar comigo, doutora.- Pedi licença e Victória se afastou, me entregando a bandeja com o aparatos e curativos. - O que houve, minha filha?- Perguntei assim que me aproximei delas. Sofia logo se desprendeu da mãe e estendeu seus braços para mim. Larguei a bandeja sobre a cama e me aproximei mais, cedendo ao abraço dela. - Fala pra mamãe o que aconteceu?- Perguntei novamente, passando a mão em seus cabelos.

- A Sosô caiu, mamãe.- Ela já havia cessado o choro escandaloso, mas ainda resmungava.

- E como foi isso?-

- Foi o escorrega.- Sua resposta manhosa me fez encarar a professora atrás de respostas.

- Ela caiu lá de cima?- Apesar da minha preocupação como mãe, mantive meu profissionalismo, tendo calma e discernimento.

- Não senhora, doutora. Segundo os relatos das crianças, ela desceu de mal jeito e não soube se segurar. Acabou por arranhões no braço e na perna.-

Assenti em resposta e voltei a encarar minha filha.

- Bebê, a mamãe precisa examinar você ok?!- Pedi, pois seus bracinhos ainda estavam em volta de minha cintura.
- Deixa eu ver o dodói nesse braço.-

Duas garotas, Um encontro! 2Onde histórias criam vida. Descubra agora