RAFAELLA
Mais uma semana havia se passado, e em meio aos trabalhos na agencia, Manoela convidou Marcella e eu para passarmos a tarde de sábado em sua casa com as crianças. Eu estava devendo esse momento com elas, pois desde meu rompimento com Gizelly, eu me fechei para tudo. Eu não tinha condições emocionais de interagir com as pessoas amigavelmente. Eu estava abalada, magoada, triste e sofrendo com isso tudo. Minhas noites no entanto, tem se resumido a choros de desabafo comigo mesma em minha cama. Não queria deixar que meus filhos me vissem nessa situação. Porém as coisas vem melhorando, pois Gizelly e eu estamos voltando aos poucos, ao menos na convivência. E apesar de vez ou outra ainda sair faíscas entre nós, está tudo mais ameno agora. Visto que nem nos falar, não estávamos. E isso me deixava dilacerada apesar da minha chateação e a vontade de nunca mais vê-la.
Logo após o almoço, me arrumei e arrumei as crianças, para em seguida pegar o carro e seguir para o Barra, onde Manoela mora com o marido e a filha. Esse final de semana é meu com eles, então fico tranquila em passar o dia fora, sem correr o risco de Gizelly aparecer de supetão. Apesar dela estar sempre indo lá, mesmo fora de seus dias.
Ela não está proibida de ir em minha casa, mas diante de tudo que rolou, das brigas e do tempo que ficamos sem nos ver e sem nos falar, combinamos de intercalar os fins de semana. Mas mesmo assim, ela não deixou de vê-los meio de semana a qual eu estava trabalhando e eles com a babá.
Estacionei em frente a casa e desliguei o motor. Sofia, ao reconhecer o lugar, abriu um sorriso largo e se manteve eufórica enquanto eu desafivelava o cinto de sua cadeirinha.
- Calma amor, vai machucar a mamãe.-
Depois que também soltei Theo e tranquei o carro, apertei a campainha e esperamos até que o portão fosse aberto. Sofia entrou correndo atrás de Manoela, porém quem nos esperava na porta de entrada da casa, há poucos metros de distância, era a Felipe com Marica Clara no colo. Essa que também se sacudiu animada no colo do pai, quando nos viu chegando.
- Tudo bem, Rafa?- Felipe perguntou educado.
- Ta sim, e aí? Ei princesa da dinda?-
- Entra aí, Manu ta no banho.-
Entrei e me instalei na sala, pondo a bolsa com as coisas das crianças bem no canto do sofá. Felipe deixou Maria Clara no tapete junto com Theo e se sentou. Batemos um papo agradável até que Manu apareceu com Sofia agarrada nela. Não demorou muito para Marcella também chegar com os dois pequenos e começarmos a bagunça.
No quintal dos fundos, onde tem uma piscina não muito grande, forramos um pano na parte gramada bem na sombra e espalhamos os brinquedos de Maria para ela, Theo e Davi. Já Sofia e Gabriel aproveitavam a piscina na parte rasa.
Passamos a tarde entre uma conversa gostosa e animada, de olho nos pequenos. Enquanto isso, Manoela nos serviu algumas guloseimas e sucos. Estava realmente maravilhoso esse tempo de folga. Folga de tudo. Maria ameaçava a andar, pois ficava em pé se equilibrando para não cair. O que nos arrancava sorrisos doces.
- Pretende fazer alguma coisa pra ela, Manu?- Marcella perguntou.
- No aniversário? Eu queria viajar, na verdade. Mas Felipe quer dar uma festa. Disse que é a tradição fazer festa de um ano.-
- Mas ele está certo. Eu quero fazer do Theo também.-
- Ele não abre mão da primeira festa e nem a de quinze anos.-
- Já estão pensando nisso?- Marcella voltou a dizer, com um riso na fala.
- Pois é... E ele morre de ciúmes dela, não pode nem pensar que um dia ela vai crescer.-