RAFAELLA
Meu coração faltou sair pela boca com a última mensagem enviada por Gizelly. Eu estava me divertindo, até então, provocando-a ao responder seus flertes descarados.
Não deu tempo de eu digitar qualquer resposta, quando ouvi os toques em minha porta.
Ela realmente veio!
Permaneci deitada em minha cama com meu coração ainda descompensado e minhas mãos trêmulas. Gizelly é outra pessoa quando está bêbada, ela se assume um pouco mais safada do que o normal. Não vou negar que eu estava adorando esse jogo de gato e rato, mas tomava bastante cuidado para não sairmos machucadas nisso tudo.
Veja! Não quero que após rolar, seja lá o que for entre nós duas, nos vermos arrependidas. Isso aconteceu há três anos atrás, quando levei nossa filha pela primeira vez em Boston, quando ela ainda tinha cinco meses. O que rolou aquela noite me fez corroer remorso e o arrependimento durante quase duas semanas seguintes. Foi nosso primeiro e último remember.
Encarava o teto segurando meu telefone celular no peito, quando o mesmo vibrou tirando-me do transe. E ao mesmo tempo, ouvi mais alguns toques na porta.
ー
Gizelly:
Vai me deixar plantada aqui?
ーSuspirei fundo e levantei. Eu não sabia o que me aguardava após eu abrir a porta, mas confesso que estava morta de curiosidade.
Girei a maçaneta e abri de vagar. Gizelly estava encostada na parede a frente, com os cabelos soltos e meio bagunçados, um sorriso pequeno nos lábios. Porém, cafajeste demais.
- Achei que ia ficar aqui a noite toda.- Ela disse de forma brincalhona, e eu não consegui reagir. Reparava em seus trages. Camiseta regata indo até o início de suas coxas, e cueca boxer. Arregalei os olhos engolindo em seco.
- Não vai mesmo me convidar pra entrar?-Há um sorriso divertido brincando em seus lábios. Ela sabe como me deixar desconcertada.
- Entre!- Dei espaço e ela passou por mim, com um sorriso maroto. Enquanto fechava a porta, vi seus olhos correr o quarto, como se estivesse procurando por algo ou alguém. Ela logo me encarou de volta.
- O que fazia acordada aqui, sozinha?-- O mesmo que você, pelo visto.- Minha resposta a fez sorrir travesso.
- Estava pensando em mim?-
- Quê??? Não!-
- Era o que eu estava fazendo.-
- Pensando em você mesma?- Perguntei e ela riu.
- Pensando em você!- E com isso, ela deu um passo à frente. - Doida pra subir até aqui e atrapalhar qualquer coisa que fosse.-
- Pelo que vê, não ia atrapalhar nada.- Falei engolindo em seco, quando ela deu outro passo. - Aliás, está atrapalhando agora.-
- O quê, afinal?- Cada vez mais perto.
- São quatro da manhã, já disse que tenho compromisso amanhã.-
- Não vai se atrasar.- Seu sorriso arrogante me deixou levemente irritada. Quando ela deu mais um passo para frente, dei um para trás.
- Do que corre? Vamos continuar o que começamos no sábado?-- Sem a conversa que você fez tanta questão?- Serrei os olhos em desafio e ela suspirou uma risada, dando mais um passo.
Minha costa colidiu contra a porta e eu engoli mais uma vez em seco. Estávamos há uma respiração de distância.
- Quer conversar agora?-
- Não é hora pra isso. Tivemos a semana toda e você preferiu não falar comigo.-