64 - Tempo.

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GIZELLY

Horas atrás...

Suspirei cansada pela enésima vez aquela tarde, tendo a mesa de meu escritório lotada de papéis e documentos. Esses que continham os balancetes de todo o mês, e relatórios já entregues e lançados no sistema.

Minha cabeça dava um giro de trezentos e sessenta graus, todas as vezes em que eu punha os olhos nos gráficos espelhados na tela do meu computador. A preocupação rondava-me por completo, fazendo-me pensar somente nisso ultimamente. Com o processo, e a possível perca no caso, o hospital se submeteria a devolver a quantia estipulada pelo juiz, e com isso, levaríamos um rombo considerável no caixa. Nosso hospital é de grande porte e valor, nunca erramos ou sequer vacilamos com quaisquer paciente. Portanto se isso vier a acontecer, eu como a gestora da empresa, vou ter que me virar em dez para resolver todos os desfalques que esse gasto vai nos trazer. Incluindo o pagamento dos funcionários, as contas mensal, imposto de renda, e entre outros.

Eu teria que simplesmente, fazer o dinheiro render.

Retirei o óculos de meus olhos, pondo meus cotovelos sobre a mesa, apoiando minha cabeça com as mãos logo em seguida, segurando meus cabelos com os dedos. Bufei extremamente preocupada e exausta encarando a madeira da mesma, pensando em tudo que me aguardava após o veredito.

Seria no mínimo alguns meses até recuperarmos o saldo normal do caixa. E sem deixar a empresa cair em crise.

- Posso entrar?- A voz de Felipe me fez levantar a cabeça, encarando a porta.

- Só não me venha com mais problemas.- Choraminguei, fazendo-o rir enquanto adentrada a sala.

- Isso é jeito de receber seu irmão?-

- Você é o advogado do hospital, e pra estar aparecendo aqui uma hora dessa e ainda de terno e gravata, só pode estar trazendo notícias do processo. Que ultimamente não são nada boas.-

- Ou não.- Seu tom levemente descontraído me fez encara-lo ainda mais em expectativa. Ele logo se sentou em minha frente.

- Desembucha homem!-

- Calma Furacão! Não vai me oferecer um suco ou uma água? Bebida alcóolica eu sei que não tem.-

- Claro que não. Estamos em um hospital.- Me levantei, seguindo até o buffet de bebidas. - Ultimamente estou na base do café e do chá de camomila.-

- Quero um café então, com duas gotinhas de adoçante. Tem aí?-

- Por sorte tem.-

- Sorte mesmo! Sei que você bebe ele sem açúcar. Só não sei como consegue.-

Soltei um suspiro risonho, enquanto despejava o líquido escuro e quente sobre a xícara, para logo em seguida pingar as gotas de adoçante. Despejei mais um tanto em uma segunda xícara e peguei as duas, oferecendo uma delas para o meu amigo.

Enquanto ele bebericava com todo o cuidado do mundo para não queimar a ponta da língua e dos lábios, fui tomada pelo anseio, me sentando agora mais relaxada na cadeira.

- Agora me diz o que te trouxe aqui, Prior. Estou me contorcendo em agonia.-

- Vim tirar você um pouco desse escritório. Tenho aqui dois ingressos sobrando para um jogo de hugby. Um deles já é do Galina, que está vindo nos encontrar. O outro é seu.-

- Por mais que seja tentador esse convite, mas sem condição. Vou encerrar meu expediente daqui a pouco, e eu só quero minha casinha.-

- Ah não, Gizelly. Você precisa reagir, sair um pouco... Sua vida só gira em torno desse problema agora. Isso não faz bem.-

Duas garotas, Um encontro! 2Onde histórias criam vida. Descubra agora