GIZELLY
Esses quatros dias no litoral me fez bem, pois consegui de fato me desligar de tudo para descansar mente e corpo. O hotel onde fiquei se localizava na serra, me proporcionando uma visão privilegiada das montanhas e florestas ao redor. Apesar da saudade que eu estava de todos, me permiti viver esses dias reclusa. Depois do que enfrentamos no hospital, e em particular a minha vida conjugal, foi uma ótima válvula de escape.
Matei a saudade dos meus filhos durante dois dias seguidos. Na quinta-feira e na sexta, antes de devolve-los para Rafaella.
Na quarta-feira quando cheguei e fui até o condomínio, fiquei feliz em ver que o clima entre ela e Sofia havia voltado ao normal. Fiquei ainda mais feliz em ouvi-la dizer que Bárbara não voltaria mais ali. E talvez fosse por isso que eu estive mais aberta em aceitar ficar para jantar, entre conversas amenas e brincadeiras. Jantar esse que me surpreendeu, estranhamente, pelo cardápio.
Depois que deixei os dois com Rafaella, a qual estava terminando de arrumar as coisas, voltei para casa. Sebastião ficou encarregado de leva-los até Búzios no final da tarde, e assim fiquei mais tranquila. Porém pedi mais de algumas vezes para que ela me ligasse em qualquer situação.
O restante da sexta-feira foi de preocupação com eles na estrada. E não vou me enganar, eu estava com o coração pequeno por eles terem ido sem mim. Mas eu não podia nem sequer argumentar, pois eu também viajei sem eles. Seria muito egoísmo da minha parte. E quando o relógio apontou para às sete e quarenta da noite, Rafaella me mandou uma mensagem dizendo ter chego e que estava indo jantar com os dois e o pai. Sebastião voltaria para o Rio somente depois de deixar a filha e os netos instalado no loft.
No dia seguinte de sábado, me permiti acordar um pouco tarde. E quando bateu dez da manhã, levantei e tomei um banho. Tinha um almoço marcado com Marcela e Luiza, e após ter me aprontado para tal, deixei meu apartamento para me encontrar com elas no restaurante onde marcamos.
O almoço foi tranquilo. Tivemos momentos de descontração, mas também tivemos momentos sérios. Onde compartilhamos sobre nossas dificuldades pessoais e profissionais. Quando resolvemos nos despedir, acertamos a conta e deixamos o estabelecimento. E ao invés de eu ir para casa, optei por passar na casa de minha mãe. Eu estava tão deslocada sem Rafaella e as crianças, que de alguma maneira eu me sentia perdida.
Passei o início de tarde ali, com minha vó, mãe, Gustavo e Isabela. Entre jogos de tabuleiros e cartas. Risadas e conversas divertidas. Quando o relógio atingiu às quatro da tarde, decidi ir pra casa. E assim que cheguei em meu apartamento, logo após um banho, preparei um café fresco e me sentei na varanda da sala. Enquanto assistia toda a vista da rua, degustava da minha xícara um tanto quente em cima do pires. Entre assoprar a mesma e bebericar. Em um dado momento, meu telefone celular a qual estava sobre a mesinha de apoio ao meu lado, vibrou. Era mensagens de Rafaella, que havia me mandado uma sequencia de fotos de nossos filhos. Eles se divertiam no restaurante onde almoçaram, na pracinha, e agora na praia.
Respondi com uma foto minha aqui mesmo onde estou, mostrando a vista e a xícara de café, e a mensagem foi instantaneamente visualizada, porém não foi respondida. No entanto, minutos depois quando cansei de esperar e pus o mesmo de volta na mesinha, ele tocou. Era uma ligação sua.
Ligação on:
G: -"Oi, Rafa!"
R: -"Oi!"
G: -"Como está tudo por aí?"
R: -"Tudo tranquilo até agora. Acordamos tarde hoje, nem aproveitamos o dia. Já descemos na hora do almoço, depois levei eles aqui nessa pracinha, e agora estou tomando uma água de côco com Theo e Pluma aqui na areia. Sofia que não sái da água."