63 - Precisamos conversar!

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RAFAELLA

Desembarquei no aeroporto Santos Dumont às seis e dez da tarde. Gizelly me esperava no estacionamento, juntamente de nossos filhos dentro do carro. Era um final de tarde de um domingo chuvoso, frio. Com isso, vesti minha jaqueta jeans, pendurando minha bolsa em meu ombro, seguindo para onde os três estavam.

Chegando próximo ao carro, ouvi o chorinho manhoso de Theo. Aquele choro a qual eu reconheceria de longe. Tanto de um, quanto dos outros dois que ali estão. Adiantei os passos até que finalmente alcancei o carro e abri a porta do passageiro, vendo Gizelly com nosso bebê em seu colo.

Entrei e me sentei em meu lugar, depositando a bolsa na parte de atrás.

- Ainda ta chatinho?- Perguntei preocupada, pegando-o em meu colo.

- Sim, mas já levei ele na clínica hoje. Vic disse que é a gengiva está inchadinha e dolorida. Por isso ta incomodando.- Gizelly respondeu dando partida no motor.

Theo não parava de resmungar, mordendo as mãozinhas.

- É, filhote? Mamãe sabe que é chato isso, mas vai passar.- Conversava com ele enquanto o colocava em meu peito. Ele prontamente abocanhou como se estivesse há anos sem degustar de seu leite materno. O observei por alguns instantes até me virar para trás, encontrando Sofia em sua cadeirinha. Ela estava centrada em seu tablet. - Ei? A mamãe aqui.- Mexi com ela, que logo levantou o rosto e me encarou em expectativa.

- Vamos fazer o biscoitinho mamãe?-

- Vamos, amor!- Vi seu sorriso animado com a resposta. E logo virei em direção a Gizelly.
- Conseguiu comprar as coisas?-

- Sim. Ta tudo na mala. Fomos no mercado e depois fomos levar o Theo na consulta.- Assenti com sua resposta, voltando a prestar atenção em nosso bebê, que vez ou outra resmungava, ainda no peito. - Vi a Bárbara com vocês ontem, nas fotos que a Bia postou.-

Engoli em seco com seu comentário curioso, me dando conta de que eu não havia comentado que encontramos a mesma por lá.

- Estávamos terminando o jantar quando ela chegou. Parece que tocou por lá esse final de semana.-

- Parece?-

- Ela disse que iria tocar.-

- E não te convidou? Estou surpresa.-

- Sim, mas eu disse que viria pra casa. Não poderia ficar.-

- Hum...- Apesar de seu tom calmo, eu sentia o teor de ironia. - As coincidências dessa menina com você, é incrível.-

Não respondi. Me permitir suspirar lentamente para não entrarmos em conflito, como muitas vezes aquela semana. Aliás, como há algum tempo vem acontecendo. Ela também não voltou dizer nada, apenas continuou dirigindo em direção ao condomínio ondo moro com nossos filhos.

Adentramos o mesmo, e depois de algumas ruas em direção ao bloco onde se encontra o prédio, passamos pela casa onde nos interessou em comprar. É no mesmo bloco da casa onde meus pais mora. É grande, tem um quintal amplo com piscina, e quatro quartos. De apenas um andar. Optamos assim por causa do nosso bebê, que daqui há alguns meses, vai estar engatinhando pela casa, subindo em tudo que vê. Já havíamos visitado o imóvel algumas vezes com a ajuda do corretor, antes de comprarmos o mesmo; só esperávamos as escrituras serem transferidas para o nome de Sofia e Theo, para então nos mudarmos. E se tudo desse certo com as documentações, faríamos isso depois do casamento.

Saí de meus devaneios quando senti o carro frear suavemente em frente a entrada.

- Cê vai ficar aqui hoje?- Perguntei realmente interessada enquanto retirava Theo, que já dormia, do peito. Pois ela não havia estacionado em uma de minhas vagas.

Duas garotas, Um encontro! 2Onde histórias criam vida. Descubra agora