RAFAELLA
O dia amanheceu corrido na agência de turismo. Deixei Sofia na creche-escola antes de vir para o trabalho, e assim que cheguei já fui recebida por pilhas de planilhas em minha mesa.
Passei a manhã toda dando baixa nas entradas e saídas de viagens, combos de passagem e hospedagem, e apenas hospedagem nos hotéis. Estava tudo realmente corrido.
Sofia ligou para Gizelly durante o caminho e combinou dela ir busca-la na hora da saída. E durante a conversa animada entre as duas, recebemos o convite inesperado de nossa filha para almoçarmos juntas. As três. Normalmente, pego ela na escola na hora do almoço e a levo para minha mãe. Lá ela fica com Kelly, ou até mesmo com a vó quando está de folga. Almoçamos todos os dias juntas, e então volto aos meus afazeres. Hoje, porém, Gizelly passaria por aqui com ela para irmos juntas ao restaurante.
Quando o relógio apontou para meio dia, meu telefone celular despertou anunciando meu horário de almoço. Comecei, então, a juntar minhas coisas em minha bolsa para aguarda-las. No entanto, quando eu estava prestes a me comunicar com a mãe da minha filha para saber onde elas se encontravam, ouvi algumas batidas na porta do meu escritório.
- Entre!-
- Rafa...- Marcella pôs o pescoço para dentro da porta, chamando minha atenção. - O Léo está aí.- Revirei os olhos com a informação, voltando minha atenção para meus afazeres.
- Veio com o Eusébio... Ele vai vir em todas as inspeções mesmo?- Sua pergunta em tédio me fez rir.- Deixa de ser implicante. Onde ele está?-
- Na recepção. Eusébio está acompanhando a criação de pacotes, e ele está lá feito um zumbi.-
- Nem comente que ainda estou aqui, já estou de saída.- Mal terminei minha fala e ouvimos outra batida na porta.
- Tarde demais!- Marcella zombou.
- Entre!-- Boa tarde meninas!- Léo entrou com um ursinho infantil em suas mãos e uma caixa de chocolates.
Certa vez, ainda mais novos lá na chácara, estávamos conversando sobre coisas balelas quando respondi seus questionários e disse sobre minha paixão por chocolates. E desde que voltei para o Brasil, e sua descoberta sobre meu status civil, ele não para de trazer bombons e chocolates. O que deixa Sofia possessa.
O pensamento de minha mini Bicalho com uma carranquinha fofa, me fez rir.
- Boa tarde, Léo! Como vai?- Fui em sua direção e o abracei como todas as vezes.
- Vou bem! Trouxe pra você.- Disse sorridente, apontando para os chocolates. - Esse é pra Sosô.-
- Ah, obrigada!- Peguei as coisas e pus, com cuidado, sobre a mesa.
- Bem, vou descer. Qualquer coisa me chama Rafa.- Marcella avisou indo em direção a porta, e eu a encarei como um pedido de socorro. Eu não queria que Sofia chegasse e me visse sozinha com Léo em meu escritório. Porém, minha prima me ignorou e saiu fechando a sala.
Engoli em seco, me encostando na mesa, cruzando meus braços.
- Então? Vim saber se quer, sei lá, almoçar?! Já pegou sua filha na escola?-
- Não, a mãe dela ficou de fazer isso durante toda essa semana.-
- Oh, Gizelly está no Brasil?- Vi sua expressão desapontada ao perguntar.
- Sim! Chegou na sexta-feira.-
- E quando ela volta? Suponho que queira ficar com a filha nesse meio tempo. Podemos fazer aquela viagem que eu sempre te convi...-