RAFAELLA
Acordei por volta das seis da manhã. Exausta.
Suspirei fundo olhando a minha volta, lembrando-me de que eu não estava em meu quarto, e nem sentindo aquele peso em meu corpo. Estava no quarto de hospital acompanhada de Gizelly, que dormia no sofá próximo ao berço hospitalar, onde Theo também dormia tranquilo e calmo. Nem parece que me fez sentir uma dor horrível durante quase seis horas seguidas antes de finalmente nascer.
Os dois dormiam absolutamente iguais. Com a boca entreaberta e o cenho franzido. E ele era a coisa mais linda do mundo.
Soltando outro suspiro longo e extremamente cansado, voltei a relaxar na cama. Meu sono já havia evaporado pois depois que Theo nasceu, por volta das dez da noite, eu apaguei logo após ele ter vindo e ter recebido a primeira amamentação. Ainda era cedo, e daqui a pouquinho ele acordaria para mamar novamente.
Encarando um ponto qualquer e parcialmente escuro no quarto, me permiti pensar em tudo que aconteceu nesse meio tempo. Foi tudo de repente e muito rápido.
Estava em casa por volta dàs onze e meia da manhã quando tudo começou.
Eu já vinha me sentindo um pouco indisposta nos últimos dias. Desde o aniversário de Sofia Theo havia subido, resultando assim em uma constante falta de ar. Eu sentia muita dificuldade, principalmente quando me deitava. Minha barriga esteve dura durante toda aquela semana que sucedeu o aniversário e metade da outra. No entanto, na terceira semana onde completei o nono mês, me senti um pouco aliviada, pois ele desceu e se encaixou completamente. Minha barriga porém, esteve menos dura. E esse era o sinal que doutora Marcela Mcgowan havia me deixado ciente.
Estive a semana inteira em alerta, não sabia qual o dia certo Theo resolveria vir ao mundo, mas sabia que a partir da data em que cheguei aos nove meses, poderia ser qualquer um. Visto que já fazia alguns dias depois disso, chegando assim em minhas quarenta e duas semanas.
Gizelly precisou vir para a reunião, mas muito contragosto. Eu fiz de tudo para deixa-la tranquila e ela prometeu voltar logo. Com isso ela pediu para que minha mãe fosse até minha casa e então ela se foi, porém com muito pesar.
Por volta de meio dia, estava ajudando Sofia no banho pois ela havia chego da creche com Kelly. Foi quando me abaixei para pegar o shampoo que havia caído, e quando voltei a ficar ereta, com um pouco de dificuldade, senti um estalo no pé de minha barriga. Segundos depois senti o líquido escorrer por minhas pernas. Arregalei os olhos com o coração acelerado, pois eu sabia o que aquilo significava. E então com um só grito, chamei por minha mãe.
Eu não estava sentindo dor, e nem os desconfortos dos últimos meses. Apenas o peso da barriga. Minha mãe em desespero, e a todo tempo chamando minha atenção de maneira ríspida por eu ter feito esse esforço tão grande, ligou para meu pai que me trouxe com rapidez. Fui consultada por Marcela e posto em um quarto de pré parto com soro em minha veia. A intenção era antecipar as contrações as quais eu não estava sentindo, e nem senti. Foram horas dentro daquele quarto, entre receber visita de uma enfermeira, da obstetra, minha sogra e minha noiva, que assim como minha mãe, estava uma pilha.
Fiquei de uma da tarde até às cinco e meia esperando, e nada das dores vir. Até que Marcela optou pelo parto cesárea, pois eu não podia passar das quarenta e oito horas; visto que minha bolsa já havia sido rompida. Todavia, quando ela e os outros cirurgiões estavam preparando a sala de parto, as primeira contrações vieram. Vieram fracas, me fazendo sentir uma cólica suportável, que foram intensificando conforme as horas foram passando. Eu já estava a ponto de morder o braço de Gizelly com as dores crescendo em meu ventre. No entanto, eu teria que esperar um pouco mais, até o colo do útero dilatar totalmente e atingir os dez centímetros.