HELAENA TARGARYEN
Fazia apenas dois dias que havíamos retornado para Porto Real, e ainda não conseguia ver ele. Aemond não estava em seu quarto e sim em um leito improvisado pelo grande meistre para que possa se dedicar por completo nos cuidados dele. Mamãe contou tudo que havia acontecido: a briga dos sobrinhos com o tio, a forma que Aemond domou Vhagar, o afastamento permanente da nossa família. Eu estava triste por tudo que aconteceu, principalmente por Aemond.
Aegon andava sumido desde os acontecimentos que sucederam em Derivamarca. Segundo o nosso avô, "o Aegon tinha o dever de proteger o Aemond dos sobrinhos bastardos, e falhou, pois estava bêbado.". Não entendo como pode ser falha dele, ele não tem obrigação alguma sobre nós e o que cada um apronta. Era difícil sentir pena do Aegon por ser tão cruel e ignorante com os outros, mas é compreensível entender o que ele se tornou, a arma (im)perfeita dos verdes, sim, VERDES! Agora somos abertamente a família verde por causa do lado Hightower de nosso sangue.
Durante os jantares, mamãe pediu para não incomodar nosso pai e não comentar sobre as conversas que temos em particular com ela e vovô. Nosso pai é cego e relapso e não percebe tudo que acontece – literalmente – pelas suas costas, mas todos nós temos medo de contar algo e sermos desacreditados. O novo conselho do rei é repleto de figuras escolhidas pela nossa mãe e avô. Não entendo absolutamente nada de política e gestão de um continente inteiro, mas eu sei o que é o medo e estar à deriva.
Após dois frenéticos dias de limpeza do jardim, retirando as ervas daninha para me distrair. Sento na pedra de mármore, a mesma que encontrei Aemond no meu aniversário anos atrás. Apreciando meu trabalho, noto o sor Criston Cole se aproximando de mim.
— Princesa, seu irmão está novamente no quarto e gostaria de vê-la. Sua mãe pediu para lhe chamar — informa o guarda real.
Ele mal termina de falar e já estou em pé a caminho do quarto de Aemond.Ao entrar no quarto, logo vejo o lado direito do rosto de Aemond enfaixado. Sento na cama e seguro sua mão, ignorando nossa mãe e o grande meistre que estão lá também.
— Aemond, como você está se sentindo? — pergunto para ele, alisando sua mão.
— Estou bem. Um olho por um dragão não é nada — respondeu Aemond sarcasticamente.
Faço uma careta para resposta e uma nota mental para abordar com ele essa forma dele agir para esconder as suas frustações. Algo mudou em Aemond, não preciso nem olhar para agora seu único olho para entendê-lo.
— Vou ler sobre a Conquista para você, Aemond! — falo para ele, mas em especial para que nossa mãe e o meistre saiam do quarto logo.
Levanto e vou até meu quarto no andar de baixo para pegar "O Mundo de Gelo e Fogo" com a história de relatos sobre os mais de 100 anos sobre a nossa casa.
Ao retornar ao quarto, mamãe e o grande meistre já saíram. Fecho a porta e coloco o livro na cômoda ao lado da cama de Aemond. Deito ao seu lado e sinto-o congelar no lugar. Levanto a cabeça e olho para ele.
— Mond, me conte a verdade sobre aquele dia em Derivamarca — peço para ele, pois sei que nossa família aumenta diversas situações.— A verdade é que os "Strong" são tudo aquilo que mamãe sempre disse para nós: inúteis, bastardos e invejosos. Vhagar é minha, essa conquista pertence somente a mim. Foi incrível estar sobre ela, Hela, agora consigo entender a ligação que você e nossos outros irmãos têm com seus dragões — diz Aemond.
Reparo que ele começou a chamar os nossos sobrinhos de Strong, isso é algo que mamãe sempre diz sobre eles. Não tenho problema com a origem do nascimento deles, mas assim como todos de nossa família Targaryen, seja ela: verde ou não, somos feitos de Fogo & Sangue e não posso esquecer o que fizeram com Aemond. Chego mais perto do corpo dele e coloco a mão em seu peito.
— Aemond, você parece satisfeito por ter perdido um olho, mas você está agindo daquela forma desdenhosa quando está chateado ou com vontade de se vingar — falo para ele, agora sem olhar em seu rosto.Ele solta um longo suspiro e coloca a mão sobre a minha. Mas ele se fecha novamente.
— Quando estava naquele pátio sangrando, só pensei em toda a dor e ódio, mas também pensei em você, Hela, e como você reagiria a me ver dessa forma. Você é tão linda e ama tudo que é belo, como poderá ficar perto de mim com essa deformação? — diz Aemond com tom de voz triste.
Levanto o corpo e me apoio em um dos cotovelos para falar diretamente para ele.
— O importante para mim é você estar bem. Cicatrizes fazem parte da vida de um guerreiro. Não é seu desejo ser o melhor espadachim de Westeros?
— Sim. E um dia eu serei — responde Aemond sonolento.Escuto a respiração do Aemond ficar mais lenta. O grande meistre teve ter dado para ele leite de papoula para dor, enquanto fui ao meu quarto buscar o livro. Olhando para seu rosto que está em paz dormindo, sei que há mais de uma cicatriz. E essas cicatrizes não se curam facilmente.
Deito novamente ao lado dele e coloco a cabeça perto de seu ombro. Por anos, Aemond vem sendo meu melhor amigo. Jamais deixaria de estar ao lado dele, principalmente agora que está tão ferido por fora e por dentro.
Aemond me perguntou como posso ficar perto dele depois de ferido, a resposta está na sua mesma pergunta. Para mim, Aemond é tudo que é belo.
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Presságios e Safiras | helaemond (CONCLUÍDO)
RomansaDinastia dos Dragões: A história de amor agridoce de Helaemond merece ser contada. Casa Targaryen é conhecida por reinado de glórias, poder, sangue e dragões. Nessa história de romance destruidor e proibido: A jovem Helaena Targaryen sofre as adver...