11. Ernes Martell

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HELAENA TARGARYEN

— Está parecendo uma vaca que ainda não foi ordenhada, mas está melhor do que estava anos atrás — alfineta mamãe, após me encontrar pronta para o baile que será realizado daqui a pouco.

Fecho os olhos e respiro fundo, minha mãe me magoa todas às vezes que destaca meus defeitos. Olho para meu vestido azul-cobalto. O decote é em forma de canoa que mostra um pouco demais os meus seios. Meu corpete está ajustado de forma que não sufoque, pedi para Cecy (aia) me ajudar com isso. Não tenho cinturinha fina de mamãe, mas não me sinto enorme como ela diz, talvez meus seios sejam grandes demais. Não vou deixar que a sua falta de afeição me machuque hoje.

Meu corpo foi mudando rapidamente com o tempo. De magra demais sem curvas, para um corpo feito delas. Eu não era deleite do reino como minha irmã foi anos antes, mas eu era referida como uma bela flor em fase de desabrochamento.

Olho para o espelho do meu quarto e termino de ajustar o cacho que estava começando a se desfazer. Desde que retornei do jantar de ontem, Cecy fez meus cachos e os prendeu para que ela pudesse soltar pela manhã. Meu cabelo está com quatro largas tranças que se unem atrás em um nó elegante no alto, o restante do cabelo fica solto nas costas em forma de cachos.

Estou com a tiara de prata e a pulseira que Rhaenyra me deu de aniversário. Mamãe insistiu para passar um pouco de pintura nos lábios; tem gosto e cheiro de morango, e é um tom rosa que apenas ressalta meus lábios e os deixa em evidência.

— Os deuses que me ouça hoje. Seu avô quer soldar todos os cavalheiros legíveis essa semana para conseguir apoio para nossa casa — diz mamãe com raiva, do que, realmente não sei.

Casa que ela se refere é a Hightower, não a Targaryen. Não quero me casar com ninguém. Quero continuar cuidando do meu jardim. Voar com Dreamfyre por todos os lugares e viver em paz. Gostaria de um dia de ser mãe, adoraria ensinar-lhes tudo sobre o poder das ervas e flores, mas precisaria casar, talvez com o lorde certo. No mesmo instante penso em Aemond e seus lábios que se curvam nos cantos todas as vezes que sorri para mim.

Mamãe estrala os dedos na frente do meu rosto.

— Você estava tendo aquelas visões de louca novamente? — pergunta Alicent, com impaciência.

— Não, mamãe. Apenas pensando no baile de hoje — respondo.

— Não me envergonhe hoje com suas estranhezas — mamãe diz, com aquele tom que acredita que eu sou estranha porque quero.

A verdade é que essas visões e sonhos que tenho se concretizaram. No entanto não explico para ninguém.

Dragão de Pedra = presente do Aemond
Coração de Pedra = quando Aemond isola seu coração
Um dragão fechará um olho = Aemond perde a visão do olho direito
Um novo dragão forjado na noite = Rhaenyra e Daemon geram um filho

Só resta saber o que será o olho de pedra. E alguns outros presságios que não obtive resposta.

Respirando fundo caminho até a saída do quarto junto com mamãe. Encontro algumas das minhas damas de companhia me esperando.

O dia inicia com papai agradecendo a presença de todos. Ele sorri para mim e beija a minha testa. Explica que a sua herdeira está em condições de trazer ao mundo seu mais novo neto, e por isso não estará presente. e deseja à todos uma ótima semana.

Todos nós brindamos a minha boa saúde e anos de vida. O salão está belíssimo com velas por todos os lados, as mesas para cada casa dos Sete Reinos. Até mesmo a família Martell está presente.

Olho ao redor e observo alguns jovens cavalheiros me encarando. Desvio o olhar daqueles mais descarados e fico com as bochechas em chamas. Ao meu lado está Aegon e ao seu lado Aemond. Localizo Daeron ao lado de mamãe comendo um creme de chocolate delicioso. Mamãe me proibiu de comer doces faz três semanas. Desde então sonho com aquelas sobremesas deliciosas.


Desfrutamos do banquete, de boas conversas e risadas. Após cada lorde das grandes casas se ajoelha para meu pai juntamente com sua família e herdeiros. A primeira casa é a Baratheon, os pais de Beres me felicitam pelo dia do meu nome.

Beres Baratheon, de olhos azuis claros e cabelos negros sorri para mim.

— Minha princesa, você é tão bela quanto as estrelas vista de Ponta Tempestade. Que a donzela permita a sua longevidade — diz ele, entregando um presente.

É um lindo livro sobre a história dos grandes guardas reais de Westeros. Agradeço e dou um sorriso tímido para ele.

Todos se curvam para o meu pai. Me bajulam muito mais do que na última vez e me entregam presentes. O último a vir até nós é os Martell. O silêncio se faz presente no momento que eles se aproximam.

O príncipe de Dorne é belo até mesmo para sua idade. Seus cabelos grisalhos curtos sobre a cabeça. Sua esposa é bela também com os cabelos cacheados e negros. Mas é o filho deles que chama minha atenção. Seus olhos.... seu olhos são tão negros como seu cabelo. Sua roupa em cores laranja com dourado destacam seu tom de pele.

Os três fazem uma mensura de cumprimento e não se curvam - seguem sendo o único reino a não se curvar para os dragões.

O jovem Martell dá um passo para a frente com os olhos cravados em mim.

— Princesa, felicitações pelo dia de seu nome. Gostaria de lhe presentar com uma tiara com gemas de pedras preciosas — diz o formoso dornês.

Ele caminha diretamente para mim, diferente dos outros que nem se aproximaram. Ele coloca uma caixa linda de cor amarelo-queimado na minha frente. Abro a caixa encontrando a tiara mais linda que já vi cheia de pedras de diamante.

— Se a princesa me permiti... — começa dizendo o futuro príncipe de Dorne, enquanto levanta sua mão para mim, mas uma pessoa corta o que ele iria fazer e dizer.

— Não toque na minha irmã — diz uma voz. Eu levo um susto e olho para o lado, fico surpresa demais por saber que quem disse foi o Aegon.

 O que é isso? Ele nunca se importou com nada relacionada a mim.

— Aegon! — repreende nossa mãe.

Fico nervosa por toda atenção que estamos tendo e procuro por um apoio. Encontro o único olhar capaz de me perfurar. Aemond está olhando fixamente para mim, com a mandíbula travada e com uma postura de ferro.

— Obr... obrigada! Eu realmente amei o presente. É belíssimo demais, guardarei com todo coração — respondo virando o rosto que está em chamas para o príncipe herdeiro.

Ernes Martell lança um olhar de desdém para Aegon e volta sua atenção para mim.

— Eu que agradeço, princesa! Se me permitir... como iria dizer antes de ser interrompido. Gostaria de ter a primeira dança da noite — diz ele com um sorriso encantador.

Esse homem além de ser terrivelmente atraente, ainda fez o Aegon fazer papel de bobo, pois a intenção não era pedir a primeira dança, e sim ele mesmo tirar a tiara que estou usando para colocar a sua.

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(Nota: Gostaram do Ernes? Confesso que amo quando a protagonista tem vários interesses. Infelizmente esse personagem não existe em FB (Fire and Blood), mas eu precisava inserir ele nessa história).

Presságios e Safiras | helaemond (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora