49. Ousado amor

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HELAENA TARGARYEN

Fazia duas semanas que Jaehaerys estava curado da Febre do Outono. Nosso pai também se curou por completo, mas parece ter envelhecido uns dez anos. Ele passou mais tempo deitado do que sentado ou fora do quarto desde que ficou doente.

Rhaenyra ficou feliz também por Jaehaerys estar salvo da febre. Seu jovem Aegon também estava bem, mas se tornou uma criança mais quieta e fatigada. Os Meistres diziam que ele pode ter ficado com sequelas, no entanto não corre nenhum risco de vida.

Aegon voltou ao seu normal, bebendo todas as noites e visitando os gêmeos às vezes. Não conversamos sobre aqueles dias horríveis que cada um passou a sua maneira. Quando ele descobriu que Jaehaerys não corria mais risco, visitou ele e deixei os dois sozinhos.

Jaehaera voltou para o quarto das crianças sendo seguida pelo seu dragão Morghul. Os dragões ás vezes ficavam no quarto das crianças seguindo eles, mas boa parte dos dias passavam no Fosso dos Dragões próximos da Dreamfyre. Minha querida dragão é uma mãe atenciosa também.

Morghul tem a cor verde-mar brilhante e os olhos iguais de Shrykos. Quando os vi pela primeira vez fiquei chocada por eles terem os mesmos olhos dos dragões do meu sonho. Não contei para ninguém sobre isso.

Aemond dormiu por dias também quando soube que eu e os gêmeos estávamos bem. Ele pelo menos conseguia tomar banho e se alimentar durante as minhas piores semanas. Sua força foi fundamental para me ajudar a enfrentar esses dias. Acredito que nunca irei conseguir agradecer o suficiente.

A noite cai de forma fria hoje. Após ver os gêmeos deixei eles bem aquecidos e voltei para meu quarto. Estou esperando Aemond enquanto mexo na lareira. Minutos depois escuto a porta da passagem secreta fazendo barulho.

Aemond entra no quarto sem camisa, apenas com os calções verde escuro grudados em suas coxas magras e esculpidas. Suas botas pretas lustradas brilham com a luz das chamas. Ergo o olhar para seu peito claro e marcado por músculos. Sinto um arrepio pelo corpo.

Seus olhos desiguais estão me encarando também. A energia entre nós é intensa demais quando estamos sozinhos. Não consigo desgrudar os olhos dele e sinto seu olhar me acariciando em todos os lugares. Suas mãos são grandes e fortes e, seu rosto longo e marcado por uma cicatriz enorme faz meu sangue ferver em vários lugares proibidos.

— Hoje está muito frio, não acha? — pergunto para ele. — Vamos deitar embaixo das cobertas.

Aemond caminha até a cama. Ele senta e começa a tirar as botas. Seu corpo grande deita para trás. Subo na cama ao seu lado puxando as cobertas sobre nós. Deito minha cabeça sobre seu peito inalando seu cheiro limpo de sabão e de cravo.

Minha mão encontra a sua sobre as cobertas, entrelaçamos nossos dedos. Ergo a cabeça para olhar para ele. Aemond está quieto demais.

— O que foi, meu amor? — pergunto.

— Até quando teremos que ficar assim se escondendo dos outros e sempre alertas para não sermos pegos? Isso entre nós não é errado. Não deveria ser assim... — sinto o ar pesado saindo do seu peito.

— Não deveria... infelizmente é assim. Eu queria também não viver me escondendo. Se formos expostos iremos sofrer com isso. Você poderá ser exilado ou tirado de perto de mim. Eu ficarei marcada como adúltera e péssima esposa. Você sabe o quanto é ruim para as mulheres que não correspondem com os costumes? — pergunto olhando para ele. — Temos nossa própria irmã sendo motivo de piada e menosprezada por isso.

Presságios e Safiras | helaemond (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora