52. O pecador e a santa

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AEMOND TARGARYEN

Sempre tive muito medo de perder Helaena. A primeira vez foi quando ela foi cortejada pelo príncipe dornês. Na segunda vez quando ela se casou com o Aegon. Na terceira vez quando eu vi a mulher que eu amava definhar por conta do seu filho doente e, em todas vezes ela esteve comigo e voltava para mim. Hoje ela nem olha mais na minha direção. Tento fazer nossos olhares se cruzarem, mas nem isso consigo. Tivemos discussões, mas nunca foi dessa forma nem quando ficamos mais dias sem nós falar.

Nunca pensei que ficaria tão sozinho e nunca doeu tanto ser rejeitado por ela. Dói mais ainda por saber que ela está carregando um filho meu.

Hoje é o terceiro dia que não se falamos ou ficamos juntos. Entro no quarto das crianças para matar a saudade deles e vejo Helaena sentada na poltrona de cabeça baixa bordando algo. Os gêmeos correm para mim agarrando minhas pernas.

— Papai! Dagão papai — a pequena Jaeh me entrega o brinquedo de madeira em formato de dragão novo que eu comprei.

Sorrio. Ela ama dragões.

— Jaehaera — chama Helaena largando o bordando —, vem aqui com a mamãe.

Fico olhando para elas com o dragão de madeira na mão. Jaehaera corre até ela se jogando na pernas da mãe.

— O que a mamãe disse? O papai é o Aegon. Ele — aponta Hela para mim. —, É o Tio Amon, lembra?

Rys está agarrado na minha perna olhando para a mãe com o dedo na boca. Desvio o olhar dele para ela quando termina de falar. Sinto uma dor no peito. Abaixo a cabeça olhando pro dragão que mandei fazer para Helaena.

— Papai — diz Jaeh sorrindo e apontando o dedo para mim e assentindo efusivamente com a cabeça. — Papai Amon.

— Papai — repete Rys esticando os bracinhos para eu pegar ele no colo.

Pego ele no colo dando um beijo em sua bochecha fofa. Ele está tão grande e seu cabelo é cacheado como do Aegon. Ele é o pai deles, não eu.

— Jaeh e Rys o papai é o Aegon que tem bigode — Helaena diz imitando um para eles. — Aemond, poderia nos deixar a sós?

Ela pergunta sem olhar para mim. Solto o pequeno Rys no chão e saio do quarto como ela pediu. O que foi que eu fiz?

Hoje faz uma semana que não converso com Helaena. Vejo ela todos os dias pela manhã no Jardim sozinha ou com as crianças. Fico olhando da janela do meu quarto da mesma forma que eu fazia quando era criança. As crianças estão no pátio brincando sobre uma toalha e comendo bolinhos. Rys agora atira um na irmã. Sorrio comigo mesmo.

Está fazendo um dia lindo, pelo menos o céu está feliz. Eu não fiz nada estúpido como foi anos atrás. A situação é muito mais complicada do que antes, agora ela está casada, tem os gêmeos e mais um bebê a caminho.

Encosto a testa no canto da janela olhando para o céu brilhante e sem nuvens. Helaena esteve comigo em todos os momentos bons e ruins. Ela não me rejeitou quando matei o Sor Criston Cole, ela não me rejeitou quando dei uma surra no Aegon quase matando-o... ela sempre entendia, mas ela não entende o que é estar no meu lugar quando meu mundo desabou. Que tipo de irmão eu sou por desejar a morte do meu próprio sangue?

Sobre os Strong... ela tem razão. Eles não fizeram mais nada, mas como perdoar uma injustiça? Cometendo outra seria justiça? Luke pediu perdão, uma voz sussurra na minha cabeça.

Estalo a língua lembrando que meu pai não fez nada e que a situação toda foi perdoada, e eu paguei o preço, mas eu tenho Vhagar, o amor puro dos gêmeos e o coração de Helaena e isso não posso dizer que os outros tenham tanta sorte. Preciso ainda continuar insistindo em vingança? Matar nenhum deles resolveria meu problema. Helaena carrega meu filho, ele terá inimigos se eu fizer algo ou se souberem sobre sua bastardia.

Presságios e Safiras | helaemond (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora