4. Adeus em Derivamarca

1.3K 179 19
                                    

HELAENA TARGARYEN

Voar com Dreamfyre era sempre maravilhoso. Ver tudo de cima, a imensidão do mar, sentir o cheiro da natureza no ar e especular sobre as terras nas planícies distantes.

Eu e Dreamfyre chegamos na frente de nossos pais e irmãos em Derivamarca. Aegon já havia aterrisado no chão antes de mim, ele agora estava em pé no chão ao lado do dragão passando a mão pelo couro dourado e quente de Sunfyre. Ele depois caminha até a porta lateral do castelo Velaryon.

Descendo da sela, acaricio a asa direita de Dreamfyre. Olhando em volta, percebo Meleys, a Rainha Vermelha deitada embaixo de uma árvore na tentativa talvez de se manter afastada dos outros dragões, mas ela era muito grande para passar despercebida. A pobrezinha deve estar sentindo toda a dor da princesa Rhaenys. Procuro os outros dragões e não localizo mais nenhum.

Sunfyre passa por Meleys, a mesma levanta a cabeça e observa o dragão de Aegon ir em busca das sombras. Dreamfyre estende as asas chamando a minha atenção, percebo que ela está cansada.

— Você é uma linda preguiçosa — vejo ela ir até Meleys.

É a primeira vez que visito outro lugar. Derivamarca é uma ilha com uma longa ponta a oeste de Pedra do Dragão. Enquanto, estou olhando o castelo, uma mão toca no meu ombro. Virando, encontro Aemond atrás de mim.

— Mond! Vocês já chegaram. Os dragões estão ali do lado no campo aberto, são tão incríveis juntos — digo sonhadora para ele.

Aemond me olha com atenção. Meu cabelo está solto pelas costas e meu vestido é verde escuro. Uma sombra passa pelos seus olhos antes de ele sorrir de canto.

— Realmente, Hela! Eles devem adorar estar juntinhos — diz Aemond com sarcasmo.

Não gosto quando ele está dessa forma, é porque algo está incomodando ou ele está chateado. Quando Aemond está agindo assim, tende a ser impulsivo e vingativo.

— Aconteceu algo durante a viagem com papai e mamãe? — pergunto preocupada.

— O de sempre irmã, nossos adoráveis pais e avô falando sobre acordos e mais acordos — responde Aemond sem me olhar nos olhos.

Por mais que eu seja tímida e prefira estar sozinha do que estar em ambiente social. Sempre olho diretamente nos olhos das pessoas, acredito que através deles possamos saber sobre as verdades e as mentiras que as pessoas tanto tentam esconder.

— Tudo bem, Mond. Quando quiser conversar ou precisar de mim, estarei disponível — digo apertando seu braço e olhando acima do ombro dele para nossos pais e sua corte chegando perto do castelo.

Após darmos os pêsames para a família Velaryon, caminho até Rhaenyra e abraço fortemente.

— Sinto muito, por sua perda, irmã. Espero que os deuses estejam aliviando seu coração — digo com toda sinceridade para Rhaenyra.

Saindo do abraço, Rhaenyra me dá um sorriso fraco e um beijo na bochecha.

— Eles estão sim, obrigada irmã — diz ela, mas logo partindo quando o tio Daemon entra na sala.

As trocas de condolências são feitas e saímos para o pátio de frente ao mar. Localizo Seasmoke do lado de fora perto da pira do corpo do lorde Laenor. Ele é um dragão espetacular de cor cinza-claro, antes um dragão selvagem que nunca havia sido domado, até seu falecido cavaleiro. Despedidas são feitas ao herdeiro da Casa Velaryon e a cerimônia não dura muito, talvez pela intensidade de sofrimento da princesa Rhaenys e do lorde Corlys Velaryon.

Sinto-me desconfortável com toda essa aura fúnebre. Sinto meus olhos ficarem embaçados após Seasmoke queimar o corpo do Laenor.

Um dragão fechará um olho para sempre. Um novo dragão será forjado essa noite — digo para ninguém em particular.

Sinto meu braço ser beliscado, piscando os olhos, olho para quem me machucou. Mamãe está me olhando em plena fúria. Ao nosso redor, todos estão me encarando de várias formas diferentes, só que silenciosamente.

Busco o olhar de Aemond entre todos, mas encontro apenas fogo na minha frente.

Presságios e Safiras | helaemond (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora