37. Sabor amargo

1K 127 57
                                    

AEMOND TARGARYEN

Faz horas que deixei Helaena no quarto  com nosssa mãe e as aias. A parteira chegou logo depois com a Rhaenyra. Não recebemos notícias faz bastante tempo. Sinto que vou enlouquecer de preocupação. Várias mulheres da nossa família morreram no parto. Meu coração bate dolorosamente só em pensar em perdê-la.

Estamos na sala algumas portas de onde ela está. Está comigo na sala: Daeron que cresceu bastante nesses últimos tempos; Nosso avô que chegou uma hora atrás e nosso pai que chegou horas antes. Cada um está sentado em um canto e todos calados. A porta do salão está aberta e posso ver a sombra de Aegon andando pelo corredor.

Ainda não se falamos e nem olhei para a cara dele. Ele estava dormindo de ressaca quando Hela entrou em trabalho de parto. Pelo menos vai estar presente para ver os filhos.

Inveja corrói meu corpo inteiro. Queria que fosse a minha esposa e meus filhos. Aegon não merece a família que tem. Você prometeu se controlar, sussurrou uma voz para mim. Fecho as mãos em punho e levanto até o aparador de bebidas. Sirvo-me de uma taça de vinho doce. Se não tivesse feito tantas coisas imprudentes poderia estar sendo nós... só o destino saberia o que teria acontecido.

Estou voltando para sentar novamente quando escuto alguém gritando. Só pode ser Helaena. Fico tenso e atento enquanto vou até as grandes portas. Fico encostado na parede tomando meu vinho. Deuses nunca pedi nada, por favor cuide da minha elilla.

Fecho os olhos ficando cada vez mais nervoso em escutar seus gritos. Escutamos o som de um rugido de dragão. Dreamfyre. Ela não está junto de Hela, mas a ligação deixa elas vinculadas em todos os momentos, principalmente os mais delicados.

É possível escutar um choro estridente de bebê. Abro os olhos e vejo Daeron sorrindo. O primeiro veio. Ouço uma voz no corredor gritando algo para Aegon. Só escuto o final: uma menina. Sorrio. Será tão linda quanto Hela.

Um tempo depois escuto outro choro de bebê. Vou até a porta e vejo Aegon sentado numa cadeira no corredor.

— É um menino! A princesa está bem e sendo tratada no momento — diz uma das aias. Eu sinto o ar saindo dos meus pulmões que nem sabia estar segurando. Estou feliz por Hela, ela será uma mãe tão boa.

Volto para a sala e sento em uma cadeira. Papai está conversando com meu avô. Minutos se passam e o Aegon entra na sala sendo parabenizado por todos. Como se ele tivesse feito grande coisa. Reviro o olho.

Aegon está a mesma coisa que antes. Seus cabelos estão mais curtos, mas o bigode ainda é sua marca. Seu nariz está torto e tem uma cicatriz no supercílio. Ele está sorrindo agora enquanto se serve de uma bebida e senta perto de nós. Ele me ignora e eu também finjo que ele não está nessa sala.

Ouço vozes no corredor. Minha mãe entra na sala com um embrulho em seus braços. Ela está sorrindo e vai até o Aegon entregando em seus braços um dos bebês.

— Esse é o Jaehaerys — exclama ela, entregando para ele. Ele olha o pequeno bebê e sorri. Desvio o olhar para a porta novamente.

Rhaenyra entra com outro embrulho pequeno em seus braços. Ela também caminha até o Aegon. Ele agora está com os dois bebês no colo e intercalando o olhar de um para outro.

Presságios e Safiras | helaemond (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora