21. O plano

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HELAENA TARGARYEN

Dreamfyre e Vhagar estão deitadas perto uma da outra. Antes estavam agitadas, rugindo baixinho e arqueando as asas. Nossos sentimentos e reações as afetaram desde que chegamos abaixo da Colina.

Aemond agora está sentado no chão encostado na árvore. Eu sentei entre suas pernas. Minhas costas estão grudadas em seu peito firme. Não quero sair deste lugar nunca mais. A paz é tão boa aqui. Estou perdida em pensamentos quando sinto os braços de Aemond me puxando contra ele. Levanto a cabeça para olhar melhor seu rosto e entender suas expressões. Ele ainda está sem o "tapa olho" posso ver a grossa cicatriz e o fundo negro que ficou sem o olho. Para mim ele continua sendo o homem mais lindo que já conheci. Seu toque aquece meu corpo e minha alma de uma forma que nunca havia sentido antes. Apenas sua presença é suficiente para me manter em paz.

— O que está pensando? — Aemond pergunta agora com seu queixo sob o meu ombro. Inalo seu cheiro maravilhoso de cravo, pimenta e homem.

— Gostaria de poder ficar aqui para sempre — solto o ar preso que estava segurando. Acaricio suas mãos que estão envolta da minha cintura. —, Não quero voltar para o castelo e ter que encarar nossa mãe novamente. E nem pensar em casamento...

Só com o pensamento sobre isso, volto a ficar tensa. Nem mesmo os braços fortes de Aemond são capazes de afastar o frio que traz ao meu corpo.

— Não se preocupe, Hela — diz Aemond, agora subindo a mão pelo meu pescoço até virar meu rosto para o seu. — Pensaremos em uma forma de fugir ou até mesmo podemos fazer um casamento valiriano.

Seu rosto está mais aliviado do que antes. Aemond estava tenso, estressado e se sentindo culpado pelo resultado de suas ações. A verdade é que não temos culpa sobre as armações de nossa família. Talvez se falássemos com papai...

Ouvir sua declaração sobre seus sentimentos me fez perceber que eu tive tudo o que eu sempre quis e não poderia querer mais nada. Eu o amo tanto. Nossa relação sempre foi diferente das outras. Eu amo Daeron, mas ele é mais como um filho pela noite, seu dia é mais agitado que o meu com aulas e treinamentos. Ele será escudeiro em Vilavelha, em breve. Rhaenyra é minha única irmã, mas é mais velha que eu, e não convivemos por muito tempo o que é compreensível, por ter se casado quando eu era criança. E sobre Aegon... não quero pensar sobre ele agora.

A verdade é que eu estaria perdida e solitária sem o Aemond em minha vida. Ele é meu Porto Seguro. Me aconchego mais em seu corpo quente e forte.

— Eu quero ficar com você, Aemond — aproximo meu rosto do seu — Eu te amo. — ele me beija. E novamente sinto um fogo escaldante em diversos lugares em meu corpo. Seus lábios e sua língua me devoram, correspondo com o mesmo entusiasmo. Poderia passar o tempo todo assim, em seus braços e a minha boca colada com a sua.

Passamos mais um tempo juntos, enquanto o fim da tarde vai se aproximando. Aemond é o primeiro a ir embora para evitar cochichos, o vejo indo embora com a Vhagar e sentindo a falta de sua companhia nos minutos que fico em nosso lugar seguro. Coloco as mãos nos lábios e os sinto inchados pelos beijos. Sinto as minhas bochechas ardendo de vergonha, entretanto, estou sorrindo plenamente pela primeira vez.

Faz dois dias que se encontramos em meu quarto antes de dormir, desde que voltamos da Colina. Sussurramos sobre como fugirmos, prometemos ficar juntos apesar de todas as adversidades e selamos nosso amor com beijos de tirar o folego. Essa noite mamãe e Aegon retornaram, eu e Aemond decidimos ficar um tempo juntos antes da janta. Estou esperando ele chegar através da passagem secreta.

Ouço uma batida na porta e levo um susto. Não pode ser Aemond, e se ele chegar agora e quem estiver atrás da porta ver ele no meu quarto?

— O príncipe Aegon gostaria de falar com a princesa — diz o guarda atrás da porta. Fico nervosa e saio correndo para fechar a passagem secreta para o Aemond não entrar e sermos descobertos pelo nosso irmão mais velho.

Ajeito meu vestido e caminho para destrancar a porta. Encontro um Aegon com o cabelo mais curto, ostentando o mesmo bigode de papai e um impecável gibão branco com botões dourados. Ele me encara pela primeira vez desde aquele dia no quarto de mamãe. Dou um passo para trás para que possa entrar e fecho a porta. Ele parece nervoso, não mais que eu por medo de quase ter sido pega. É a primeira vez que ele entra no meu quarto e observa tudo ao seu redor.

— Naquele dia eu não consegui falar com você. Gostaria de dar uma explicação — diz ele. Olho para seu rosto e noto que está meio estranho, eu nunca consigo compreender inteiramente Aegon, ao mesmo tempo em que ele parece perdido, ele está sorrindo ou com olhar malicioso. Hoje ele está parecendo desconfortável e ansioso. —, Eu não sabia que mamãe iria planejar o casamento. Sim, diversas vezes foi mencionado o casamento entre nós dois... — ele passa a mão pelo cabelo arrepiando as laterais cortadas.

Eu caminho até uma cadeira perto da minha cama e sento. Aegon olha para trás dele e senta na minha cama, sem pedir autorização. Mas não digo nada, fico fitando suas expressões.

— Não tenho interesse em me casar, contudo, não me importaria que fosse com você — ele me olha de canto de olho. — Portanto, estou disposto a fazer esse casamento funcionar. Não tenho intenção de atrapalhar sua vida e seja ela o que mais você faça para se distrair. Cumprirei com meu dever. Começamos a nos dar bem, não?

Aegon não entendeu ainda que não é uma questão apenas dele. Eu não quero me casar com ele. Eu não tenho a intenção de fazer esse casamento funcionar, porque ele não irá acontecer. Mexo as mãos desconfortavelmente sobre minhas pernas.

— Aegon, escute-me.... — não consigo dizer que não quero me casar e que não irá acontecer, pois uma batida soa de algum lugar. Eu sei onde foi. Passagem secreta. Aemond. Aegon olha para todos os lados em busca da origem do barulho. — Deve ter sido o guarda batendo na porta — digo tentando distraí-lo. Seu olhar confuso encontra o meu ansioso.

— Mamãe está agora com nosso avô conversando com o rei sobre nosso casamento — perco totalmente o raciocínio do que iria falar antes da batida e agora estou completamente assustada. Aegon se levanta, enquanto eu fico parada com os olhos arregalados. Devo estar branca como um jasmim, pois ele toca meu ombro. —, Gostaria que soubesse que as minhas idas ao jardim e o passeio com os dragões não foi algum tipo de esquema meu junto de nossa família, eu realmente quis fazer isso.

Nem percebo que o Aegon saiu do quarto. Apenas escuto a porta fechando. O que ele quis dizer que realmente quis fazer isso?. Mamãe disse que me chamaria para falar com papai junto com Aegon para anunciar o casamento. O primeiro plano que eu e Aemond tínhamos era justamente eu dizer não para o casamento na frente de todos e esperar papai me apoiar. Eles sempre estão na frente.

Aemond.

Levanto correndo e vou até a passagem secreta, mas não o encontro. E agora, que iremos fazer?

NOTAS FINAIS

O Aegon II Targaryen do livro tem um bigode, realmente. E eu acredito que o Aaron Johnson caraterizado como Conde Vronsky se encaixou perfeitamente para minha história.

Estou ansiosa para saber o que vocês que me acompanham aqui estão achando sobre o destino dos meus personagens. As aparências podem enganar, mas nem todas as pessoas são inteiramente cruéis ou boas.

Os mais detalhistas talvez tenham percebido algumas camadas que tentei colocar na minha fic. O ponto de vista dos meus protagonistas divergem diversas vezes. Por mais que algumas outras situações eles concordem plenamente.

Esse capítulo foi mais curto, mas prometo postar outro ainda hoje (13/10).

Presságios e Safiras | helaemond (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora