70. Todas as flores

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HELAENA TARGARYEN

Dois anos depois...

Faz pouco mais de um mês que recebi uma carta de Westeros. Rhaenyra contou que a minha mãe faleceu no início da primavera.

Chorei naquele dia por uma vida perdida de uma forma tão drástica. Minha mãe preferiu se afundar na própria amargura e ressentimento desde a morte do Aegon. Ela definhou por todo esse tempo até morrer mesmo ainda sendo jovem.

Aemond não demonstrou nenhuma reação sobre a notícia de pesar, mas me confortou, e eu senti que de alguma forma ele também foi reconfortado em nosso abraço. Última vez que eu vi nossa mãe foi no dia do meu casamento com o Aemond. Ela não falou nenhuma palavra comigo, preferindo ignorar a minha presença em seus aposentos em que ela estava presa desde o seu julgamento.

Seu quarto estava repleto de símbolos religiosos da Fé dos Setes e a sua fisionomia era de uma pessoa fanática e perturbada. Lamentei por esse fim, por mais que a Alicent não fosse a mãe ideal, ainda era minha mãe.

Rhaenyra conseguiu estabilizar os Sete Reinos, mas uma ameaça vinda das grandes potências essossis vem tirando seu sossego. Minha irmã escreve todos os meses contando as novidades em Westeros.

Rhaena está grávida do Luke, ele se tornou o herdeiro do lorde Corlys Velaryon assumindo boa parte das negociações comercias do avô. As crianças da minha irmã sentem falta dos primos. Jovem Aegon ainda pergunta pela Jaehaera, e ela sempre me questiona se a tia Nyra disse algo sobre o Aegon nas cartas que chegam.

Jace e Baela ainda não tiveram um herdeiro, porém eles têm uma grande amizade. Já o Joffrey escolheu ser um guarda real e protetor da sua mãe. O Viserys é uma criança robusta e inteligente que prefere seus livros que espadas. A minha sobrinha que ainda não conhecei, dizem ser igual a Rhaenyra. A pequena Visenya é esperta e muito mimada pela mãe.

Estou terminando de escrever uma carta para a minha irmã quando escuto um rugido de dragão e uma risada gostosa. Encontro meu pequeno Maelor correndo atrás dos irmãos e caindo no chão, mas amparado por Tyvaros.

Jaeh e Rys correm pela grama gritando quando Maelor tenta alcançá-los. Sorrindo para a cena na minha frente, percebo uma sombra atrás de mim. Viro a cabeça encontrando meu marido com as mãos nos quadris com o olhar focado nas crianças.

Aemond é um pai maravilhoso para as crianças e um marido atencioso, nada mudou desde que nos casamos. Ele parece menos tenso e sua expressão carrancuda lentamente foi sumindo, é possível encontrá-lo sorrindo espontaneamente. Sou grata aos deuses por permitir que o amor genuíno entrasse no coração de Amond e, que a força desse sentimento tenha afastado as sombras que tanto o afastavam de mim e de tudo de bom que o cercava. No entanto, Aemond é uma pessoa que gosta da solidão e em algumas madrugadas acordo sentindo a sua falta, mas ele está sentado perto da sacada olhando para as estrelas e o horizonte perdido em seus próprios pensamentos.

Todas as noites ele me demonstra com beijos e palavras o seu amor, mas são os gestos em plena luz do dia que fazem eu amá-lo a cada dia que passamos juntos. Seu coração é gentil e doce, por mais que a sua língua ferina tente demonstrar o contrário.

Bebo a visão do seu corpo ao meu lado agora. Sua camisa de algodão está aberta no peito e solta sobre a sua calça escura e justa em suas coxas poderosas. Mordo o lábio quando percebo seus olhos tão diferentes, mas tão intensos em mim. Seu olho normal pisca em malícia, e poderia jurar que ele consegue também me ver através do seu olho de safira.

Presságios e Safiras | helaemond (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora