48. Febre do Outono

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HELAENA TARGARYEN

Esse ano não haverá comemoração do dia do seu nome para meu pai ou para os gêmeos que completaram dois anos. A Febre do Outono derrubou não apenas o rei de Westeros, mas também todos do Norte ao Sul. O príncipe de Dorne, pai de Ernes Martell pereceu assim como o jovem Beres Baratheon. A morte não escolhe idade, família ou gênero, ela chegava para todos, levando crianças, adultos e velhos.

Em Pedra do Dragão, Rhaenyra estava aflita pelo seu jovem Aegon estar doente e com a febre alta. Em Porto Real o nosso pai estava acamado, assim como o Jaehaerys e alguns empregados.

Estou um pouco aliviada apenas por Jaehaera não ter ficado doente e estar separada do seu gêmeo, e ela sofre por isso, ela nunca havia ficado longe do irmão. Papai está melhorando, mas meu filho não.

Olho para o berço vendo meu filho dormindo todo vermelho e suado. Trouxemos Shrykos para o quarto dos gêmeos. A dragão-fêmea de cor azul-violeta com as escamas negras nas pontas dorme todos os dias no berço. Seus olhos dourados como piscinas derretidas em vermelho segue com o olhar nossos passos pelo quarto. Acredito que se não fosse por ela, meu filho teria morrido. A conexão entre eles até mesmo jovens é forte, mas não o bastante para curá-lo.

Sento no sofá tremendo de tanto chorar. Eu não fiz nada de ruim para ninguém, obedeci todos e recusei tantas outras coisas para merecer esse castigo. Eu rezei para os Sete, implorei para qualquer Deus curar meu filho. Ofereci a minha vida em troca em todas as minhas orações.

— Você precisa comer algo, Helaena — ergo o olhar vendo Aemond encostado no vão da porta. Seu rosto está abatido e cansado — Não vai conseguir ficar forte para o Rys se ficar também doente.

Ignoro o que ele disse. Não consigo comer, beber e nem sair desse quarto. Faz uma duas semanas que essa situação piora e melhora. Papai está doente faz três semanas e agora começou a melhorar. Os Meistres disseram se aqueles que tiveram expostos por uma semana com um doente e não ficou, não ficará mais. Como pode várias pessoas dessa corte que são ruins estarem bem e meu filho não?

Febre do Outono surgiu fazia dois meses e somente agora havia chegado até a Fortaleza Vermelha. Um dos empregados faleceu. Ele era um homem gentil e bom que havia se casado com uma das minhas aias. Ela quis ficar comigo para ajudar com o Rys, mas ela merecia passar pelo luto e perda do marido. Eu também queria ficar sozinha.

Estou preocupada com todas as pessoas que conheço, papai, o jovem Aegon e principalmente com meu filho.

Aemond entra no quarto e serve de uma taça de vinho doce e senta perto de mim cortando uma fatia de bolo e me entrega. Olho para o prato na minha frente e viro a cara.

Eu o amo por estar do meu lado, mas não quero conversar com ninguém e nem mesmo comer. Quero ficar do lado do meu filho. Levanto novamente pela milésima vez ao dia e vou até o seu berço. Pego uma toalhinha e molho na bacia, e passo na testa de Jaehaerys. Seus cabelos estão compridos até os ombros como os de Aemond. Sorrio lembrando dele não querendo cortar o cabelo porque queria ter que nem o Tio Amon. Meus olhos se enchem de lágrimas e minhas mãos começam a tremer.

Aemond agora está atrás de mim segurando meu braço. Ele tira a toalha da minha mão com delicadeza e ele mesmo começa a passar o pano no corpo do Rys para baixar sua temperatura. Shrykos está com a cabeça sobre o ombro dele com os olhos fechados.

Minha mãe tentou fazer eu tomar banho, comer ou sair do quarto, mas não consigo e acabei expulsando ela daqui, mas ela está cuidando de uma Jaeh muito chorosa e rebelde. Ela sente falta do irmão. O pai dele... só pensar sobre ele minha dor se transforma em raiva.

Presságios e Safiras | helaemond (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora