35. O exilado

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AEMOND TARGARYEN

Um ano e uma semana depois do exílio...

Consigo ver daqui o continente no qual nasci... Westeros é um continente localizado na parte ocidental separado pelo Mar Estreio de Essos. Vhagar gostou de estar em outro lugar, talvez... Westeros seja cheio de lembranças dolorosas para ela também. Agora suas asas afundam na água enquanto ela se inclina para o céu. Seu couro roxo brilha intensamente com as luzes solares. Respiro fundo apreciando a liberdade de estar voando. Volto para casa sozinho e com a experiência de dias bem vividos.

Eu e a Alys Rivers se tornamos bons amigos, apesar de ter sido uma amante calorosa. Ela partiu de Essos faz três semanas e não tínhamos mais qualquer relação sexual por mais de dois meses. Foi um consolo ter a companhia de alguém livre e despreocupada, deve ser por sua condição de nascimento que a fez tão independente. Fiz amigos durante minhas passagens pelas Cidades Livres: uma cultura livre do peso de títulos e obrigações de um nome.

Lutei em arenas pelo primeiro meses de exílio, mas perigo não é tão excitante quanto parecia. Estava muito frustrado e preso na corte da nossa família. Em Essos, não precisava tolerar minha mãe, vovô e toda a família, com exceção de Helaena. Aprendi que exercitar a mente pode ser tão interessante quanto exercitar o corpo. Comecei a ler diversos livros e me aventurar através deles também.

Recebi o decreto do meu pai autorizando meu retorno para Westeros para comemorar o dia do seu nome. Essas semanas trazem dolorosas lembranças de perda e traição. Não senti vontade alguma de retornar durante essas comemorações. Eu apenas enviava uma carta por mês para Porto Real informando estar bem. Minha mãe mandou tantas cartas que foram direito para o fogo sem terem sido lidas, e nenhuma de Helaena. Eu jamais esqueci do seu rosto corado quando estávamos próximos, do seu cheiro e gosto, mas o que eu mais senti falta foi da minha melhor amiga.

Estou avistando daqui a Fortaleza Vermelha... estou voltando para casa e para a mulher dos meus sonhos.

Mamãe está me sufocando com um abraço que nunca havia me dado antes. Sinto-me desconfortável e estanho.

Filho, seu cabelo cresceu! Você está tão grande e forte — diz ela, me soltando agora e olhando para mim.

Eu dou um sorriso de canto.

— Aemond! Espero que esse tempo longe da sua família tenha sido bom para você — fala meu pai entrando na sala do Trono de Ferro. Olho para ele.

Papai está parecendo mais cansado do que nunca, embora seus cabelos estejam ainda curtos e suas famosas bochechas vermelhas destacadas. Já mamãe ainda continua com aparência jovem e orgulhosa. E eu por outro lado mudei bastante e não só por fora.

— Esse tempo longe foi bom, pai — aceno com a cabeça e olhando ao redor da sala encontrando apenas os guardas reais.

Nenhum sinal dos meus irmãos e nem dela.

— Vou me retirar para meu quarto — não estou muito a vontade para conversar. Eles devem saber sobre minhas atividades nos primeiros meses em Essos. Me despeço deles e vou até meu quarto.

O castelo continua a mesma coisa, nada mudou. As bandeiras da nossa casa ainda destacam a imponência de um poder antigo de Valiria. Estou virando o corredor quando encontro Rhaenyra saindo dos seus antigos aposentos segurando a mão do seu filho, Aegon. Eu não queria saber mais nada sobre Westeros desde que ouvi as conversas dos mercadores sobre a Helaena e Aegon, mas soube que a princesa dragão estava grávida. Noto a barriga saliente da minha meia-irmã, só que pensei que estaria bem maior pelo tempo que havia escutado.

Aceno para ela e sigo até meu quarto. Não temos relação alguma além dos cumprimentos quando se encontramos. Abro a porta do meu quarto e encontro tudo como deixei da última vez que estive aqui. Um ano atrás estava sentado na mesma cadeira que ainda está no mesmo lugar preparado para pegar Vhagar e queimar todos dentro desse castelo. Eu havia sido dispensado, traído e exilado. Franzo a testa tentando apagar essas lembranças ruins. Preciso me recordar todos os dias de ser alguém melhor ou pelo menos tentar, mas às vezes as sombras gostam de me cercar.

Pelo jeito foi informado que eu gostaria de me lavar. Encontro a banheira cheia. Fecho a porta do quarto e solto minha mala na cama. Não trouxe quase nada de Essos da mesma forma quando saí deste castelo. Tiro minhas roupas e mergulho na agua escaldante – do jeito que gosto. Fecho os olhos pensando como vou lidar quando encontrar meus irmãos e Helaena. Daeron deve estar em Vilavelha... já Aegon. Sinto meu corpo esquentando de ódio.

Abro os olhos e tento pensar em outras coisas. Eu preciso me controlar, repito internamente para mim mesmo. Meus pensamentos vão para Helaena. Sorrio pensando quando ela me ver. Meu cabelo está crescendo e ela ama ele longo.

Agora já vestido ajusto meu tapa olho antes de sair do quarto. Saio pela porta e encontro um guarda. Esse é novo. Dou de ombros e sigo descendo as longas escadas para a ala do Jardim de Helaena. Agora é o fim da manhã. Ela deve estar ainda lá.

Saio pela porta e observo que seu Jardim tem mais flores que antes e pelo jeito ela expandiu boa parte dele. Encontro ela de costas para mim agachada entre os arbustos. Ela está com um vestido claro com detalhes florais. Seu longo cabelo está trançado para trás. Ela parece bem mais voluptuosa que antes. Perfeita. Vou me aproximando dela devagar.

Helaena se levanta com uma muda de planta na mão e vira de lado para por numa cesta que está apoiada no banco de mármore. Nada havia me preparado para o que encontro na minha frente. Paro na mesma hora espantado por não ter pensado nessa possibilidade antes.

A notícia que eu entreouvi está mais clara do que nunca, não era sobre a Rhaenyra. A princesa dragão grávida é a minha Helaena.

Presságios e Safiras | helaemond (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora