17. O irmão mais velho

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HELAENA TARGARYEN

Desde o dia que eu e Aemond discutimos no pátio, não voltamos a nos falar, e isso já faz semanas. Quando descobri que ele havia interferido sobre o casamento com o Ernes Martell. Primeiramente fiquei com medo por ele sofrer alguma punição, depois magoada por ele não ter falado comigo e também com raiva de ele ter achado que eu precisava de proteção por ser sua irmã. Sim, sou a sua irmã, mas meus sentimentos não são de uma faz tempo.

Todas às vezes que olho para Aemond, meu coração bate mais rápido. Meu sangue arde em lugares que não sabia ser possível. Sinto um arrepio quando ele me toca. Seu olhar me deixa nervosa.

Estou ajoelhada no chão terminando de plantar um lírio-azul no meu jardim e repassando a nossa discussão quando ouço um pigarreio atrás de mim. Levanto o olhar e encontro o Aegon novamente. Desde aquela manhã que o encontrei aqui, ele sempre aparece em algum momento, às vezes antes de mim ou no meio da manhã ou no fim dela.

— Helaena, vim lhe perguntar se gostaria de voar comigo depois do almoço — pergunta Aegon.

Nos primeiros dias sua presença foi estranha. Nos outros dias foi se tornando algo "normal". Ele ficava em silêncio contemplando o jardim e às vezes pedia informações sobre as flores e ervas. Eu estranhei muito a sua procura por isso, mas até o momento nada aconteceu além de conversas rotineiras. Essa é a primeira vez que ele me convidava para um passeio, soa inusitado para mim, mas aceno com a cabeça. Aegon é meu irmão, porquê não iria? E faz tempo que não voou com Dreamfyre.

— Claro, podemos se encontrar duas horas após o almoço no Fosso dos Dragões — respondo, virando novamente para terminar meu trabalho.

Após o almoço e ter tirado um cochilo, termino de me vestir depois de um bom banho. Saio do meu quarto diretamente para o Fosso dos Dragões. Esse lugar é terrível, a ideia de ter dragões presos em correntes é abominável. Mas dizem que é o ideal. Eu não permito que Dreamfyre seja acorrentada. Ela deve ser livre, mesmo que esse seja seu lugar de descanso.

Estou chegando no pátio e já encontro  Aegon montado em Sunfyre. Ele abre um sorriso para mim, e eu respondo com outro.

Dreamfyre está saindo do Fosso dos Dragões e não parece que foi trazida até aqui em cima. Possivelmente sentiu meu cheiro ou a nossa ligação a trouxe até aqui para mim. Dream para do meu lado e abaixa a cabeça contra a minha mão para ganhar carinho.

— gevie ñuhon! — acaricio sua pele quente e forte. (Minha linda, em valiriano).

Começo a subir pela sua asa e sento na sela, amarro as cordas nas pernas e cintura. Olho para o lado e Sunfyre está pegando impulso para se lançar ao ar. Dreamfyre segue logo atrás.

Estamos saindo de Porto Real. Sunfyre é um dragão brincalhão, assim como seu cavaleiro durante o ar. Eles voam muito acima, depois descem rapidamente passando por cima de nós. Dreamfyre não gosta muito. Minha doce resmungona. Passo a mão no seu longo pescoço. Não sei o lugar para onde estamos indo, mas parece ser montanhoso.

Aegon está agora na nossa frente liderando o caminho. Vejo Sunfyre em um momento se inclinando para baixo e eu faço o mesmo. Aegon está descendo até o chão junto com o dragão. Dreamfyre também vai parando ao lado de Sunfyre. Enquanto isso, vou descendo e absorvendo tudo ao meu redor.

Estamos em cima de uma montanha, mas o topo é plano e verde com uma longa ponta. Consigo ver daqui a muito distante Porto Real.

— Que lugar é esse? — pergunto para Aegon que está tirando as luvas e caminhando para na frente. Ele faz sinal para que eu siga ele.

Vou andando atrás dele até se aproximarmos da ponta da montanha.

— Eu encontrei esse lugar anos atrás, enquanto explorava com Sunfyre. Queria ficar um pouco sozinho. Acho que foi o próprio que encontrou para mim quando precisei — diz ele, olhando para o horizonte sem falar porque precisava de um lugar assim.

Deixo de olhar para ele, e observo tudo; o céu que está limpo sem nuvens, sinto o vento que está ótimo e olho para baixo notando a altura que estamos do verdadeiro solo.

Olho novamente para Aegon que está me observando. Ele até que é bom quando não está bêbado e cercado de seus bajuladores. Seus olhos parecem menos nublados. Percebo agora que ele é um homem, não mais um menino.

Não reparava muito nas mudanças corporais do Aegon, apenas na quantidade de cálice de bebida que ele levava aos lábios. Sua expressão parece mais aberta do que dadas as suas caretas anteriores. Ele é realmente bonito.

Dos três irmãos: o Daeron era o mais lindo com as maçãs do rosto marcadas, mesmo sendo uma criança é possível ver sua beleza. Aemond tem o rosto comprido e olhos marcantes, agora apenas um, sua boca é carnuda e seu nariz reto. Aegon tem o rosto mais redondo parecido com o meu, sua boca é menor que a de Aemond e seus olhos são iguais ao dele. O cabelo platinado de Aegon está na altura do queixo com cachos suaves e ele ostenta um bigode como de papai.

— É um lugar bonito realmente! — comento sem saber o quê dizer.

— Você é a primeira pessoa que eu trago aqui — diz ele, enquanto me observa lentamente de cima a baixo.

Mexo as mãos nervosamente e coloco atrás das costas. Puxando um sorriso de canto, o encaro.

— Hmm... Sim. Obrigada por isso. Acho melhor voltarmos. Mamãe não sabe que estamos por aí — comento já começando me afastar e indo até Dreamfyre. Ela está sentada e com a cabeça ereta para mim, suas asas estão para trás em defensiva. Chego nela e acaricio seu focinho para deixá-la tranquila.

Aegon está vindo atrás de mim, enquanto Sunfyre caminha ao seu encontro.

— Vamos apostar uma corrida até Porto Real, Helaena — diz ele sorrindo e com os olhos brilhando.

Eu nunca fiz isso, mas vou tentar. Estamos se preparando para voar e espero Aegon montar no Sunfyre. Ele sussurra algo para seu dragão e se põe ao ar, eu e Dreamfyre vamos logo atrás se preparando para voar até Porto Real.

NOTAS FINAIS

Talvez o Aegon não seja tão idiota assim quanto o Aemond pensava....
O valiriano usado é o que encontro no dicionário que eu baixei.

Presságios e Safiras | helaemond (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora