20. Primeiro beijo

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AEMOND TARGARYEN

No desjejum de hoje apenas havia: papai e Daeron na mesa. Não fazia ideia por onde andava meus irmãos, mãe e avô. Estranhei a ausência deles, mas não comentei com ninguém. Estou treinando há horas. Sor Criston Cole começou a desenvolver uma técnica de treino com as pernas. Eu luto com meu adversário usando apenas uma. Ele diz que é importante para o equilíbrio, caso eu perca um membro. Mórbido.

Quando estou iniciando uma nova série de golpes, ouço um rugido de dragão. Olho para cima e vejo Dreamfyre voando. Estranho. Deve ser Helaena com ela, para onde ela está indo?
Algumas horas atrás o grande portão da estrada do rei se abriu para saída de mamãe, e logo em seguida foi possível escutar o Aegon com Sunfyre saindo também de Porto Real.

Um guarda chega ao pátio com um bilhete em mãos para mim. Abro e leio o recado de Helaena pedindo para encontrá-la na Colina que é o nosso lugar. Algo aconteceu. Informo para Sor Cole que não irei mais treinar por hoje, nem espero sua reação antes de sair do pátio diretamente para o meu quarto.

Entro rapidamente no meu aposento tirando a camisa e uso água para tirar o suor do treinamento. Procuro uma nova roupa para me vestir e saio apressadamente.

Encontro pelo caminho o Daeron. Ele me para e pergunta: — Ei, Aemond. Você viu a Helaena? Ela disse que iria me contar uma história sobre Valiria agora.

Daeron está crescendo rapidamente. Deve ser solitário ser a única criança nesse castelo.

— Não sei onde ela está. Talvez mais tarde ela apareça — saio do corredor deixando-o parado para trás.

Vhagar não fica no Fosso dos Dragões. Ela odeia aquele lugar. Ela reivindicou uma parte do campo aberto perto da descida da Colina. É uma dragão soberba demais e magnífica. Encontro ela deitada na grama, ela sente que estou perto e levanta a enorme cabeça.

Faço um carinho em seu focinho e vou passando a mão por seu couro quente até começar a subir em cima dela. Prendo apenas as cordas na cintura e grito: — sōvēs, Vhagar! (voe, Vhagar em valiriano).

Levamos poucos minutos para chegarmos até abaixo da Colina. Enxergo apenas um ponto pequeno como uma formiga e outro bem maior, Dreamfyre, bem abaixo de mim. Vhagar estende suas asas compridas e o barulho do couro contra o vento me acalma. Algo aconteceu e posso sentir isso mesmo metros de altura.

Vhagar se inclina diretamente para o chão. A descida faz os pássaros perto levantar voou e o chão tremer. Desfaço as amarras e desço correndo de cima dela.

Helaena está virada de costas para mim, alguns metros de distância abaixo de uma árvore, fitando o mar distante por trás das pedras cinzentas que estão entre o gramado e o mar. Meu olhar vai para Dreamfyre que parece agitada.

Uma sensação desconfortável rasteja pela minha pele enquanto me aproximo de Hela. Ela está parada parecendo tão frágil. Está usando um vestido branco com detalhes amarelos e seus cabelos estão soltos. Parece que ela está sentindo frio, mas está quente como o inferno hoje.

Viro-a para mim, lentamente. Eu perco o fôlego quando vejo seu rosto; está inchado e vermelho assim como seus olhos que estão menores e molhados. Meu coração aperta. Matarei quem fez isso com ela.

— O que fizeram com você, Hela? — murmuro, e seguro seu queixo inclinando sua cabeça para trás, para que ela possa me ver melhor. —, Por favor, me conte.

Presságios e Safiras | helaemond (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora