Presságios e Safiras | helaemond (CONCLUÍDO)

10. Dezesseis anos

AEMOND TARGARYEN

Nos aniversários de Helaena somente uma vez dei um presente, fora as felicitações. Neste ano também não irei dar nenhum, mas irei surpreender ela tirando-a para dançar.

Levanto cedo para o segundo dia do aniversário de minha irmã. Ontem apenas foi um banquete formal para os recém-chegados dos outros reinos, nem papai participou por estar indisposto. Todos chegaram menos nossa meia-irmã, seus filhos, enteadas e marido. Rhaenyra não veio mais a Porto Real desde o velório do ex-marido. Os motivos todos sabem, mas ela tem uma boa desculpa, está quase parindo.

Para mim não fará falta alguma, mas para Helaena, sim. Elas são até boas amigas, mesmo mamãe não aprovando. Ontem fui visitar Hela em seu quarto, pois fazia três semanas que não ficávamos a sós apreciando a companhia um do outro, nem mesmo a noite. Ela me mostrou todos os presentes que ganhou com um sorriso feliz em seu rosto corado. Ela não gostava das celebrações, no entanto amava presentes, principalmente os mais sentimentais.

Hela me mostrou uma pulseira fina de prata com um pequeno pingente de um dragão que ganhou da Rhaenyra. Disse que combina com seu vestido para o dia de hoje. Ontem ela estava encantadora em seu vestido verde musgo e com os olhos sempre brilhantes e acolhedores. Pensando em seu sorriso tímido para os convidados, termino meu banho. Estou terminando de me vestir quando sem nem perguntar se poderia entrar, Aegon entra às pressas no meu quarto.

— Aemond! Que bom que está acordado — diz ele sem mais delongas. —, Você não vai acreditar o que escutei daqueles fidalgos bajuladores que vieram com os pais para o aniversário de nossa irmã.

Os fidalgos que o Aegon se refere são homens em torno das nossas idades, herdeiros ou outros filhos dos grandes senhores. Aegon senta na minha cama sem autorização enquanto termino de me vestir.

— Não faço ideia do que seja — respondo, terminando de abotoar meu casaco para o dia.

— Aquele filho do príncipe de Dorne está interessado em nossa irmã — diz Aegon com uma risada seca.

Olho para ele. Aegon é três anos mais velho e 10 cm mais baixo do que eu. Sua estrutura é larga assim como de nosso pai, seu corpo é forte e o cabelo encaracolado em volta do pescoço fazendo-o parecer mais jovial. Ele usa uma tiara dourada na cabeça desde que completou 15 anos, conforme segue os costumes da família real. Ele está diferente do que três anos atrás, talvez seja pelo excesso de gargalhadas que marcam as linhas de expressão em seu rosto. Mas a verdade está em seus olhos que mostram as consequências dos anos bebendo e dos problemas que a nossa mãe e avô colocam em seu caminho.

Odiei essa risada, pois ela não é de deboche por acreditar que alguém possa estar interessado em nossa "estúpida irmã" como ele sempre falava. Essa risada eu conheço e significa que ele não gostou de alguém querer algo que ele acha ser seu.

— É mesmo? E qual seria o problema? — pergunto, tentado disfarçar a vontade de arrancar a língua dele fora. Caminho até a cabeceira para pegar uma fita para prender o cabelo.

Por dentro estou ardendo de raiva de ambos idiotas. Seja ele um príncipe de Dorne ou até mesmo meu irmão.

— O problema é que não gostei da forma que ele disse isso. Parecia... Deixa-me pensar — diz Aegon, tamborilando os dedos cheio de anéis na cama. —, Ah! parecia que ele queria levar ela para aquela terra quente como o inferno — ele finaliza o pensamento.

— Veremos — respondo, sem olhar para ele, pouco me importando o que o Aegon vai pensar da resposta.

Termino de arrumar meu cabelo e ambos saímos para mais um dia de celebração.

☆

No meio do caminho encontramos alguns jovens senhores que também estão indo para o grande salão de festa. Ao meu lado está Aegon rindo sobre alguma idiotice que o Beres Baratheon falou. E da direita para esquerda está o: Rost Tully, sobrinho e herdeiro do lorde da Casa Tully; seu cabelo é ruivo e o rosto cheio se sardas, seus olhos são azuis. Ao seu lado está o mesmo cavalheiro que dançou com Hela dois anos atrás, ele deve ter 20 anos e é o herdeiro da Casa Stark, lorde Rickon Stark, com seus olhos cinza e rosto comprido.

E no fim está Ernes Martell (o dito príncipe), ele é um homem alto e magro, com cachos negros como penas de corvos caindo sobre sua testa e os olhos são escuros também, sua pele é mais escura do que de todos nós.

Todos são homens solteiros e legíveis para casamento. E vieram aqui para o aniversário da única princesa com idade suficiente para casamento. Seria uma longa semana.